quarta-feira, 22 de abril de 2015

[Resenha] Cartas de amor aos mortos

|
Autora: Ava Dellaira
Páginas: 344
Editora: Seguinte
Tudo começa com uma tarefa para a escola: escrever uma carta para alguém que já morreu. Logo o caderno de Laurel está repleto de mensagens para Kurt Cobain, Janis Joplin, Amy Winehouse, Heath Ledger, Judy Garland, Elizabeth Bishop… apesar de ela jamais entregá-las à professora. Nessas cartas, ela analisa a história de cada uma dessas personalidades e tenta desvendar os mistérios que envolvem suas mortes. Ao mesmo tempo, conta sobre sua própria vida, como as amizades no novo colégio e seu primeiro amor: um garoto misterioso chamado Sky. Mas Laurel não pode escapar de seu passado. Só quando ela escrever a verdade sobre o que se passou com ela e com a irmã é que poderá aceitar o que aconteceu e perdoar May e a si mesma. E só quando enxergar a irmã como realmente era — encantadora e incrível, mas imperfeita como qualquer um — é que poderá seguir em frente e descobrir seu próprio caminho.

Normalmente evito pegar livros emprestados, pois quase sempre acabo gostando e minha lista de livros desejados aumenta um pouco. E foi exatamente o que aconteceu com esse livro, me apaixonei, e no momento oportuno – diga-se próspero – irei comprar meu próprio exemplar. Mas valeu por me apresentar essa estória incrível, Tatty.

O livro vai nos contar a estória de Laurel, que narra sua vida através das cartas que inicialmente faziam parte de uma tarefa escolar de escrever uma carta para alguém que já morreu, mas ao invés de entregar, ela começa a escrever para personalidades mortas como se estivesse escrevendo um diário. Cada trecho começa como um típico diário, como, “Querido Kurt Cobain”, “Querida Janis Joplin”, “Querida Amelia Earhart” e outras figuras famosas que Laurel admira. Logo de cara você é apresentado ao cenário triste da família de Laurel, seus pais se separaram e ela tem que lidar com a perda da irmã em uma nova escola, pois ela queria se afastar de todos que a conhecem e não ser alvo de pena e curiosidade. E é através das cartas que você acompanha ela nessa jornada para fazer novos amigos, superar a tristeza e tentar conhecer a si própria, ou seja, ela precisa atravessar uma fase que já é normalmente complicada com questões pessoais muito profundas a serem resolvidas.

O que falei sobre salvar as pessoas não é verdade. Você pode achar que quer ser salva por outra pessoa, ou quequer muito salvar alguém. Mas ninguém pode salvar ninguém, não de verdade. Não de si mesmo. Você pega no sono no sopé da montanha, e o lobo desce. E você espera ser acordada por alguém. Ou espera que alguém o espante. Ou atire nele. Mas, quando você se dá conta de que o lobo está dentro de você, é quando entende. Não pode fugir dele.

Logo de cara, o livro fez com que eu me sentisse um pouco ignorante principalmente quanto a um cenário musical considerado lendário. Eu lia um trecho e pensava: “conheço esse(a) cantor(a), mas não consigo lembrar das músicas”, e o mesmo aconteceu com alguns atores para quem Laurel escreve.

Mas as cartas vão revelando uma relação familiar delicada e um passado obscuro vivido entre as duas irmãs, enquanto esperava que Laurel revelasse mais sobre o relacionamento das duas, eu torcia para que os pais interferissem mais e mudassem os fatos passados, enquanto pensava “Jamais serei tão ausente com meus filhos a ponto de não ver o que está diante dos olhos e pode causar tantos danos”.

“Nirvana” significa liberdade. Liberdade do sofrimento. Acho que algumas pessoas diriam que a morte é exatamente isso. Então, parabéns por estar livre, acho. O resto de nós ainda está aqui, agarrado aos cacos.

Então esse certamente vai pra minha lista de favoritos de 2015. Esse é um livro que me fez sofrer, esperar e torcer o tempo todo. Certamente, minha recomendação é para aqueles que gostam de um drama, pois o mais provável é que você sofra sim, mas tudo bem, o sofrimento nos faz humanos.

18 comentários:

  1. Eu lie esse livro assim que lançou, queria ver o que tanto falavam... logo de cara me apaixonei, por falar do Kurt Cobain, um dos meus ídolos (se não o maior) e de tantas pessoas importantes para a história da arte. A premissa do livro é algo inédito, pelo menos pra mim, e eu relevei até os mimimis da Laurel e adorei a leitura!
    beijos,
    whoosthatgirrl.blogspot.com

    ResponderExcluir
  2. Oi Ana, tudo bem?
    Quando conclui a leitura desse livro fiquei simplesmente muito, mas muito indignada. Com os pais das meninas e por tudo o que aconteceu com a Laurel sabe. Até mesmo com a irmã dela eu fiquei irritada. E assim como você, se algum dia tiver filhos, não vou querer ser tão ausente como os pais dela foram. Esse livro é intenso e meche muito com quem lê, mas é impossível não classificá-lo como favorito.
    Abraços,
    Amanda Almeida
    http://amanda-almeida.com.br

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Amanda, tudo ótimo!
      É revoltante mesmo a atitude ausente,ou a falta de atitude dos pais da Laurel. Mas normalmente os dramas mais emocionantes são assim mesmo.
      Abraços.

