[Resenha] Bom dia, Verônica

Autora: Andrea Killmore
Páginas: 256
Editora: DarkSide
Em "Bom dia, Verônica", acompanhamos a secretária da polícia Verônica Torres, que, na mesma semana, presencia de forma chocante o suicídio de uma jovem e recebe uma ligação anônima de uma mulher desesperada clamando por sua vida. Com sua habilidade e sua determinação, ela vê a oportunidade que sempre quis para mostrar sua competência investigativa e decide mergulhar sozinha nos dois casos. No entanto, essas investigações teoricamente simples se tornam verdadeiros redemoinhos e colocam Verônica diante do lado mais sombrio do homem, em que um mundo perverso e irreal precisa ser confrontado.
Andrea Killmore compõe thrillers como os grandes mestres, e sua experiência de vida confere uma autenticidade que poucas vezes encontramos em suspenses policiais, vibrante e cruel — como a realidade.

*Livro cedido em parceria com DarkSide.

Bom dia, Verônica é outro lançamento nacional incrível da DarkSide. Eu li após Diário de uma escrava, e apesar de ter um tema bastante parecido, a narrativa e enredo de cada uma das obras são completamente diferentes e únicas. Cada livro tem sua peculiaridade, mas os dois servem para alertar sobre um assunto que hoje em dia é muito comum: a violência física e psicológica contra a mulher. Eu estava muito curiosa para conferir essa leitura depois que li mais sobre a autora. Achei bastante intrigante isso de nem a editora saber quem ela é.

Eu sempre confiro algumas resenhas após o término da leitura para saber o que os outros leitores acharam da obra, se é parecido com a minha opinião e tal. E o que eu achei engraçado foi encontrar algumas resenhas que desgostaram de Bom dia, Verônica por causa da personagem, Verônica. Vi muitos comentários de que ela era egoísta, vadia, traidora, incompetente e tudo mais. Aí eu parei para pensar que esses adjetivos combinam bastante com a maioria dos protagonistas masculinos de livros policiais que eu já li, e livros esses que todos gostaram, independente da personalidade e caráter do personagem. Então por quê Verônica não poderia também ter esses defeitos? E por quê se permitir que a personagem fizesse com que o livro fosse considerado ruim?

Eu gostei muito desse lado de Verônica, é raro ler obras desse gênero e encontrar uma protagonista feminina, então quando encontrei uma que tem defeitos, e que comete erros assim como qualquer outro, passei a amar a narrativa. Sim, muitas de suas atitudes nos dão raiva, nos fazem julgá-la, mas nada disso fez com que a história fosse mal escrita. Eu acho que é bastante possível relevar a personagem e focar no que realmente importa, na mensagem que o livro traz. Fora que, o desenvolvimento tem um ritmo bastante envolvente, e mesmo Verônica cagando tudo de vez em quando, é um progresso que o leitor acompanha freneticamente.

A obra nos apresenta violência contra a mulher, assassinato, sadomasoquismo, necrofilia e tortura. É uma leitura pesada, violenta e chocante, precisa ter estômago forte para presenciar tudo o que a autora nos apresenta. É angustiante tudo o que acontece, e quando o leitor entende o motivo da caixa que aparece na capa é pior ainda.

Verônica é secretária de um chefe de polícia, mas sempre mostrou-se com um faro investigativo e uma vontade de ajudar as pessoas. Quando uma mulher se joga do 11º da delegacia e suas últimas palavras são: "agora ele vai ser capaz de me amar", ela precisa entender melhor o que aconteceu. E esse é o primeiro caso que ela começa a investigar sozinha. O segundo se apresenta quando uma mulher desconhecida liga para Verônica e pede ajuda, seu marido é um assassino e ela será a próxima vítima.

São dois casos distintos, e talvez ter se envolvido com ambos, e sem ajuda, fizeram com que muitas coisas dessem errado no decorrer da trama. Porém, há também muitos acertos, e esse equilíbrio nos mostra que nem tudo tem que ter um final feliz ou ser fácil. E eu nem esperaria algo do tipo de um thriller psicológico desses.

A narrativa é feita de duas formas: em primeira pessoa por Verônica e em terceira por Janete, a pessoa que ligou para ela. A parte de Janete foi, para mim, a mais envolvente, pois é através dela que adentramos mais nesse mundo sombrio, cruel e chocante que seu marido a leva.

Bom dia, Verônica é uma leitura intensa, com seus altos e baixos, mas que conseguem prender a atenção do leitor até a última página. O final é totalmente inesperado, e eu fico me perguntando se poderá ter uma continuação. A edição da DarkSide é em capa dura, com folhas amareladas e uma diagramação muito bonita. Recomendo a leitura!