domingo, 25 de dezembro de 2016

[Resenha] Um cântico para Leibowitz

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Autor: Walter M. Miller Jr.
Páginas: 400
Editora: Aleph
Após ter sido quase aniquilada por um holocausto nuclear, a humanidade mergulha em desolação e obscurantismo, assombrada pela herança atômica e pelo vazio de uma civilização perdida. Os anos de loucura e violência que se seguiram ao Dilúvio de Fogo arrasaram o conhecimento acumulado por milênios. A ciência, causadora de todos os males, só encontrará abrigo na Ordem Albertina de São Leibowitz, cujos monges se dedicam a recolher e preservar os vestígios de uma cultura agora esquecida. Seiscentos anos depois da catástrofe, na aridez do deserto de Utah, o inusitado encontro de um jovem noviço com um velho peregrino guarda uma surpreendente descoberta, um elo frágil com o século 20. Um foco de luz sobre um mundo de trevas. Cobrindo mil e oitocentos anos de história futura, "Um cântico para Leibowitz" narra a perturbadora epopeia de uma ordem religiosa para salvar o saber humano. Marco da literatura distópica e pós-apocalíptica, vencedor do prêmio Hugo de 1961, este clássico atemporal é considerado uma das obras de ficção científica mais importantes de seu tempo.

Não tenho ideia de como começar essa resenha. Estou me sentindo incapaz de produzir um texto que exalte e expresse toda a grandiosidade da prosa de Walter M. Miller Jr. Um Cântico para Leibowitz está na minha lista de leituras faz tempo, mas o medo de não entender e não conseguir captar toda a mensagem do autor, sempre me fez protelar a leitura. Mas 2016 foi um ano de excelentes leituras, onde me desafiei a ler mais ficção científica; e nada melhor que o último livro nesse estilo do ano fosse logo o clássico, premiado e elogiado que foi colocado no mesmo patamar de Admirável Mundo Novo e 1984.

Preciso que levem em consideração que não sou uma pessoa com um conhecimento vasto e profundo de ficção científica, reitero que estou começando, portanto aqui vão algumas opiniões e tentativas de raciocínio (eu tentei, pelo menos), pois acredito que os autores sempre buscam despertar algo nas pessoas quando escrevem livros tão desafiadores e visionários: uma semente pra questionar e se desafiar.

Não poderia ter lido em melhor momento, percebendo o mundo hoje. Esse livro tem seu foco em uma abordagem religiosa, e um embate com a ciência, na busca em comum pra salvar o conhecimento perdido, e me mostrou como não importa o tempo que passe, não importa quantas vidas sejam perdidas, não importa tanto massacre, o ser humano quando busca o poder, tende à destruição e a satisfação da sua vontade acima de tudo.

Pois ninguém consegue explicar como coisas abomináveis aconteceram e continuam a acontecer (atualizado em 2017: hoje consigo entender mais sobre isso). Porque mesmo que digam "para que todos se lembrem e que isso não se repita", não adianta... Se você abrir os olhos e perceber o ciclo vicioso, tudo continua igual (atualizado em 2017: o homem é o mesmo desde sempre; a falta de AMOR leva tudo isso a acontecer).

O ser humano acha-se capaz de acumular todo o conhecimento e impor o que acredita, e que esse acúmulo lhe trará sabedoria pra enfrentar tudo. Acúmulo não dá respostas, mas mostra caminhos; e se não for transmitido, e tudo se perder, não adianta nada. Se não houver o pensamento, a reflexão, e o entendimento da nossa inferioridade; perceber que pecar e errar faz parte da trilha da vida; que além do ego, existem coisas inexplicáveis - e se existe um limite, você precisa confiar.

Nessa época de Natal, a resposta pra tudo, sempre É e será a mesma. O autor se converteu ao catolicismo depois de lutar na Segunda Guerra e presenciar destruição, e escreveu esse livro como - para mim - uma forma de mostrar tudo aquilo que o ser humano sempre busca entender com o passar dos séculos e suas civilizações, e nunca alcança (atualizado em 2017: precisa acreditar na Verdade).

O livro é dividido em três partes, cada qual mostrando as falhas, erros e repetições que o ser humano é capaz de cometer. O quanto precisamos sempre aprender, o quanto ainda somos falhos e vamos continuar sendo, mas precisamos perceber isso e buscar algo além do próprio umbigo. 

Tive que reler pra me situar, saber e conectar cada pedaço da história, e foi uma leitura impactante que merece ser refeita em outros anos; e hoje mesmo eu não sendo capaz de transmitir pra você o que eu queria (e tudo que me passou na cabeça a cada página em infinitas reflexões), espero pelo menos ter despertado em você a curiosidade em conhecer, pois o momento em que estamos passando está tão bem representado nesse livro, que acredito que você não tem outra opção se não essa: LEIA!

6 comentários:

  1. Olá!
    Esse livro parece ser muito profundo. Sua resenha deve ter sido bastante sofrida de escrever, para não contar spoliers ou escolher as palavras corretas. Me senti interessado em ler a obra, apesar de não curti muito o gênero, mas sua resenha me instigou!

    Abraços

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  2. Olá Dandra,
    É muito legal quando não encontramos palavras para falar de um livro e, melhor, o indicamos sem sombra de dúvidas para os outros. Gostei muito da premissa desse livro. É engraçado como o ser humano pensa que pode responder tudo, quando, na verdade, ele não responde nada. Muito legal o livro traz infinitas reflexões.
    Claro que anotei a dica, não poderia ser diferente.
    Beijos,
    Um Oceano de Histórias

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  3. Olá!
    Acredito que esse livro seja uma leitura incrivelmente complexa. Achei muito interessante ele passar por essas falhas, erros e repetições do ser humano, tem algo realmente diferente nisso. Infelizmente, não é um livro que leria no momento, estou procurando algumas coisas mais leves no momento.
    Beijos.

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  4. Sim, você conseguiu despertar minhas curiosidade para ler este livro, afinal vemos como o ser humano se acha dono de tudo e é capaz de fazer tudo para se satisfazer. É uma leitura confusa, isso não posso mentir, mas a forma como você conseguiu captar os momentos do livro e trazê-los aqui, me deixou instigado.

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  5. Má oee! Amo a temática do holocausto e do período pós holocausto, acho que leria sim. Infelizmente não tive a mesma sorte que você neste ano, foi um ano de poucas leituras em comparação com os outros. Enfim, abraço!

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  6. Olá Dandra!

    Gente, eu nunca tinha ouvido falar nesse livro e me impressionei com o conteúdo agora! Eu acho super interessante distopias e esse com certeza vai para minha lista!

    Parabéns pela sua resenha, ela realmente me tocou e me deixou curiosa para ler essa obra!Um feliz 2017 pra você flor. ❤

    www.facesemlivros.com

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