[Resenha] O feiticeiro de Terramar

Autora: Ursula K. Le Guin

Páginas: 176

Editora Arqueiro

Série: Ciclo Terramar

Há quem diga que o feiticeiro mais poderoso de todos os tempos é um homem chamado Gavião. Este livro narra as aventuras de Ged, o menino que um dia se tornará essa lenda.

Ainda pequeno, o pastor órfão de mãe descobriu seus poderes e foi para uma escola de magos. Porém, deslumbrado com tudo o que a magia podia lhe proporcionar, Ged foi logo dominado pelo orgulho e a impaciência e, sem querer, libertou um grande mal, um monstro assustador que o levou a uma cruzada mortal pelos mares solitários.Publicado originalmente em 1968, O feiticeiro de Terramar se tornou um clássico da literatura de fantasia. Ged é um predecessor em magia e rebeldia de Harry Potter. E Ursula K. Le Guin é uma referência para escritores do gênero como Patrick Rothfuss, Joe Abercrombie e Neil Gaiman.

A lenda de um grande feiticeiro, exaltada em canções e transmitida por toda Terramar. Um feiticeiro por quem todos cantam. Ele começou sendo Duny, um menino órfão de mãe, criado pelo pai com vários irmãos em uma aldeia simples; depois virou Ged, seu verdadeiro nome, em sua transição que acontece aos 13 anos com os jovens que podem fazer magia; e por último Gavião, seu nome como uma lenda, arquimago e matador de dragões.

O Feiticeiro de Terramar, primeiro livro do Ciclo Terramar, da consagrada autora de fantasia e ficção científica, Ursula K. Le Guin, vencedora de renomados prêmios de literatura, construiu uma história de fantasia para adolescentes, depois que seu editor pediu que pensasse na possibilidade de escrever para os mais críticos leitores que geralmente se apegam a grandes histórias e gostam de acompanhar grandes aventuras.

Até então, Senhor dos Anéis era a única coisa sublime que saltava aos olhos do mundo na literatura fantástica da época (O feiticeiro de Terramar foi lançado em 1968, Senhor dos Anéis 1955), mas foi escrito para adultos - não que jovens não se dispusessem a ler, mas seu foco sempre foi para adultos - então um editor joga a ideia para uma grande autora e ela com seus elementos, talento, técnica e criatividade, criou um mundo em que não existe um vilão propriamente dito, mas a busca pelo autoconhecimento, na luta constante consigo mesmo. Ged busca sua sombra, mas uma sombra que ele mesmo despertou, e que só ele pode destruir e exterminar.

A violência e a escolha entre o vilão e o mocinho, nunca foi o foco da Ursula, pelo menos de acordo com suas palavras no posfácio (maravilhoso), então nessa história, você encontrará aventuras de um menino, que vira um jovem feiticeiro, que sente inveja, ódio e dúvidas, até se transformar na grande lenda disseminada por todos os mares. 

Uma história simples, com poucas páginas e que pra mim não teve uma profundidade marcante, não foi algo que me fez mergulhar de cabeça e sentir conexão com as questões do personagem. Ele parece vazio, um sopro de vontade em ser algo além do esperado. É uma boa história, mas apenas isso: boa. É como se eu estivesse flutuando e observando pessoas me contarem lendas e eu ouvia porque não tinha nada melhor pra fazer.

E tudo acontece rápido, não que a narrativa seja rápida, ela é normal, mas as situações na vida do Ged são transmitidas de forma superficial. O estudo na escola de magos que levam alguns anos, passam em poucas páginas. Talvez a intenção da autora fosse essa mesmo: apresentar quem foi o Gavião, de onde vem, como começou e pra onde vai. 

Considero pontos fortes algumas passagens com ensinamentos dos mestres feiticeiros da escola de magos, o encontro com um bichinho que vira seu companheiro e a amizade com Vetch. 

Tenho na minha memória as ótimas experiências que as leituras dos livros de Eragon e a série Harry Potter proporcionaram: aquele frenesi, aquela torcida e aquela vontade de entrar dentro das páginas. Sei da referência da Ursula para essas obras e tantas outras, mas a leve expectativa estava aqui, e não foi superada. Mas tudo bem, acontece. 

Se você busca conhecer o começo da fantasia para jovens, e pra quem nunca leu nada dos livros que citei anteriormente - como adolescentes que estão começando a gostar de ler - é uma boa forma de serem introduzidos pra depois buscarem navegar sozinhos por outros mares.