      Excluir
  3. Já ouvi falarem muito sobre esse livro e em sua maior parte é sempre elogios e coisas boas. Eu ainda não li e não conheço a história, mas confesso que já estou curiosa há algum tempo sobre ele, como eu sou péssima com nomes eu provavelmente não irei reconhecer muitos e irei sempre procurar antes de ler a carta, mas é o tipo de livro que me atrai porque tem toda essa mensagem e essa intensidade que sempre busco nos livros!
    Beijos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Bruna, o legal do livro é que a protagonista Laurel também pesquisa sobre a vida dos personagens e você acaba conhecendo também através dela.
      Boa leitura!

      Excluir
  4. Olá,
    Eu comprei esse livro, mas ainda não tive oportunidade de ler. Parece ser bem bacana, estou querendo muito ter logo tempo pra poder aproveitar ao máximo essa leitura.
    Beijos.
    Memórias de Leitura - memorias-de-leitura.blogspot.com

    ResponderExcluir
  5. OI Ana!
    Carta de Amor aos Mortos é um dos meus queridinhos do ano. É lindo, triste, revoltante... Nossa, não tem como descrever um unico sentimento lendo esse livro. Sem palavras pra dizer o quanto gostei!!
    Que bom que você também gostou <3
    Beijos

    LuMartinho

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Lu!
      É mesmo um misto de emoções esse livro.
      Fico feliz que compartilhamos da mesma opinião.
      Beijos

      Excluir
  6. A primeira vez que vi o livro já me apaixonei pela capa. Parece ser uma história delicada, profunda e cheia de emoção. Ainda não pude lê-lo, mas já está na minha listinha.

    ResponderExcluir
  7. Oi Ana!!
    Tem um tempão que quero ler esse livro...
    Pena que ainda não tive a oportunidade, porque também não gosto de pegar emprestado haha
    Mas vou ver se pego esse. Adoro livros escritos com passagens de cartas, e-mails ou listas.
    Acaba sendo uma leitura diferente, pra quebrar a rotina.
    Beijo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Joseph!
      A minha lista de desejos só aumenta. Eu também gosto muito de livros nesse formato, normalmente são emocionantes.
      Beijo!

      Excluir
  8. Olá, Ana.
    Já estou de olho nesse livro há algum tempo, você só me motivou ainda mais a querê-lo. Esse formato epistolar me interessa bastante, sem falar da carga emocional que parece ser intensa.
    Excelente resenha.

    Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista de abril. Você escolhe o livro que quer ganhar!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi
      Que bom que a resenha te motivou. Quanto ao formato epistolar, realmente também é um tema que eu gosto bastante.
      Boa leitura!

      Excluir
  9. Oi Ana...
    Gosto muito de livros que abordam relações familiares, entre outras. Eu sinto vontade de ler o livro, mas só se tivesse uma oportunidade, fora isso não sei se compraria.
    E acho que pegava empresto também..rs Se eu ler espero gostar assim como você.

    livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Leticia
      Também gosto muito de livros que abordam relações familiares. Recomendo nesse mesmo estilo Perdão, Leonard Peacock, do mesmo autor do livro O Lado Bom Da Vida.
      Beijos

      Excluir
  10. Já li o livro e ele realmente mexe com a gente, e também me perdi em relação as lendas que ela apresenta. Não conhecia a maioria deles, quer dizer, ouvir o nome não pe conhecer né?! Mesmo assim me rendi ao mundo criado pela Ava e me emocionei muito também. Só achei algumas coisas meio toscas, mas né, faz parte.

    ResponderExcluir
  11. Gosto muito de livros de drama, mas sempre acabo me arrependendo depois pelo final não ser como eu esperava, mas esse é melhor pois tem haver com morte. Está na minha wishlist!

    jamilsonoliveira.com

    ResponderExcluir
  12. Ai que saudade dessa escrita! Ana você arrasou na resenha, ainda não li esse livro, mas confesso que fiquei com vontade depois de ler o que você escreveu a respeito. Você é muito talentosa e irei passar aqui de vez em quando para ver resenhas suas. O livro parece ser bem interessante e acho que iria gostar. Beijos!

    ResponderExcluir