quinta-feira, 13 de outubro de 2016

[Resenha] Lobo por lobo

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Autora: Ryan Graudin
Páginas: 360
Editora: Seguinte
Série: Lobo por lobo, 1
O Eixo ganhou a Segunda Guerra Mundial, e a Alemanha e o Japão estão no comando. Para comemorar a Grande Vitória, todo ano eles organizam o Tour do Eixo: uma corrida de motocicletas através das antigas Europa e Ásia. O vencedor, além de fama e dinheiro, ganha um encontro com o recluso Adolf Hitler durante o Baile da Vitória. Yael é uma adolescente que fugiu de um campo de concentração, e os cinco lobos tatuados em seu braço são um lembrete das pessoas queridas que perdeu. Agora ela faz parte da resistência e tem uma missão: ganhar a corrida e matar Hitler. Mas será que Yael terá o sangue frio necessário para permanecer fiel à missão?


Fiquei fã da escrita da autora depois de ter lido seu primeiro livro A Cidade Murada, narrativa ágil que mescla fatos reais e ficcionais sobre jovens em uma cidade sem lei na China. E agora a Ryan Graudin usando da sua curiosidade nata como escritora, resolveu explorar o "E se?" para a possibilidade terrível caso as Potências do Eixo (Alemanha e Japão) tivessem vencido a Segunda Grande Guerra.

Um mapa dividido em territórios vermelhos e cinza, onde a aliança entre o Terceiro Reich (Alemanha) e a Esfera de Coprosperidade da Grande Ásia Oriental (Japão) mantêm a tradicional corrida do Tour do Eixo, que nascera de um treinamento para jovens entrarem na tropa de motociclistas Kradschützen, onde após o Eixo vencer a Segunda Guerra, criaram a competição vindo da ideia do cabeça da propaganda dos nacional-socialistas, Joseph Goebbels, para televisionar tudo como forma de exaltar as conquistas territoriais dos dois impérios. Uma jornada que liga Germânia até Tóquio, capital a capital, forma de promover a aliança e entregar para o vencedor a Cruz de Ferro, uma honraria perseguida por jovens da Juventude Hitlerista e da Grande Associação de Sinceridade Japonesa.

Nessa disputa, a jovem Yael, membro da resistência, treinada para vencer seus medos e libertar o mundo da escuridão, irá se infiltrar para completar sua missão de matar Hitler. Mas seu treinamento não a prepara para o que pode ser mais imprevisível: ter sentimentos por pessoas que ela não conhece, perceber várias faces e nuances na mesma pessoa, criar vínculos quando tudo o que ela mais precisa é agir a sangue frio. Se passar por uma das competidoras, que já venceu uma vez o Tour do Eixo e ter a oportunidade única, no Baile dos Vencedores, de dançar com Adolf Hitler mais uma vez, em busca da Cruz Dupla, poderá ser a única chance dela de fazer a resistência emergir, quando espera-se que essa seja a última dança do Führer. 

Yael é uma sobrevivente de um experimento dos nazistas, uma técnica que eles encontraram de "purificar" a raça, mas de alguma forma, Yael se transformou em algo diferente, que ela tentou esconder por bastante tempo. 

Em Lobo por Lobo, Ryan Graudin conseguiu mais uma vez e com muita categoria, combinar elementos históricos, com possibilidades e um elemento fantástico para dar vazão a uma narrativa repleta de luta, dores, horror, esperança e identidade. 

Toda sua pesquisa foi unificada com uma ficção verossímil, em um enredo inteligente, e uma narrativa que mescla devaneios da escuridão da Yael com a realidade prestes a explodir na sua cara. 

Foi uma leitura que me aventurei em oito dias, não li de forma rápida, pois aqui a narrativa difere de A Cidade Murada, onde considerei um pouco mais lenta, talvez pelos sentimentos e dores de Yael, e termos em alemão que aparecem, fatos do contexto histórico, mas de alguma forma - talvez por minha atenção estar meio desfocada na semana que li - não fluiu rapidamente. Mas, isso não é demérito, pois conforme você acompanha os passos da Yael percebe como tudo está se encaixando de forma perfeita, e quando cheguei ao final, levando em consideração que o livro faz parte de uma duologia, logo li sabendo que não poderiam entregar tudo, mas sim deixar aquela famosa reviravolta, que deu uma perspectiva para o que está por vir.

Só gostaria de ressaltar que conforme os termos em alemão aparecem (Fraülein - Jovem, Scheisse - merda, Arschloch - imbecil, Verdammt - condenado, etc), deveriam ter colocado notas no rodapé, pois no começo até eu me habituar, fiquei levemente perdida, mas caso não fosse minha preguiça, eu teria consultado logo na internet, mas eu não queria perder o ritmo da leitura. Dá pra entender os termos conforme o contexto, mas que não seria nada mal se eles aparecessem logo ali abaixo do texto, não seria.

Enfim, aconselho você a se jogar se você gosta desse tipo de leitura, onde resolvi não revelar tantos detalhes nem sobre os personagens - que são bem incríveis e marcantes - nem pela viagem que a Yael faz em cima de uma motocicleta - arriscando sua vida em nome do que acredita - pois uma aventura assim, marcada de imprevistos, merece ser explorada sem grandes relevações, onde uma personagem carregada de buscas e aflições, com sua capacidade em se metamorfosear, mostra que as diferenças são detalhes que não devem nos separar; quando o que realmente importa é como você encara seus medos, não se esquece deles e continua seguindo em frente.


