[Resenha] O que há de estranho em mim

Autora: Gayle Forman
Páginas: 224
Editora: Arqueiro
Ao internar a filha numa clínica, o pai de Brit acredita que está ajudando a menina, mas a verdade é que o lugar só lhe faz mal. Aos 16 anos, ela se vê diante de um duvidoso método de terapia, que inclui xingar as outras jovens e dedurar as infrações alheias para ganhar a liberdade.
Sem saber em quem confiar e determinada a não cooperar com os conselheiros, Brit se isola. Mas não fica sozinha por muito tempo. Logo outras garotas se unem a ela na resistência àquele modo de vida hostil. V, Bebe, Martha e Cassie se tornam seu oásis em meio ao deserto de opressão.
Juntas, as cinco amigas vão em busca de uma forma de desafiar o sistema, mostrar ao mundo que não têm nada de desajustadas e dar fim ao suplício de viver numa instituição que as enlouquece.

O que há de estranho em mim é a segunda obra da Gayle Forman que eu leio, e após terminar a leitura percebi que tem uma parte ruim em conhecer autores novos, pelo menos isso acontece comigo: a segunda leitura vai ser sempre comparada com a primeira. Já é a terceira autora que eu faço isso,  fico comparando escrita, histórias, dramas e etc... Eu acho que quando você já leu muitos livros do mesmo autor já se acostumou com as manias, com as diferenças, ou mesmo a qualidade. Nesse caso, por ser minha segunda experiência com a autora não tive como não comparar, e a verdade é essa: O que há de estranho em mim não tem a mesma carga dramática que Se eu ficar, e talvez por pensar nisso a leitura não tenha sido tão satisfatória o quanto eu esperava. A história é ruim? Não, não é, mas ela não me cativou o suficiente. E coloco a culpa na minha mania de comparar mesmo.

Gayle trouxe, sim, um tema bastante forte para sua trama: reformatórios para jovens problemáticos, onde é possível perceber que acabam os deixando mais traumatizados ainda. No entanto, apesar de ser algo intenso, o enredo acabou sendo leve e fácil, não senti tanta pena assim da protagonista, mas não por eu ter coração de pedra, gente, mas porque Gayle escreveu desse jeito, não consegui sentir mais do que eu já senti. No geral, foi uma leitura boa e rápida, e acabei tendo alguns sentimentos, sim, como raiva. Raiva de pais que acham que esse tipo de escola vai consertar seus filhos. Raiva dos métodos usados para deixar as adolescentes "melhores". E também, raiva de jovens lá dentro que acabavam achando certo tudo o que ocorria.

Brit tem cabelo colorido, toca em uma banda e não gosta de sua madrasta. Tem sempre uma resposta na ponta da língua. Agora me digam, qual adolescente não é um pouco rebelde? No entanto, esse comportamento acaba fazendo seu pai a internar na Red Rock, um reformatório juvenil, onde ele acha que está a ajudando, principalmente depois de uma tragédia do passado. Ao chegar lá Brit percebe que os métodos são muito duvidosos e cruéis, o que acaba a deixando com mais raiva ainda. Mesmo sendo proibido qualquer tipo de amizade Brit consegue se aproximar de algumas garotas, o que torna sua estada lá um pouco mais suportável.

Quando me trancaram na Red Rock, comecei a me sentir vazia, cansada e, na maioria das vezes, revoltada. Em alguns dias, eu simplesmente desejava desaparecer da face da Terra. Portanto, não só eu não fazia a menor ideia de quando poderia voltar à minha vida normal, como também não sabia quem eu seria quando isso enfim acontecesse.

As jovens que estão internadas lá têm todo o tipo de problema: bulimia, anorexia, tendência suicida... Muitos problemas que deveriam ser tratados com profissionais da área, algo que nenhum funcionário da Red Rock é. Muitas vezes isso pode agravar a situação, já que cada caso deveria ser tratado separadamente. Bem, eu realmente fiquei chocada com tudo o que foi descrito deste tipo de lugar, não imaginava que existisse algo assim de verdade, eu sei daqueles internatos que os pais praticamente deixam o filho mofando lá, mas algo tão cruel desse jeito?

Eu queria ter me emocionado mais com a trama, mas o que sobrou foi apenas raiva. Mesmo que Gayle narre detalhadamente as crueldades que se passam no reformatório, eu não consegui me conectar profundamente com tudo. Fora isso, foi uma leitura envolvente e fluída, recomendo! Estou ansiosa para ler outras obras da autora, e dessa vez vou tentar não compará-las!