[Resenha] Arquivos Serial Killers: Made in Brazil

Autora: Ilana Casoy
Páginas: 360
Editora: DarkSide
Após o sucesso do seu primeiro livro, Ilana Casoy dedicou-se a uma pesquisa rigorosa para investigar os serial killers brasileiros, no que viria a ser o primeiro livro do gênero dedicado aos assassinos em série do Brasil. Foram cinco anos de pesquisas, visitas a arquivos públicos, manicômios e penitenciárias, além de entrevistas cara a cara com personificações do mal em terras tupiniquins, para compor um inquietante roteiro com rigor investigativo de como, por quê e com que métodos os serial killers brasileiros atuam.
Em Made in Brazil, Casoy relata sete casos de serial killers brasileiros, três dos quais ela entrevistou pessoalmente: Marcelo Costa de Andrade, o vampiro de Niterói, um dos casos e depoimentos mais chocantes do currículo da autora; Francisco Costa Rocha, o Chico Picadinho; e Pedro Rodrigues Filho, o Pedrinho Matador. Um relato cruel feito pelos próprios assassinos, conduzido com maestria por quem entende do assunto, que procura guiar o leitor pela sinuosa mente de pessoas frias e com movimentos mais que premeditados para o mal. Além deles, a autora se debruça sobre a vida e os crimes de José Augusto do Amaral (Preto Amaral), Febronio Índio do Brasil, Benedito Moreira de Carvalho (Monstro de Guaianases) e José Paz Bezerra (Monstro do Morumbi).

*Livro cedido em parceria com a DarkSide

Adoro seriados e livros com serial killers: muitas mortes bem elaboradas, investigações de tirar o fôlego, e tudo mais. E esse foi meu erro ao pegar Arquivos Serial Killers: Made in Brazil para ler, achar que ia ter o "glamour" do que estou acostumada a ter. E não falo isso por ele ser de serial killers do Brasil, falo isso por ele ser real. As histórias são reais, cruéis e muito angustiantes, não tem nada de legal. Eu me sentia mal a cada relato de assassinos conhecidos que mataram em série. Cheguei a ter pesadelos. E não falo isso para relatar que o livro é ruim, pelo contrário, ele é muito bem escrito. A Ilana teve muita coragem de embarcar em algo tão doentio e nojento.

A autora fala logo no início que não há limite geográfico quando se trata de violência, maldade e perversão, e é verdade. Serial killers não existem apenas nos EUA, e nem parecem como os de filmes/seriados, que fazem tudo perfeitamente. Há aqueles que são chamados os desorganizados, que não se preocupam em esconder seus rastros. Me surpreendi ao ler os relatos desses assassinos, eu não conhecia nenhum, e me perguntei em que mundo vivia, haha.

O que mais me enojou foi o fato de a maioria dos crimes ter teor sexual, e principalmente com crianças. A maioria desses criminosos estuprava e matava crianças de cinco a quatorze anos. Foi uma leitura bem pesada nessas partes, e é por isso que não recomendo o livro para qualquer um. 

Ilana nos traz entrevistas com assassinos que ainda estavam vivos quando ela iniciou sua pesquisa, fiquei alarmada com o desequilíbrio dessas pessoas e do sangue frio. Eles não se arrependiam de seus atos, para eles era algo normal. A autora nos mostra também que o Brasil sempre foi muito pouco preparado para esse tipo de crime, sabiam que era um assassino em série quando já havia muitas vítimas, só então percebiam o padrão.

Mesmo a leitura tendo me deixando desconfortável, quero ler o outro livro da Ilana, Anatomia do mal, porém, bem mais para frente, agora ainda estou tentando esquecer todos os horrores que li em Made in Brazil, rsrs. Bom, nem preciso falar da edição da DarkSide, né? Linda como sempre. Há várias fotos e cartas, que só tornou o livro mais real e pavoroso.  A leitura não é fluída, o leitor precisa fazer algumas pausas para absorver tudo e tentar entender a mente do assassino: algo que não entendi e não aceitei, mas enfim...

Se você adora uma boa trama com serial killers: não leia achando que vai ser algo legal de acompanhar, são relatos fortes, que te fazem questionar o que há de errado no mundo. Mais uma vez parabenizo a autora por uma obra tão sensacional.