[Resenha] A playlist da minha vida

Autora: Leila Sales
Páginas: 312
Editora: Globo livros
Elise Dembowski nunca foi popular na escola. Ninguém conversava com ela na hora do intervalo nem a convidava para sair no fim de semana. Pior. Ninguém jamais se interessou em saber o que tanto a ela escutava em seu iPod: playlists com o melhor da música pop, único território em que Elise se sente confortável e confiante.
Diante de seu desajuste em relação à maioria, a adolescente tenta de tudo – inclusive a mais radical das saídas, felizmente sem sucesso. No auge de seu solitário desespero, o acaso a leva até a porta de uma balada noturna, via de acesso para um mundo completamente novo, cheio de som e diversão, no qual sua veneração por música funciona como senha para inclusão em um inédito círculo de amizades. As festas noturnas do Start – o melhor clube underground do mundo – tornam-se o lugar onde a felicidade, a aceitação social e até o amor são possíveis para Elise. Não demora muito para que um misterioso bullying eletrônico e a habilidade da garota como DJ coloquem em confronto este universo com a dura realidade cotidiana.
A playlist da minha vida é uma vibrante fábula pop que lida com temas recorrentes nas obras contemporâneas para jovens: exclusão, invasão de privacidade, resgate de autoestima e muita trilha sonora. Escrito pela americana Leila Sales, o livro se ambienta em dois cenários: o escolar, com sua dinâmica de poder juvenil baseada em “popularidade”, e o da cena noturna, em que adolescentes ensaiam seus primeiros voos para uma existência adulta.

Eu estava com A playlist da minha vida entre os meus desejados desde que lançou e as resenhas começaram a sair. Consegui então a obra em uma troca do Skoob, mas sabe como é, o livro ficou parado lá na estante juntando poeira. Resolvi desenterrar algumas leituras que eu queria ler faz tempo e que foram ficando, então coloquei o livro na meta de janeiro e... finalmente li! A parte boa de ter demorado tanto para fazer a leitura? Não lembrava de absolutamente mais nada, só sabia que eu queria muito ler e que a obra tinha comentários positivos. Por isso foi uma grata surpresa, e valeu a pena ter prorrogado a leitura.

Elise é praticamente invisível na sua escola, e eu digo praticamente porque de vez em quando ela sofre bullying de alguns colegas. Sua vida é miserável - pelo menos para uma adolescente que só quer ser normal -, e depois de tentar de uma maneira trágica mudar o que todos pensavam dela, e não conseguir, ela só vê uma opção mais fácil e menos dolorosa: mudar suas roupas, e tentar ser alguém mais descolada. Mas, ela descobre que é impossível mudar quem você é, as pessoas não vão se enganar por conta de uma roupa ou corte de cabelo novo. Ela só queria ser mais popular e ter amigos, será que é tão difícil?

Apoiei a cabeça na janela e chorei. Isso parece um sinal de fraqueza? Você faria melhor? Ótimo. Vai nessa. Manda ver. Mas o que você não entende é o seguinte: quando você é detonada sem dó nem piedade, dia após dia, sem descanso, ano após ano, às vezes a única coisa que resta é a capacidade de chorar.

Até certo momento eu fiquei muito deprimida com a situação e vida de Elise, a parte boa é que ela tinha pais que a apoiavam, apesar de serem separados, e todo amor e carinho para se agarrar. Então, acho que poderia ser pior. Senti muita raiva dos colegas que a tratavam mal, mas sei que isso é bem comum, só não entendo porque jovens são tão maldosos, sério, o que eles ganham com isso?

É então que ela acaba descobrindo um clube underground, e lá faz amizades maravilhosas, que a aceitam do jeito que ela é. Ela é feliz lá, principalmente quando participa de DJ da festa e percebe que toda a animação é por causa dela. As pessoas a adoram. Isso significa muito para Elise. Mas não pensem que é só isso, ela se encontra e fica feliz para sempre. Seria até fácil demais. No meio do caminho tem situações que tentam derrubá-la, roubando o pouco de felicidade que ela conquistou.

A playlist da minha vida foi uma leitura que em certo momento me arrancou algumas lágrimas, é uma história sensível e comovente. Ninguém precisa ter sofrido bullying para tentar imaginar como é se sentir solitário, constrangido e insignificante. Eu senti tudo isso que Elise sentiu, como se fosse comigo, e não é algo bom. Eu pensava "se eu estivesse lá ia querer ser amiga dela", só para Elise saber que ela é alguém que merece ter amigos. Mas a obra não tem só momentos dramáticos, tem as partes fofas e divertidas. Tem romance. Tem decepções. É uma trama que abrange bem o mundo adolescente, e que a autora conseguiu desenvolver bem e transformar em algo maravilhoso de ser lido, mesmo com as partes ruins.

A capa combina perfeitamente com o enredo, é simples e bonita. Quero muito ler outras obras da autora, mas pelo que eu pesquisei só tem essa lançada no Brasil por enquanto. Uma pena, pois a escrita da Leila é bastante envolvente, consegue prender o leitor perfeitamente. Recomendo a leitura!