terça-feira, 16 de agosto de 2016

[Resenha] Apenas um garoto

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Autor: Bill Konigsberg
Páginas: 256
Editora: Arqueiro
Rafe saiu do armário aos 13 anos e nunca sofreu bullying. Mas está cansado de ser rotulado como o garoto gay, o porta-voz de uma causa.
Por isso ele decide entrar numa escola só para meninos em outro estado e manter sua orientação sexual em segredo: não com o objetivo de voltar para o armário e sim para nascer de novo, como uma folha em branco.
O plano funciona no início, e ele chega até a fazer parte do grupo dos atletas e do time de futebol. Mas as coisas se complicam quando ele percebe que está se apaixonando por um de seus novos amigos héteros.


Apenas um garoto é o segundo livro que eu leio desse tema no mês, e preciso relatar o quão impressionada eu fiquei de como ele foi retratado nessa obra, enquanto a maioria mostra o bullying contra os gays, o autor resolveu mostrar a vida de um garoto que nunca passou por isso, que na verdade é bem aceito - até mesmo pelos pais -, porém, que não suporta ser conhecido como o garoto gay. Essa é uma história que vai mostrar um recomeço para o personagem, lhe dando algo que ele sempre sentiu falta: ser ele mesmo. 

Foi muito surpreendente me deparar com este enredo, pois eu realmente esperava por situações dramáticas por parte do personagem. Não que sua situação atual não seja igualmente dramática, porém, não tem aquele peso da negação das pessoas e intolerância de forma aberta e direta, é algo mais leve. Claro que ser rotulado não é bacana, e o leitor acaba se comovendo por tudo o que o personagem passa, pois é visível que seu rótulo não deixa as pessoas se aproximarem dele de forma correta, o que mostra uma falsa aceitação.

Rafe é gay, contou aos pais quando tinha treze anos, e os mesmos deram todo o apoio. Ele teve um relacionamento com outro garoto, porém, cada dia mais aquele rótulo de 'garoto gay' o consumia. Como o primeiro a se assumir na escola, virou meio que o porta voz da causa, junto com sua mãe, e se transformou em algo que ele não queria ser ao se assumir gay.

Como forma de recomeçar a vida ele decide ir para uma escola só de garotos, em outro estado, e o principal: ele não vai falar que é gay. Ele quer que as pessoas o conheçam, o verdadeiro ele, e esta é a melhor maneira de fazer isso. Na escola ele descobre como é ter amigos, participar de algo e ser aceito. O único problema é que ele percebe que está gostando do seu novo melhor amigo. É então que Rafe se questiona se ter omitido que era gay foi uma boa ideia. 

O que mais me deu raiva na história toda foi que os pais e sua melhor amiga não entendiam o que era para ele ser visto como apenas um garoto gay. Eu acho que é fácil para pessoas que são aceitas socialmente julgarem algo que não presenciam pessoalmente. Essa escolha de Rafe pode não ter sido a melhor decisão e ter lhe rendido consequências pesadas, porém, é isso o que eu disse: era uma escolha dele. Não dos pais. Nem da amiga. Rafe precisava daquilo, era a única forma de não se sentir sufocado.

Apenas um garoto tem uma narrativa muito gostosa, o personagem em si é muito cativante e fofo, eu gostei muito de Rafe e fiquei a leitura toda torcendo para o melhor amigo decidir assim do nada virar gay também e ficar com ele. A história dos dois é muito amorzinho! O livro passa uma mensagem muito atual, e eu acho que todos deveriam ler. Recomendo!

7 comentários:

  1. Pois é, é sempre fácil julgar alguém sem realmente estar na pele da pessoa, as vezes é inevitável, mesmo que não seja intencional. Eu estou com vontade de ler este livro, principalmente depois de ver tanta resenha positiva. Recentemente li "1+1 A Matemática do Amor" que é no mesmo gênero e adorei!!

    Bj, Van - Retrô Books
    http://balaiodelivros.blogspot.com.br/

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  2. Oi, Dessa!
    É sempre bom incitar debates diversos sobre preconceito - em suas mais variadas formas -, porque infelizmente é algo que continua presente nos dias de hoje. Legal a premissa do livro com essa questão do 'rótulo', nos leva a refletir um pouco sobre estereótipos tão presentes nas mentes de algumas pessoas, mas que no fim das contas não representam nem metade de quem foi intitulado, afinal, cada ser humano, a seu modo, é muito mais do que um simples título.
    Beijos!

    ♥ Sâmmy ♥
    ♥ SammySacional ♥

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  3. Olá!
    Achei interessante o autor retratar um outro lado, pouco ou quase nada abordado nos livros que tem foco no bullying. Rótulos nunca são legais. E consigo imaginar o que levou Rafe a querer começar do zero.
    Me interessei bastante pela obra.
    Beijos.

    Li
    Literalizando Sonhos

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  4. Oi, tudo bom?
    Vejo que muitas pessoas estão comentando deste livro, mas ate agora não tinha parado para ver do que se tratava o livro. Confesso que não leio muitos livro deste gênero, mas este me chamou a atenção, quero saber o que acontece com ele e seu melhor amigo. Este livro tem um aspecto que seja bem agradável de se ler, e que traz um relexão nas entrelinhas.
    Adorei a sua resenha, bem escrita.

    Bjux ;)
    http://entrelinhasalways.blogspot.com.br/

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  5. Esse livro aborda um tema que está sendo muito visado ultimamente e tem que ser assim mesmo, precisa ser mais discutido e as pessoas precisam aceitar que a vida dos outros nos nos interessa desde que não nos prejudique.

    Gostei de ver a sua opinião sobre a obra e achei a capa muita bonita.

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  6. Olá, Andressa.
    Já li muitas resenhas positivas sobre esse livro, ele já entrou pra minha listinha de desejados. Me interessou, principalmente, pela temática. Um tema que deve ser escrito e discutido mais vezes.
    Beijos!
    A World to Read

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  7. Olá Andressa!
    Já li muitos comentários a respeito desse livro e essa premissa é bem diferente de outros livros do gênero. A questão do bullyng tem sido muito abordada ultimamente e o autor inovou ao mostrar um garoto que nunca havia passado por isso.
    Beijos.

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