[Resenha] O aliciador

Autor: Donato Carrisi
Páginas: 434
Editora: Record
O criminologista Goran Gavila e a equipe de investigação de homicídios enfrentam um caso perturbador: seis braços de meninas entre 9 e 13 anos são desenterrados em um bosque. Cinco das crianças identificadas desapareceram na última semana. Conforme os cadáveres emergem, as esperanças de que a sexta menina esteja viva provocam uma corrida contra o tempo, mas as pistas, em vez de levarem a equipe ao culpado, revelam-se parte de um plano friamente arquitetado pela mente cruel e brilhante do assassino.

O primeiro romance de Donato Carrisi, formado em Direito e especialista em criminologia, apresenta em um enredo cheio de reviravoltas acompanhado de alguns casos que realmente aconteceram, a história principal que gira em torno do criminologista Goran Gavila e sua equipe, que busca incansavelmente uma sexta menina que ainda pode estar viva, depois de ser constatado enterrados em um bosque, seis braços esquerdos, todos de meninas entre 9 e 13 anos, filhas únicas e que desapareceram sem deixar pistas.

Para ajudar na investigação, uma especialista em encontrar crianças desaparecidas é chamada para integrar a equipe. Milla Vasquez é muito capaz em sua área, pois já encontrou muitas crianças e realmente se envolve a ponto de arriscar tudo por elas, que vivem em um mundo de pensamentos limpos, e são sugadas de repente para um mundo de sombras.

Depois que o grupo está formado, composto por Gavila, o civil especialista que tem o aval da Polícia para fazer parte e chefiar as investigações; Boris, jovem e esperto especialista em interrogatórios com formação no exército; Sarah Rosa com formação em tecnologia e especialista na área; Stern, um agente policial com uma carreira e vida exemplar, bom marido e muito religioso; e por último Milla, que dedica sua vida a encontrar crianças não importa o tempo que passe; tudo começa a virar um jogo de buscas que não vai diretamente ao encontro do responsável que sequestrou as meninas, mas sim de outros casos que vão aparecendo conforme as investigações vão sendo feitas e pistas são lançadas.

O enredo te fisga logo no início, e você quer descobrir tudo o que se passa, mas eu não fui criando conjecturas para tentar descobrir conforme eu lia, simplesmente fui acompanhando, onde o autor intercala a história com passagens de pensamentos de uma criança, correspondência entre a promotoria e uma penitenciária, e principalmente entre o foco dos personagens Goran Gavila e Milla.

Posso dizer que a personagem Milla seria a principal do livro, pois ela faz toda a diferença, em todos os sentidos, conforme a história avança. Ela sai da sua área pra ser escalada para uma investigação em outra cidade com pessoas que não conhece, tendo que lidar com a desconfiança dos outros ou pouca abertura que poderiam dar, e seu próprio temperamento fechado e introspectivo intimida um pouco a todos que já estão envolvidos há muito tempo, e ela é apenas uma novata que é inserida de última hora para ajudar na investigação, que está deixando o inspetor chefe Roche em maus lençóis pois nada ainda foi esclarecido.

A cada corpo que é encontrado, mais o livro é mergulhado em pistas e possibilidades que deixa tudo ainda mais difícil de decifrar. Assim que a história parece que está se fechando, algo se esclarece, uma sombra recai sobre todos, e o final chega como uma constatação que o mal é tão real e acessível, que acreditar que os fatos relatados aconteceram na realidade, faz o sentimento de injustiça e impotência dominar você, assim como às vezes podemos ser cegos pro mal que pode estar tão perto da gente e nem conseguimos enxergar pra ajudar, ou simplesmente fingimos que não vemos e nos fechamos apenas naquilo que nos importa, deixando de perceber o que acontece ao nosso redor. Gostei da leitura, achei a mente do autor muito perspicaz, só um tanto mirabolante em algumas circunstâncias criadas para deixar o enredo mais misterioso, onde alguns detalhes não me convenceram e achei que poderia terminar de uma forma mais drástica, e não como foi. Mas como um thriller policial, cumpre seu papel de tirar o fôlego.