[Resenha] O monstrologista

Autor: Rick Yancey

Will Henry é assistente de um médico com uma especialidade incomum: a monstrologia, isto é, o estudo dos monstros. Ao receber em casa o cadáver de uma menina atrelado a um desses seres que se acreditava extinto, Will e o médico sairão à caça de outros antropófagos antes que seja tarde demais. O Monstrologista é o primeiro de uma eletrizante trilogia para aqueles com estômago forte!

Eu já tinha muita curiosidade de conhecer essa série do Rick, mas quando soube que iria sair uma adaptação, a curiosidade aumentou mais ainda, pois se vai ter um filme é porque os livros devem ser muito bons mesmo, não é? E bem, me surpreendi muito com a leitura, a trama é original e sombria. Me vi envolvida em uma história muito bem narrada, com personagens peculiares e um enredo de dar medo. 

Will perdeu os pais em um incêndio, e desde então mora com o Dr. Pellinore Warthrop, um cientista  com que o pai de Will trabalhava. Ele é na verdade um 'monstrologista', estuda monstros e os caça. Will tem 12 anos, mas mesmo assim já está muito acostumado com as esquisitices deste trabalho. A trama começa a engrenar mesmo quando certa noite um homem bate na porta do monstrologista com uma carga muito bizarra: O corpo de uma garota, e junta à ela, um monstro! Anthropophagi são monstros com quase ou mais de dois metros de altura, que não possuem cabeça, os olhos ficam nos ombros e a boca na barriga. Esses seres se alimentam de humanos, muito rápidos e com garras afiadas, eles conseguem pular vários metros para alcançar a presa, e também cavam muito bem. A trama se desenrola a partir do descobrimento de um destes seres morto junto ao corpo da garota. É a partir daí que Warthrop percebe que esses monstros talvez estejam em Nova Jerusalém, o que é muito estranho, pois eles são da África. Então como eles foram parar lá? E quantos existem? É assim que se inicia uma caça aos Anthropophagi para evitar mais mortes. 

O enredo é muito envolvente, toda essa coisa de monstros e a caça que fazem me prenderam de imediato. O livro inicia lentamente, mas conforme vamos descobrindo mais sobre esses seres que são predadores dos humanos a leitura começa a ficar ainda mais emocionante. Vamos tendo vestígios de como eles foram parar lá, e toda uma trama se desenrola a partir disto, algo que vai surpreender o próprio Dr. Warthrop. 

Ele estava certo, é claro, como já confessei: eu não o conhecia melhor do que ele havia conhecido seu próprio pai. Talvez esse seja nosso destino cruel, a maldição da humanidade: nunca nos conhecermos de verdade. Erguemos edifícios em nossas mentes sobre a frágil estrutura de nossas palavras e atos, meras representações da pessoa real que, assim como os deuses para quem se construíam templos, permanece escondida. 

Achei os personagens tão envolventes quanto a trama. Pellinore Warthrop é um cientista muito excêntrico, em vários momentos duvidei de sua capacidade mental e de sua inteligência. Os diálogos entre ele e seu assistente, Will, chegavam a ser cômicos às vezes. Me perguntava a mesma coisa que Will às vezes questionava a si próprio: Por que não fugir? A vida junto de um monstrologista não é nada fácil. É muito sangue, morte, monstros, tudo de ruim que você possa imaginar. Mas, aparentemente, Will se sente compelido a continuar junto desse estranho homem. 

A leitura de O monstrologista foi bastante fluída, pois como eu disse, quando começa a tal caçada, as coisas realmente ficam mais emocionantes e aí o leitor só quer descobrir como tudo vai se desenrolar. A escrita de Rick é fabulosa, ele detalha muito bem, chega até a dar medo, as cenas com os monstros. Ele não nos poupa nada, então não se surpreenda se você ler que tem um pé caído em um canto da sala ou que há fluídos e tripas espalhados pelo tapete. 

Achei interessante como o autor nos conta a história. No prólogo estamos em 2007, e Will, que dizia estar com mais de 130 anos, tem relatado em seus diários essa história tão estranha que aconteceu antes dos anos 1900. Will faleceu recentemente, e um homem, que não sabemos quem é, pega os diários para lê-los. Claro que ele acha que tudo não deve passar de ficção de um homem louco. Afinal, monstros não existem, certo? Nem alguém vive por 130 anos, não é?

Um livro espetacular que eu recomendo para todos! Principalmente se você gosta de histórias mais aterrorizantes e sangrentas. Não fiquei com aquela sensação de ser algo sobrenatural, realmente me vi dentro de uma história de monstros, e daqueles piores do que nas fantasias. Estou ansiosa para as continuações. Pelo que vi, o próximo será sobre Wendigos! Enfim, não deixem de conferir essa série!