[Resenha] Sejamos todos feministas

Autora: Chimamanda Ngozi Adichie
Páginas: 64
Editora: Companhia das Letras
Chimamanda Ngozi Adichie ainda se lembra exatamente do dia em que a chamaram de feminista pela primeira vez. Foi durante uma discussão com seu amigo de infância Okoloma. “Não era um elogio. Percebi pelo tom da voz dele; era como se dissesse: ‘Você apoia o terrorismo!’”. Apesar do tom de desaprovação de Okoloma, Adichie abraçou o termo e começou a se intitular uma “feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para oshomens”. Sejamos todos feministas é uma adaptação do discurso feito pela autora no TEDx Euston, que conta com mais de 1,5 milhão de visualizações e foi musicado por Beyoncé.

Quando a Andressa me propôs resenhar esse livro, não tinha ideia que era tão pequeno, nem sabia bem do que se tratava, mas o título me chamou a atenção de cara e quando recebi o livro fiquei muito feliz de ter aceitado, adoro questões humanitárias e tudo que se refere a discussões pela igualdade, seja social, de gênero, etc.

Esse pequeno livro de apenas 64 páginas se trata de uma adaptação de um discurso da autora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie à respeito do feminismo em uma conferência chamada TEDxEuston - que acontece em Londres e é dedicado a celebrar a diversidade, vitalidade e potencial da África. Apesar de ter nascido na Nigéria, a autora se mudou para os Estados Unidos aos 19 anos para fazer faculdade, então sua percepção à respeito dos direitos sociais e políticos das mulheres não se aplica exclusivamente ao seu país de origem, e isso traz muito esclarecimento para o seu texto.

Se repetimos uma coisa várias vezes, ela se torna normal. Se vemos uma coisa com frequência, ela se torna normal. (...) Se só os homens ocupam cargos de chefia nas empresas, começamos a achar "normal" que esses cargos de chefia só sejam ocupados por homens.

Estamos tão acostumados com determinadas atitudes, que muitas das questões de gênero citadas por ela me deixaram constrangida, pelo simples fato de que determinadas situações que deveriam nos causar revolta, são comuns no meu dia a dia e passam despercebidas por mim. E quando digo 'nós', é essa a proposta da autora, não são só as mulheres que devem lutar por respeito, mas todos nós como seres sociais. E o problema está justamente na citação acima, estamos tão habituados que muitas vezes é difícil perceber com clareza essas situações, que são culturalmente premeditadas .

Um conhecido disse que havia muita raiva no meu texto. Mas eu não via razão para me desculpar. É claro que eu estava com raiva. A questão de gênero, como está estabelecida hoje em dia é uma grande injustiça. Estou com raiva. Devemos estar com raiva. Ao longo da história, muitas mudanças positivas só aconteceram por causa da raiva.

Esse é um daqueles livros em que é simplesmente difícil escolher apenas um ou dois trechos para reproduzir na resenha, pois todo o texto é muito coerente e vale muito a pena ser lido. Além disso, o preço não passa de 15 reais na internet, ou seja, não há desculpa para não adquirir Sejamos todos feministas e ler todo ele em uma viagem de ônibus, por exemplo. Eu recomendo.