12 comentários:

  1. Oi Dandra, gostei muito da sua resenha, bem fundamentada e foi uma boa observação a falta de tradução dos termos, eu detesto quando isso acontece. Não sou muito fã do estilo, posso dizer que já li muito livro nesse estilo e por isso hoje passo meio longe, mas acredito que vai agradar a maioria do publico. A capa é belíssima.

    beijos

    Dana
    www.feedyourhead.com.br

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  2. Olá!
    O livro tem uma coisa que eu gosto muito, mistura ficção, fatos históricos e fantasia. Essa mescla, se bem feita, tem tudo para render uma ótima história e parece que é exatamente o que aconteceu.
    Fiquei bastante curiosa para conhecer Yael e tudo o que ela irá enfrentar.
    Ótima resenha. Gostei muito dos pontos que você ressaltou.
    Beijos.

    Li
    Literalizando Sonhos

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  3. Oi, Gostei muito da premissa do livro e estou curiosa para acompanhar a jornada de Yael tanto com relação a sua missão, como com seus sentimentos. Acho que quando vi o livro a primeira vez não prestei muita atenção ao que se referia pois tenho quase certeza que é o tipo de leitura que me agrada, tbm não sabia que era do mesmo autor de Cidade Murada, livro que já li inúmeros elogios. Entendo seu ponto qto as traduções, mas acho que isso não iria me incomodar. Vou colocar na lista

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  4. Oii.. adorei sua resenha. O livro parece ter uma trama bem interessante, mas achei meio complexo tbm, talvez por fugir completamente do que sabemos de história. E concordo com você em relação às palavras em outra língua no texto: eu tbm geralmente não fico procurando o significado durante a leitura para não perder o ritmo, mas as vezes faz falta saber o que exatamente alguma palavra significa. Sou super a favor de notas de rodapé, principalmente nesse caso haha

    livroslapiseafins.blogspot.com.br

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  5. Oi Dandra, tudo bem?
    Não conhecia esse livro, mas o que me chamou a atenção logo de cara foi o título e quando ia lendo sua resenha achei a premissa interessante.
    Acredito que esse livro é para ler mais devagar mesmo, para poder extrair e acompanhar todos os acontecimentos, então vou anotar a dica e ler futuramente, pois agora estou com pilhas e pilhas de livros aqui.
    Uma pena quanto os nomes em alemão e concordo com você que deveria ter nota de rodapé ou até um glossário ajudaria também.
    Beijos!

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  6. Olá Dandra!
    Eu vi o lançamento desse livro, mas apesar de ter uma premissa bem interessante, o gênero não me chama a atenção. Não gosto muito de ler livros de guerra, é bem raro e misturado com elementos ficcionais, é mais difícil ainda. Apesar de ser uma narrativa marcada por imprevistos e com um enredo inteligente, vou passar a dica desta vez.

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  7. Helloo, Dandra! Tudo numa nice?!
    Nossa, que maravilha esse livro. Eu nunca li nada da autora, mas depois que vi alguém comentando sobre esse livro fui procurar tudo dela. Essa obra compila assuntos que eu gosto muito - que é a segunda guerra mundial. Muito legal a autora usar o imaginativo para criar possibilidades do que de diferente poderia ter acontecido. Estou muito curiosa e sua resenha só enalteceu isso - que eu preciso ler.
    Beijin...

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  8. Olá! Fiquei imaginando como seria se o Eixo tivesse sido vencedor da guerra... Imagino que essa narrativa seja repleta de ação e muitas reviravoltas. Adoro histórias onde são revelados os sentimentos dos personagens, como você narra, fúria, dor, angústia... isso traz uma certa realidade à trama, o que com certeza melhora demais o andamento do livro. Achei a capa super interessante! Vou saber mais sobre o livro.

    Beijos!

    Karla Samira
    http://pacoteliterario.blogspot.com.br/

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  9. É um enredo inovador, de verdade, pois pensar em como o mundo seria caso esses dois países tivessem vencido a guerra é muito interessante fiquei curiosa, gostei dos pontos ressaltados na resenha e sério, estou curiosa a respeito da história e dos personagens, acredito que serei surpreendida!

    http://www.daimaginacaoaescrita.com/

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  10. Olá!
    Não sou muito de ler esses livros, mas sempre fico atraída e fascinada com esses histórias, ainda mais quando tem segunda guerra no meio, mesmo não sendo um tema que goste muito.. confuso não? rsrs.. não sei se leria por agora, mas quem sabe mais para frente. ainda mais sendo um livro sensível..

    Beijos!

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  11. Oi Dandra.
    Acho meio que descuido da editora não colocar essas notas de rodapé. Nem sempre a gente ta perto do computador ou com internet no celular pra ficar procurando termos em uma língua tão diferente da nossa.
    Sobre a história: achei muito louca! Essa ideia da autora é muito louca e muito legal, fiquei super curiosa e mesmo que a narrativa seja um pouco mais lenta, quero muito ler!

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  12. Oi Dandra, sua linda, tudo bem?
    Eu lembro de ter ficado bastante impressionada, na verdade, com as resenhas do livro a Cidade Murada, pena que ainda não consegui ler. E esse novo livro da autora acredito que irá mexer comigo de uma forma diferente, pois o tema 2ª Guerra é muito dolorido. Achei incrível a imaginação dela, e sabe, ela se fez uma pergunta que ainda deve ser considerada, não podemos subestimar os países da Asia. Com certeza foi para a lista!!! Adorei sua resenha!!!!
    beijinhos.
    cila.
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

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