quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

[Resenha] Cyberstorm

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Autor: Matthew Mather
Páginas: 368
Editora: Aleph
Em meio a uma forte tensão política internacional, os Estados Unidos sofrem um grande ataque cibernético: todos os meios de comunicação começam a falhar. Ao mesmo tempo, uma forte tempestade de neve assola a cidade de Nova York, e uma possível epidemia de gripe aviária parece se aproximar. Presos na cidade e quase sem contato com o resto do mundo, os moradores de repente se veem imersos em um cenário verdadeiramente apocalíptico. Enquanto rumores e especulações correm sobre a origem desses ataques, Mike Mitchell se concentra em questões que para ele parecem mais urgentes. A crise o atingiu em um momento crítico de sua vida, complicando seus já confusos problemas pessoais e financeiros. Agora, sua prioridade é manter a família unida e viva no crescente caos que se que se forma a sua volta.

Tudo o que espero em um livro com uma trama quase pós-apocalíptica, Cyberstorm apresenta. E por eu gostar de assistir filmes com essa temática, como o filme O Dia Depois de Amanhã, acrescentando o detalhe de ataques cibernéticos, me fez ter vontade de ler esse livro. 

Com um assunto tão em voga, com uma pesquisa com pessoas tão influentes sobre as questões abordadas no livro - como o autor diz ter feito, leia nos agradecimentos - e com todo seu conhecimento na área por já ter trabalhado com tecnologia, traz uma quantidade grande de informações para compor a obra, o que foi muito inteligente buscar esse tipo de abordagem, pois quem é que não questiona até que ponto o mundo comandado por tecnologias, cada vez menos manual, está nos fazendo mais dependentes a cada ano que passa? E como tudo isso pode ilustrar uma falsa segurança, e desencadear mais brechas com todas as informações que ficam disponíveis em lugares onde a gente menos espera?

O autor não poderia ter escolhido um assunto melhor para escrever um livro de ficção científica, e eventualmente, eu não poderia deixar de comparar este livro a vários outros no mesmo estilo que li nesse ano (dê uma procurada aqui no blog ^^). É algo natural, não teria como deixar passar, e por essa razão, Cyberstorm mostrou-se muito aquém do esperado (e do comparado).

Um dia, perto do dia de Ação de Graças (consegui ler na mesma época que o livro se inicia, e isso foi legal), o sistema de internet parece meio sobrecarregado, as filas nos supermercados estão grandes, as empresas de entrega sofreram algum tipo de interferência, e por isso, as entregas estão impossibilitadas de serem feitas no momento, e logo perto do fim de ano, época em que as empresas de entrega são muito utilizadas. Michael, o protagonista, é sócio em um fundo de capital de risco sobre mídias sociais, sua esposa, a Lauren, é formada em direito, mas logo que se casaram, eles tiveram um filho, e assim a carreira dela meio que se estagnou, e por essa razão, e o fato da família da Lauren ser rica e terem uma tradicional carreira política - o tio dela é congressista por exemplo - esperava-se que ela seguisse o mesmo caminho, logo os sogros não gostam muito do Michael, e além das questões financeiras, o rumo que cada um quer levar a vida, meio que se diverge no momento.

Logo depois, mais perto do Natal, as coisas ficam mais complicadas, um suposto conflito internacional vem sendo travado entre EUA e China durante um período que não se sabe quando começou, e mais as questões pessoais que afligem o Mike com toda sua desconfiança sobre a esposa, fora a nevasca que atinge Nova York, e a luz sempre falhando, a água que não chega aos apartamentos, a comida que fica escassa...

Enfim, toda uma enxurrada de acontecimento que se estende por um tempo, onde as informações são imprecisas, pois a TV e o rádio não mostram nada, as pessoas não sabem o que acontece, e os personagens ficam perdidos e já começam a criar teorias conspiratórias para tudo ao seu redor.

Daria pra ser uma história cheia de reviravoltas com um suspense que me fizesse roer as unhas de ansiedade para terminá-lo? Daria, mas tudo que li em Cyberstorm estava mais para uma ideia muito boa, só que muito mal executada. Amadora, recheada de diálogos vagos e imprecisos, com personagens rasos, onde a motivação deles era fraca e não me convencia em nenhum momento. Com todas as questões políticas, climáticas, e ataques cibernéticos, cadê a inovação e a grande sacada que me faria torcer e ficar boquiaberta? Nada disso aconteceu. 

Nada que o autor colocava, me permitia imaginar. Ele simplesmente descreve tudo o que o personagem faz, e por ser narrado pelo Mike, as coisas ficam sempre óbvias. Os diálogos e as resoluções para as situações pareciam feitos por adolescentes imaturos. As coisas eram ditas, mas não tinham importância pra história. As divagações filosóficas do Mike são risíveis, e a cada página, não conseguia me conectar com nada.

Tanto potencial desperdiçado. Um caos construído sem uma base sólida, e a explicação pra tudo foi tão irreal pra mim. Faria sentido se tudo não fosse contado do ponto de vista de um único personagem? Uma narrativa em terceira pessoa talvez transformasse o livro em algo melhor? Talvez.

