[Resenha] As perguntas que não quero fazer

Autora: Kate de Goldi
Páginas: 232
Editora: Fundamento
Não quero ter medo do mundo...
Frankie Parsons é um garoto inteligente, talentoso e faz listas para manter tudo sobre controle. No entanto, ele sente que alguma coisa está errada. Sua mente é inquieta e cheia de preocupações, seja com a ração da gata ou com as pilhas do detector de fumaça. Só quem compreende sua ansiedade e responde às suas perguntas é a mãe, uma mulher que há nove anos não sai de casa. E o mais estranho é que ninguém conversa sobre o motivo de ela viver como um pássaro engaiolado. Mas a rotina de Frankie começa a mudar quando a confiante Sydney muda para a escola dele e invade o seu mundo com um jeito despreocupado e uma curiosidade irritante.
E é assim que Frankie, com a ajuda de sua implicante irmã, de Sydney e de Gigs, seu leal amigo, tentará desvendar segredos guardados a sete chaves e descobrir as recompensas de falar em voz alta o que antes estava calado.
As perguntas que não quero fazer foi vencedor do prêmio Livro do Ano na categoria Jovem Adulto na Nova Zelândia. Neste livro, a autora Kate De Goldi trata com sensibilidade e uma pitada de humor inteligente as preocupações da juventude, as relações familiares, as amizades e a necessidade de mudar para amadurecer.

Quando li a sinopse de As perguntas que não quero fazer me encantei na hora pela trama, porém, ao iniciar a leitura, me decepcionei um pouco. A história é realmente boa e muito fofa, mas não conseguiu me conquistar por completo. Não sei se foi apenas comigo, se eu li em um momento ruim, ou se realmente o livro não teve o suficiente para conquistar o leitor, só sei que eu esperava bem mais. Como eu disse, de modo geral, a história é boa. Os personagens são interessantes, mas... faltou algo.

Frankie é um garoto de doze anos que gosta de tudo organizado. E também está sempre com mania de alguma doença, achando que pode estar com os sintomas. Meio neurótico, mas muito querido e divertido, ele passa os dias com seu melhor amigo, Gigs, e sua vida é sempre a mesma. Até que uma garota nova aparece, Sydney, e muda completamente sua visão sobre algumas coisas, tipo sua mãe estar há nove anos sem sair de casa. Sydney é uma menina cheia de questionamentos e que não tem medo de fazer perguntas pessoais, é assim que Frankie acaba repensando toda sua vida. Porquê a mãe não sai? Desde quando é assim? Porquê ninguém fala sobre isso?

Sydney também não tem uma vida fácil. Sua mãe está sempre se mudando, e não é muito presente. Eu gostei muito dela, mesmo com seu jeito intrometido, vemos o quão especial e amiga ela é. Por isso mudou tanto a vida de Frankie. Os dois estão sempre conversando, a irmã dele, Jordana, sempre pega no seu pé dizendo que eles são namorados, mas percebemos que é uma grande amizade, sem nada muito romântico.

Todo o trabalho caía nas costas dele nos últimos tempos - compras de mercado, entregas para Mamãe, pegar livros na biblioteca, comprar presentes de aniversário para familiares. Era tão injusto!

O livro é cheio de personagens carismáticos, como as tias gordas e Tio George, o pai de Frankie. Me diverti bastante com eles, que acabaram deixando a trama mais leve. As perguntas que não quero fazer não é tão dramático como eu esperava que fosse, mas claro que tudo isso de um garoto de doze anos precisar passar com a mãe "doente" é triste. Percebemos o quanto, apesar da pouca idade, ele se responsabiliza por ela e pela família. O pai está sempre trabalhando, o irmão mais velho não mora mais em casa e Jordana está sempre no namorado. Então sobra para ele fazer compras, cuidar da casa e da mãe. 

A leitura foi um pouco lenta, mas por incrível que pareça, não foi chata. Os segredos que Frankie parece ter que descobrir me deixaram curiosa, mas também acabou não sendo nada muito alarmante, e por isso achei a leitura morna. Frankie e Sydney são dois personagens que merecem ser conhecidos, a trama em si não me encantou, mas eles, sim! Por isso, recomendo a obra, vale a pena conhecer esses dois! ;)