[Resenha] O sal da vida

Autora: Françoise Héritier
Páginas: 108
Editora: Valentina
Existe uma forma de leveza e de graça no simples fato de existir, que vai além das ocupações, além dos sentimentos poderosos e dos engajamentos políticos. É sobre isso que este livro fala. Sobre esse pequeno plus que nos é dado a todos: “O Sal da Vida”. Nesta meditação, nesta espécie de poema em prosa em homenagem à vida, totalmente íntimo e sensorial, a renomada antropóloga Françoise Héritier vai atrás das pequenas coisas agradáveis (às vezes nem tanto) às quais aspira o mais profundo do nosso ser: as imagens e as emoções, os momentos marcados de recordações que dão sabor à vida, que a tornam mais rica e mais interessante do que muitas vezes acreditamos que ela seja, e que nada nem ninguém poderá nos tirar, nunca, jamais!

Desde que este livro lançou eu fiquei extremamente curiosa para conferir, apesar de não ser um gênero que eu gosto tanto, eu queria sair da minha zona de conforto literária e embarcar em algo que me fizesse ponderar sobre minha existência. E nada melhor do que fazer isso com O sal da vida, que em poucas páginas faz o leitor refletir sobre o que lhe faz feliz e o que dá sentido em sua vida. 

A antropóloga Françoise Héritier chegou a conclusão de que realmente nossas obrigações diárias fazem com que não tenhamos tempo para nós mesmos, que fazem nossos dias serem todos iguais, os deixando sem um propósito ou sentido. Refletindo melhor, ela resolveu definir o que é o seu sal da vida, seus momentos de felicidade, e compartilhar com um amigo.

A autora nos conta, nessas quase cem páginas, tudo aquilo que lhe traz momentos de felicidade. Há até mesmo coisas nem tão agradáveis, mas que mesmo assim lhe trazem aquele prazer da vida. O sal da vida não precisa ser só sentimentos e sensações boas, pode ser tudo aquilo que de algum modo te faz se sentir viva. É uma obra bastante reflexiva, e em alguns momentos nos identificamos com o que ela cita.

O sal da vida tem uma leitura fluída, mas quase no final eu já estava cansando de conferir a lista interminável da autora, rs. Essa é uma leitura que, mesmo sendo feita em poucas horas, eu indico a ler pausadamente. Eu acredito que desta forma fique algo mais leve e prazeroso. Eu realmente adorei o livro, e fiquei pensando em tudo aquilo que também é meu sal da vida. Vou citar alguns...

... escutar músicas que lembram da adolescência, assistir um filme anos depois e ter uma visão diferente, abrir pacotes de livros, ler o primeiro capítulo de uma nova história sem saber nada sobre, rir de coisas bobas com o marido, sentir que você é necessária em algum lugar, conhecer lugares novos, ler até não ver o tempo passar, cantar músicas em inglês com sua própria letra, fazer de conta que entendeu o que a pessoa falou e sorrir (porque depois da segunda vez fica chato pedir pra repetir)...

E então, qual o sal da vida de vocês? Pode ser a coisa mais simples, boba, e que para outra pessoas não tenha significado nenhum. São prazeres que nem pensamos que nos fazem bem, mas na verdade, fazem uma diferença enorme. Recomendo a leitura!