Esse livro foi autopublicado pelo autor, e com o sucesso, conseguiu um contrato com uma editora, e os direitos já foram vendidos para o cinema. E pensando bem, acho que essa ideia de já escrever esperando um contrato com um estúdio, meio que me irrita, pois essa foi a impressão que o autor transmitiu pra mim assim que terminei a leitura e li a orelha do livro. 

Como filme, talvez tudo se encaixe e fique melhor, mas como livro, foi apenas mediano.

12 comentários:

  1. Olá!
    O livro já não me chamou atenção pela sinopse, lendo sua resenha tive certeza que não é o tipo de leitura que me agradaria.
    A questão de ter sido uma ideia mal executada, os diálogos, enfim, toda a construção da história em si, dá a impressão que o autor não desenvolveu nem metade do que a história poderia ter sido.
    Ótima resenha, muito bem argumentada.
    Beijos.

    Li
    Literalizando Sonhos

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  2. Olá,
    Lendo a sinopse achei que seria uma obra incrível, mas o que encontrei na sua resenha foi totalmente diferente do que esperava.
    Uma pena que era uma ótima ideia que tinha tudo para dar certo, porém que foi mal executada tornando-se essa leitura não muito agradável.
    A capa e a sinopse tinham tudo para me agradar, mas acho que agora não sei se vou arriscar a leitura.

    http://leitoradescontrolada.blogspot.com.br/

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  3. Oi Dandra.
    Uma pena que este livro tenha deixado a desejar para você.
    O ruim do excesso de descrição é tirar do leitor a oportunidade de usar a imaginação e isso acaba atrapalhando nossa experiência de leitura.
    Abraços.

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  4. Oi, Dandra!
    Apesar de intrigantes, admito que esses enredos mais conspiratórios e pós-apocalípticos não me atraem muito, ainda que eu tenha, sim, ficado balançada com Cyberstorm justamente pela parte tecnológica, o mundo está realmente revolucionando direto com máquinas diversas e paira o questionamento desse uso e consequente dependência à longo prazo mesmo. Uma pena que, no entanto, tenha sido tão mal executado e que os personagens não sejam tão bons, isso é realmente um fator que costuma pesar muito para mim em uma leitura. Espero que, no caso do filme, você consiga se satisfazer bem mais com a história.
    Beijos!

    ♥ Sâmmy ♥
    ♥ SammySacional.blogspot.com.br/ ♥

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  5. Oi Dandra.

    Não conhecia o livro e confesso que não me chamou atenção pela sinopse. Lendo sua resenha eu tive uma leve vontade de lê-lo, pois o gênero não é uma dos meus favoritos. Quem sabe futuramente eu mude de idéia e queira lê-lo. Ótima Resenha.

    Bjos

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  6. Oiii!!!

    Eu não conhecia esse livro ainda mas pelo jeito, não teria muita curiosidade.
    É uma pena que o autor não soube escrever de uma forma que prendesse os leitores.

    Beijinhos

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  7. Olá!

    Até gostei da premissa, mas o fato de que o autor não foi direto nos diálogos e a história foi meio vaga me tiraram a vontade de ler, uma pena, pois a premissa tinha tudo para ser um ótimo livro!

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  8. Oi!

    Li este livro há um certo tempo, mas lembro de ter gostado da história.
    Em alguns momento achei a narrativa cansativa, mas como um todo eu gostei do que li.

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  9. Oi Dandra, sua linda, tudo bem?
    Antes de mais nada, sou fã de ficção científica e amei o filme O Dia Depois do Amanhã, também gosto muito dessa temática. Fiquei super empolgada lendo o início da sua resenha e depois veio a surpresa. Que pena que não correspondeu às suas expectativas. Confesso que fiquei desanimada com esses diálogos e com uma história que tinha tudo para ser incrível e foi desperdiçada. Gostei muito da sua sinceridade e da resenha.
    beijinhos.
    cila.
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

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  10. Oie, tudo bem? Antes de terminar a tua resenha eu já tava com isso na cabeça, acredita? Que parecia mais o enredo de um filme! Na verdade não curto o gênero para ler, mas arrisco assistir alguns filmes e acabo gostando. Enfim, não vou arriscar numa coisa que já sei que não vou gostar, vou esperar a adaptação, mas gostei da tua clareza e sinceridade quanto à obra. Bjosss

    http://porredelivros.blogspot.com

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  11. Oi Dandra, comecei ler sua resenha e estava crente que viria daí uma opinião positiva, então acabe de cara quando cheguei na parte em que você critica a obra. Acredito que assim como te incomodou a narrativa também não ia me agradar, juntando a isso o fato de que uma ficção científica precisa ser muito bem escrita para me prender, já viu né. Uma pena o livro não ter tido o potencial que você esperava :(

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  12. Oi Dandra!
    Pelo que você descreveu parece mesmo uma coisa mais voltada pras telas e nem tudo que funciona como filme, funciona como livro também. O que é uma pena. Essa temática realmente é legal e se bem trabalhada, vira um livro excelente. Uma pena que o autor pecou!

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