[Resenha] As vidas impossíveis de Greta Wells

Autor: Andrew Sean Greer
Páginas: 256
Editora: Jangada
Durante um tratamento psiquiátrico após perder seu irmão e o rompimento de seu relacionamento, Greta Wells se vê transportada para vidas que poderia ter tido se tivesse nascido em épocas diferentes. Sua consciência se alterna entre seu próprio tempo e sua vida em 1918, em que trai o marido, e outra em 1941, em que é mãe e esposa devotada. As três vidas de Greta são repletas de tensões familiares e escolhas difíceis. Cada realidade tem suas perdas, recompensas e desafios. Será que são efeitos do tratamento ou ela realmente está vivendo essas vidas? E se Greta descobrir como permanecer em um dos outros mundos, em qual época ela vai querer ficar?

As vidas impossíveis de Greta Wells era um livro que eu estava muito ansiosa para ler, mas eu confesso que não esperava uma trama tão peculiar e delicada. Eu realmente achei que era só mais uma história com viagem no tempo como elemento principal, porém é perceptível que o autor buscou trazer muito mais ao leitor. Com um tema bastante debatido hoje em dia, que é a depressão, Andrew proporciona ao leitor reflexões sobre a vida através de uma ficção que é quase uma metáfora da nossa existência. 

Greta perdeu seu irmão gêmeo, Nathan a deixou, sua vida não é mais a mesma. Com depressão, ela acaba procurando um psicólogo, este porém não consegue aliviar sua dor e propõe um tratamento de choque. Greta só quer voltar a ser o que era antes, então aceita fazer o tratamento. Lembrando que o ano é 1985, mas após uma das sessões de choque, Greta acorda em outra época. Há mais duas Gretas por aí, com vidas diferentes, assim como épocas. Uma é de 1918 e outra de 1941. Ambas viram os terrores da guerra, ambas têm o irmão vivo e estão com Nathan. Tudo o que Greta, a atual, não tem mais.

A cada sessão Greta vai vivendo a vida de cada uma delas, além da sua própria, o que é um escape para sua depressão de uma vida que não tem mais ninguém, além de tia Ruth, e é assim que essa mulher acaba conhecendo épocas e costumes diferentes dos seus, e consegue o principal: ver seu irmão Felix mais um pouco. Essas outras versões de Greta também vivem a vida dela em 1985, o que deixa a trama ainda mais interessante.

A história é narrada pela Greta de 1985, e apesar de não conhecermos diretamente as outras Gretas, cada vez que a atual vai para as outras épocas, ou até mesmo volta para a sua, é possível ver traços das personalidades das outras mulheres. Eu achei incrível isso, mas ao mesmo tempo fiquei muito curiosa para entendê-las melhor e saber mais sobre o que cada uma sentia.

As vidas impossíveis de Greta Wells nos apresenta uma ficção extremamente bem escrita, envolvente e cheia de ação. Mas, ao mesmo tempo eu senti que o autor quis nos mostrar como é quando não estamos satisfeitos mais com a nossa própria vida. E também como seria ter uma vida diferente. Greta quer ser outra pessoa, e tem algo melhor do que poder ser ela mesma, só que em outra época e com outra história? Será que Greta pode escolher em que ano quer permanecer? Mesmo depois do final fiquei com bastante dúvida sobre se tudo o que ocorreu era real ou não.

A leitura flui muito rápido, pois a todo momento a narrativa muda de época, nos levando a uma história diferente e com Greta tendo que continuar o que outra mulher fez naquele período. A ordem é cronológica, só mudando o ano, então é possível acompanhar todos os detalhes de perto. Greta é uma personagem que faz o leitor ter uma grande empatia por ela. Eu amei muito a leitura. Recomendo!