[Resenha] A livraria dos finais felizes

Autora: Katarina Bivald
Páginas: 336
Editora: Suma de Letras

Sara tem 28 anos e nunca saiu da Suécia — a não ser através dos (vários) livros que lê. Quando sua amiga Amy, uma senhora com quem troca livros pelo correio há anos, a convida para visitá-la na cidade de Broken Wheel, Iowa, Sara decide se aventurar. Mas ao chegar lá, descobre que Amy faleceu. Sara se vê desacompanhada na casa da amiga, em uma cidade muito pequena, e começa a pensar que talvez esse não seja o tipo de férias que havia planejado. Com o tempo, Sara descobre que não está sozinha. Nessa cidade isolada e antiga, estão todas as pessoas que ela conheceu através das cartas da amiga: o pobre George, a destemida Grace, a certinha Caroline e Tom, o amado sobrinho de Amy. Logo Sara percebe que Broken Wheel precisa desesperadamente de alguma aventura, um pouquinho de autoajuda e talvez uma pitada de romance. Resumindo: a cidade precisa de uma livraria.

É um tanto arriscado apostar que um livro irá corresponder a todas às suas expectativas, mas A Livraria dos Finais Felizes conseguiu cumprir sua função de me conquistar, e parece até que foi feito para mim, sabe? Só aviso que acho que nem todo mundo vai gostar dele. Ele é mais um livro sobre pessoas que nem sabem o que fazer da vida, têm sonhos ou parece que têm, mas não fazem ideia de nada, e leva tudo assim meio que levando; ou simplesmente se você consegue sentir empatia, e quiser acompanhar as aventuras da personagem e de todos os habitantes da pequena cidade de Broken Wheel, em um livro meio melancólico, sem grandes reviravoltas, em um enredo que te conquista com coisas simples, em que todos os personagens da pequena cidade sempre têm algo a dizer. Senti como se tivesse vendo um episódio de Gilmore Girls, com alguns personagens bem curiosos, e uma protagonista perdida e sem grandes ambições, e com todos os clichês que você pode enumerar, mas que pra mim deu certo, e é o que importa.

Não digo isso meio que delimitando um público, afinal o enredo pode ser para todo mundo, mas nada acaba agradando a todos, e alguns podem se identificar e outros não. Pois como dizem: se você ainda não conseguiu começar a gostar de ler é porque ainda não achou o livro certo para você, e praticamente a obra de estreia da Katarina Bivald é sobre isso, sobre o amor pelos livros, sobre o poder transformador que eles têm, sobre como fazer o próprio livro falar sobre ele mesmo. 

Identificação é a chave para todo tipo de história, e é assim que essa obra me surpreendeu. Ele não tem grandes pretensões de ser o livro que irá mudar sua vida, ou ser seu favorito nem nada, é apenas uma história simples, sobre pessoas simples, falando da simplicidade de uma cidade pequena, onde a personagem acabou indo parar porque queria viver sua primeira aventura de verdade na vida.

Ninguém tem ideia do que realmente importa na vida do outro, às vezes todo mundo acha que todos pensam em fazer ou ter grandes coisas, sem pensar em ser primeiro. E meio que na insegurança de seus pensamentos e na incerteza da sua decisão, a Sara vai ser levada a analisar sua vida e fazer os outros habitantes a fazerem o mesmo.

A personagem cita várias obras conhecidas, desde clássicos, chick lit, jovem adulto, e todo tipo de literatura que fazem a identificação ser instantânea. 

Jurava que o livro seria apenas legal, mas não sei dizer o motivo, pois de forma bem lenta e cativante, ele conseguiu arrancar de mim todas as estrelas necessárias para classificá-lo de forma especial. 

É bacana como coisas simples podem ser transformadoras e nem tudo precisa ser assim extravagante e arrebatador para ser lembrado.