[Resenha] Boo

Autor: Neil Smith
Páginas: 336
Editora: Fábrica 231
Oliver Dalrymple é o típico “looser” americano: aos 13 anos, magro e pálido como um fantasma, está mais interessado em biologia e química do que em esportes e vida social. Um dia, enquanto se recupera de um dos frequentes episódios de bullying de que é vítima recitando a tabela periódica em frente a seu armário, ele desfalece para sempre. E é aí que sua verdadeira vida começa. O “céu” onde Oliver acorda depois do que acredita ter sido uma parada cardíaca em função de um problema congênito chama-se Cidade e é povoado por pessoas que morreram aos 13 anos, como ele e seu colega de escola Johnny Henzel, que chega dias depois de Boo à Cidade, trazendo notícias perturbadoras sobre a causa da morte deles. Notícias que mudam para sempre a percepção de Oliver Boo sobre sua personalidade e seu lugar no mundo. Elogiado pela crítica e adorado pelos leitores, Boo é um romance cativante sobre amizade, confiança, bullying e a difícil tarefa de ser adolescente.

Boo chamou a minha atenção pela capa e sinopse, sabe quando você já espera que o livro vai te envolver e fazer seu coração em mil pedacinhos? Eu imaginava que essa seria uma leitura do tipo, e realmente acertei em cheio, a obra é extremamente emocionante, mas ao mesmo tempo consegue ter uma leveza. O autor criou uma trama onde possui elementos que nos lembram o Céu, ou Paraíso, no entanto, não é conduzida totalmente para o lado religioso. Há assuntos mais importantes, e sérios, tratados, e que merecem destaque: bullying, amizade, vingança e adolescência.

Oliver, também conhecido como Boo, é o típico garoto desajustado: magro, muito pálido, muito inteligente (nerd para os outros, que usam essa palavra como ofensa), não consegue socializar como as outras crianças, e na verdade nem gosta de muito contato com outras pessoas. Tudo isso o faz sofrer bullying na escola, do pior tipo possível. Um dia, quando estava recitando a tabela periódica na frente de seu armário, ele simplesmente morre. Acorda em um lugar que parece o Céu, e que só vivem pessoas que morreram com treze anos também.

A Cidade é um local que fornece tudo: comida, roupas, dormitórios. E, de vez em quando, surgem objetos do mundo dos vivos que os deixam intrigados. Já surgiu até mesmo animais, o que faz as crianças ficarem eufóricas achando que existe algum portal para levá-las de volta, mesmo que como fantasmas, e rever as famílias, ou até mesmo assombrar alguém.

Boo não fica "sozinho" por muito tempo, pois alguns dias depois surge Johnny Henzel, um garoto de sua escola que também morreu, e que traz uma terrível notícia: eles foram assassinados. Um garoto levou uma arma para a escola e acabou matando Boo e Johnny, e depois se matou. Boo não lembra de nada, e Johnny não sabe quem é o atirador. Mas, ele acaba ficando extremamente obcecado em descobrir se ele pode estar na Cidade também.

Boo e Johnny nunca foram amigos, eram apenas conhecidos, e no decorrer do livro quando Boo relembra momentos que teve com o agora amigo, percebemos que a relação dos dois sempre foi muito peculiar, tanto por Boo ser incapaz de manter qualquer tipo de relacionamento ou conversa, quanto por Johnny se mostrar um garoto introspectivo, apesar de popular por ser atleta. Essa é uma fase que mostra que a adolescência nunca aparenta ser o que é. 

A leitura é extremamente envolvente e viciante. Acompanhamos duas crianças inseguras, com dúvidas do que aconteceram com elas e o lugar em que estão, mas que acabam encontrando uma amizade verdadeira. Boo deixa de ser aquela pessoa antissocial e passa a conviver mais com as pessoas. É muito emocionante ter relances da parte do tiroteio na escola, até mesmo angustiante. Boo tinha um problema no coração, e achou que havia morrido disto, mas quando descobriu o verdadeiro motivo, ficou muito chateado por ter estagnado nos treze anos e ter deixado os pais.

Boo é um livro rápido de ler, e que com certeza irá surpreender e emocionar qualquer pessoa. Apesar de ser juvenil, ele não é nem um pouco previsível, pelo contrário, fiquei bastante em dúvida de quem seria o atirador. A escrita do autor é muito delicada e fácil de se envolver. Eu recomendo demais a leitura, os personagens são apaixonantes e a trama extremamente intensa, fazendo o leitor derramar algumas lágrimas.