quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

[Resenha] Mundo cão

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Autor: Matheus Peleteiro
Páginas: 168
Editora: Novo Século
Unindo elementos de literatura marginal com sentimentos altruístas, surge Mundo Cão, que narra, em primeira pessoa, a história de Pedro Contino, um jovem que so­fre desde cedo por conta das peripécias da vida, e, por mais que busque o melhor, vê, em sua sombra, o caos. Morador da favela Roda Vida, Pedro poderia ter traçado qualquer caminho, mas a vida escolheu um em especial. Mesmo em meio à ausência de recursos, é apresentado à literatura por um vizinho mais velho, e, por conta dela, cria uma importante consciência social. Guiado por músicas e livros, ele logo percebe como tudo funciona. Indigna-se e, amargamente, percebe que não tem poder para realizar uma mudança no mundo…
O caos já faz parte dele, envolvendo-se com drogas, álcool, e, para completar, com as mais belas e loucas mulheres.


Recebi Mundo cão em parceria com o autor Matheus Peleteiro, e minhas expectativas quanto a leitura estavam bem altas, havia lido diversos comentários positivos sobre a obra, o que só fez minha vontade de conferir a trama aumentar. Todas as expectativas foram atendidas, e foi muito bom fazer a leitura sobre algo real e recorrente. É uma leitura diferente, para quem não está acostumado, pois é bem direta para passar sua mensagem, dando um choque de realidade ao leitor.

Pedro cresceu sem saber quem era seu pai, perdeu a mãe, sendo assim, foi criado pelos avós na favela Roda Viva. Viu todos a sua volta entrar para um mundo de crimes por falta de oportunidades, mas nunca quis isso para si. Com um vizinho que o ajudou a se encaminhar para um caminho digno através da literatura e da música, ele apenas observava tudo ao seu redor, e se mostrava revoltado com tanta desigualdade e conformismo. Não entendia como havia tanta injustiça.

Notamos que o personagem não é acomodado, ele sabe se expressar e sabe o que quer. Consegue um emprego que gosta, pois é assim que vai ser diferente daquelas pessoas da favela. Não vê a falta de oportunidades como uma forma de se perder na vida, ele se esforça para ser alguém melhor. Com uma narrativa dinâmica, e feita em primeira pessoa, o autor nos mostra a realidade daqueles que vivem em favelas.

Quem nasce sendo ninguém, sabe muito bem que o medo de nunca se tornar alguém irá acompanhá-lo pelo resto da vida.

Pedro não foi um personagem que eu simpatizei, seu jeito machista me irritou profundamente, mas não posso negar que sua força de vontade de aprender e de crescer na vida foi surpreendente. Foi uma leitura envolvente e bastante reflexiva, como eu disse, o autor trouxe algo bastante impactante e forte. Não sei se o final foi algo que eu esperava, mas acredito que foi o mais acertado e coerente.

Mundo cão tem menos de cento e setenta páginas, mas consegue fazer o leitor entender esse mundo que a maioria prefere fechar os olhos para não se envolver. Algumas aflições do personagem são passadas pela narrativa, é impossível não se revoltar junto com ele, e tentar encontrar um modo de resolver tudo. Porém, uma mensagem que fica nas entrelinhas é que quem faz a mudança somos nós mesmos. Ficar parado não muda nada. É preciso partir de nossas escolhas, elas que irão definir a nossa vida. Recomendo a leitura!

10 comentários:

  1. Oi Andressa, eu não conhecia o livro mas pela sua resenha eu acho que deva ser uma leitura um tanto pesada, não sei se realmente é. Pelo que vi aqui, o protagonista também me incomodaria mas acredito que deva ser essa a intenção do autor, novamente não sei. Gostei da resenha, está bem explicadinha e você soube pontuar bem onde o livro não te agradou. Fiquei curiosa com o livro mas não sei se leria

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  2. Oi, Andressa, tudo bem?
    Interessante a premissa do livro, realmente diferente do que estamos acostumados a ler em muitos livros, com uma realidade tão importante quanto de ser apresentada e abordada. Fiquei um pouco reticente pelo seu comentário sobre o protagonista ser meio machista, mas bom saber que ele também vai a fundo atrás dos objetivos dele para fugir do caminho mais corriqueiro em que muitos de sua comunidade costumam entrar. Chamou-me um pouco a atenção, realmente, e talvez o leia se surgir uma oportunidade. Parabéns pela resenha, ficou ótima!
    Beijos!

