[Resenha] O menino oceano

Autor: Jean-Claude Mourlevat

Numa noite de tempestade, o pequeno Yann Doutreleau acorda seus seis irmãos mais velhos, todos gêmeos. Ele avisa que devem fugir de casa, porque estão sob ameaça do pai violento. Sem titubear, os irmãos seguem Yann na escuridão chuvosa. E, assim, começa uma marcante odisseia em direção ao oceano, bem como uma história inesquecível sobre fraternidade. Trata-se de uma releitura contemporânea do Pequeno Polegar, de Charles Perrault.

Solicitei o livro tanto pela capa, quanto pela sinopse, não conheço a história original do "Pequeno polegar", então fiquei curiosa para ler a releitura. E o que dizer? Se fosse para definir em apenas uma palavra seria: encantador. Nos envolvemos em uma trama peculiar, contada de forma singular, e com personagens marcantes. O menino oceano é um livro curtinho, assim sendo, a história é rápida de ser contada, e direta.

Yann é o menor dos irmãos, e não apenas por ser o caçula, ele realmente é muito pequeno. Tem 10 anos, mas aparenta ter 2, e além dessa diferença, ele é o único sem gêmeo. Seus seis irmãos vieram aos pares, apenas ele, veio sozinho. Ele não fala, mas tem um jeito especial de se fazer entender entre os irmãos. A família de Yann é estranha, seu pai parece alguém muito rígido e a mãe, não dá bola com os castigos e xingamentos. 

Em uma tempestade, Yann escuta uma conversa dos pais, algo assustador que o faz correr até os irmãos e pede para saírem logo dali. Urgente! Assim, os sete saem em meio ao temporal rumo ao Oeste, onde fica o oceano. É uma jornada perigosa e cansativa, e por onde passam deixam quem os vê admirados.

Eu não entendi ou não queria entender. Disse comigo mesma que depois se via isso, que se tratava de coisas que podiam ser deixadas para o dia seguinte. Mas não houve dia seguinte.

Os irmãos são muito unidos, e por incrível que pareça, o pequeno Yann é quem dá as ordens. Essa aventura em que eles se meteram é incrível, e ao mesmo tempo, triste. Eles são crianças que parecem não saber o que é o amor. Não confiam em ninguém, e nunca ficam muito tempo no mesmo lugar.

O menino oceano é narrado de uma forma espetacular. Através de relatos de pessoas que avistaram ou tiveram algum contato com as crianças, e até mesmo dos próprios meninos, vamos descobrindo o que aconteceu na noite em que fugiram de casa e nos outros dias. A leitura é cativante e muito fluída, além de o espaçamento ser grande. A trama contada do ponto de vista de várias pessoas deixa a história ainda mais envolvente, nos fazendo ler até saber de tudo. Recomendo!