[Resenha] Os humanos

Autor: Matt Haig
Páginas: 312
Editora: Jangada
Quando um visitante extraterrestre chega à Terra, suas primeiras impressões da espécie humana são pouco positivas. Ao assumir a forma do professor Andrew Martin, da Universidade de Cambridge, o visitante está ansioso por cumprir a tarefa macabra que lhe foi incumbida e voltar rapidamente para seu planeta. Ele se sente enojado pela aparência dos humanos, pelo que eles comem e por sua capacidade de matar e guerrear. Mas, à medida que o tempo passa, ele começa a perceber que pode haver mais coisas nessa espécie do que havia pensado. Disfarçado de Martin, ele cria laços com sua família e começa a ver esperança e beleza na imperfeição humana, o que o faz questionar a missão que o levou à Terra.

Os humanos é o primeiro livro que eu leio do Matt Haig, e já virei fã! Que criatividade! Confesso que eu solicitei o livro só de saber que tinha extraterrestres no meio, então nem li a sinopse completa. Me surpreendi bastante com o enredo, além de ser divertido, temos uma grande lição de como viver. Sabe aquela leitura que você não vê o tempo passar? Quando percebeu, já leu cinquenta páginas? Foi assim com Os humanos. Esse é o tipo de livro que todos deveriam ler.

Andrew Martin é um professor de matemática da Universidade de Cambridge, e ele descobriu a resposta de um grande enigma matemático. Porém, essa descoberta é algo que a humanidade não saberia lidar, por isso, seres de outro planeta precisam intervir. É então que enviam alguém para destruir essas provas, tomando o lugar de Martin. O extraterrestre que tem essa missão não está nem um pouco satisfeito, pois os humanos são seres desagradáveis e com costumes estranhos, além de terem uma inteligência inferior.

Acompanhamos o "novo" Andrew Martin precisando se adaptar com nossa vida, nossas regras de socialização e com sentimentos até então desconhecidos por ele. Com o tempo, percebemos que o que antes era indiferente para Andrew, acaba tendo mais significado. Sua missão não para em apenas destruir provas e pessoas, mas também entender melhor a humanidade.

É isso que começa a acontecer quando percebe que pode sentir dor sobre a qual não tem controle. Torna-se vulnerável. Porque a possibilidade da dor está no lugar de onde o amor surge. E isso, para mim, era uma péssima notícia.

O livro todo é narrado pelo ponto de vista de Andrew, o extraterrestre, então é muito divertido ler todas suas considerações sobre nós, humanos. Percebemos que suas dúvidas possuem um pouco de verdade, mas também o mais importante, não há nada melhor do que possuir sentimentos. São eles que dão mais significado a vida. Andrew não tem família em seu planeta, não tem medo, vergonha, não tem nada. Então no início ele demora para se adaptar, entrando em algumas situações constrangedoras, porém, muito engraçadas.

A leitura de Os humanos é muito fluída e bastante reflexiva, o desenvolvimento da história é rápido e envolvente. Eu gostei muito de tudo, principalmente dos personagens, que se mostraram bastante reais, com defeitos, inseguranças e erros. A família de Andrew, o verdadeiro, se mostrou desestruturada, o professor não era alguém muito presente e carinhoso, e com a vinda do extraterrestre, há uma mudança significativa no relacionamento deles.

Com uma escrita leve, Matt nos mostra o quão complexos os humanos são. Ao mesmo tempo que há coisas maravilhosas sobre nós, há outras desnecessárias, que facilitariam mais nossa felicidade. Eu acredito que há vida em outros planetas, até mesmo galáxias, então a leitura foi muito empolgante. Recomendo!