    ♥ Sâmmy ♥
    ♥ SammySacional ♥

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  3. Oi Andressa tudo bem?
    Eu acredito que não leria esse livro, primeiro porque não gosto de fazer leituras de livros de retratem a realidade, eu leio para fugir da realidade e não para ficar mais deprimido por ela.
    Eu também não leria o livro pelo personagem ser machista, não gosto de pessoas machistas quem dirá personagens ainda mais em um livro em que ele sofre.
    Outro fato que me faria não ler o livro é o fato de retratar e positivar a meritocracia, que todo mundo sabe as oportunidades não são as mesmas para todo mundo, correr a traz nem sempre é o bastante, e cansa dar murros em faca. Ainda que essa não tenha sido a intenção do autor foi meio o que transpareceu.

    Xo
    Alisson
    Re.View

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  4. Olá Andressa.
    Parece ser um livro bem forte, mas sinceramente não tenho vontade de lê-lo. Não faz muito meu tipo de leitura, e acho que acabaria me irritando com o personagem principal.
    Beijos

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  5. Oi Andressa.

    Não conhecia o livro, mas pela sua resenha, eu fiquei interessada na leitura dele. Pareceu ser um livro forte de apreciar. Dica anotada.

    Bjos

    http://historiasexistemparaseremcontadas.blogspot.com.br/

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  6. Oi Andressa!
    Parece ser uma leitura bacana. O autor é aqui de Salvador e pude conhecer um pouco sobre a obra em um evento que estava presente.
    Gosto muito de histórias que retratam a realidade, mostrando as lutas diárias e problemas das pessoas. Parece ser uma leitura que faz refletir. Curti!
    Beijos
    http://www.coisasdemeninas.blog.br/2016/01/o-ultimo-dos-canalhas.html

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  7. Oi! Infelizmente esse livro não despertou a minha curiosidade em nenhum aspecto. Acho interessante livros que trazem algo da realidade para a ficção, mas prefiro muito mais aqueles que nada tem a ver com o "mundo real" ou que o tratem de uma forma bem mais ficcional, sabe? Misturado com fantasia e coisas do tipo. Sua descrição do protagonista também não me deixou com vontade de conhece-lo. De qualquer maneira, tenho certeza que a leitura agrada muitos leitores.
    Beijos
    SIL ~ Estilhaçando Livros

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  8. Oi Dessa!
    Não nego que já li histórias mais realistas assim, já li até mesmo um livro que se passa na favela mas não gosto muito, prefiro mil vezes histórias totalmente ficcionais, que tenham fantasia, sabe? Eu gosto de fugir um pouco do mundo real e pra isso uso os livros.
    Quanto a história em si, não me chamou muito a atenção. O personagem ser machista é bem desanimador e essa coisa de crime por falta de oportunidade não cola pra mim. De resto, a mensagem que o autor passa é bem legal!

    beijos

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  9. Conhecia o livro só tava faltando uma resenha, eu gostei do que vc falou e espero ter a oportunidade de ler, gosto de livros assim realistas
    http://odiariodoleitor.blogspot.com.br/

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  10. Que livro hein, acredito que na leitura vamos vendo as coisa com um novo olhar!!
    Adorei a resenha e seu ponto de vista, mas no meu caso não é o tipo de livro que eu leria, até porque prefiro algo que foge do realismo, mas acho que se fizer uma versão cinematografica tenho certeza que assistiria e teria bastante sucesso!!

    Nathália Bastos// Biblioteca Lecture

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