[Resenha] As gêmeas do gelo

Autor: S. K. Tremayne
Páginas: 362
Editora: Bertrand Brasil
Um ano depois de Lydia, uma de suas filhas gêmeas idênticas, morrer em um acidente, Angus e Sarah Moorcroft se mudam para a pequena ilha escocesa que Angus herdou da avó, na esperança de conseguirem juntar os pedaços de suas vidas destroçadas. Mas quando sua filha sobrevivente, Kirstie, afirma que eles estão confundindo a sua identidade — que ela é, na verdade, Lydia — o mundo deles desaba mais uma vez. Quando uma violenta tempestade deixa Sarah e Kirstie (ou será Lydia?) confinadas naquela ilha, a mãe é torturada pelo passado — o que realmente aconteceu naquele dia fatídico, em que uma de suas filhas morreu?

As gêmeas do gelo foi uma leitura que me deixou em êxtase por dias. Que história incrível! Eu havia me interessado pela obra por conta da sinopse, e também da capa, e já sabia mais ou menos o que esperar do enredo, pois parece que praticamente a maior parte dele é revelado nessa sinopse, mas me enganei, a leitura é muito mais intensa e arrebatadora do que o esperado. Eu li essa obra muito rápido, e foi realmente difícil desgrudar - nas poucas vezes - da história, pois a curiosidade é maior, fora todo aquele suspense dramático onde é preciso continuar no ritmo para não perder nenhum detalhe.

Angus e Sarah são casados, têm duas filhas gêmeas, um cachorro, uma casa e empregos estáveis. Tudo perfeito. No entanto, após um acidente, os dois perdem uma de suas filhas: Lydia, a mais quieta, aquela que gosta de ler, a favorita da mãe. É um trágico acontecimento que desequilibra essa família que até então era tão feliz. Angus e Sarah perderam uma filha, mas ainda precisam seguir com a vida pela que ficou: Kirstie, a mais alegre e extrovertida. O casal resolve começar uma nova vida em uma ilha escocesa que Angus herdou da avó. E é lá que todo o clima de mistério inicia. Kirstie revela algo bombástico: ela na verdade é Lydia. Sarah já havia percebido a mudança na filha, porém, achou que fosse saudade da irmã. No entanto, quanto mais a filha insiste nisso, mais Sarah se sente inclinada a acreditar nela. Nesse meio tempo, Angus parece saber de algo, o que torna todo o suspense maior.

— Mamãe, por que você continua me chamando de Kirstie?
Não respondi. O silêncio impera. Então falo:
— O quê? Não entendi, querida.
— Por que você continua me chamando de Kirstie, mamãe? Kirstie está morta. Quem morreu foi a Kirstie. Eu sou Lydia.

As gêmeas do gelo apresenta um thriller psicológico incrível e muito bem escrito. O autor consegue fazer o leitor duvidar de tudo e de todos. Há muitos segredos escondidos, e a cada página acontece algo que nos faz desacreditar na teoria que criamos e já pensar em outra. A ambientação é muito relevante para a trama, pois a ilha toda tem um ar bastante misterioso, quase sobrenatural, o que me fez ficar em dúvida para qual caminho o autor iria me levar: o sobrenatural ou policial? E bem, não vou dizer qual dos dois eu fui conduzida, mas posso contar que o autor foi genial em todo o enredo. Sua construção é bem pensada, ele desenvolve de uma forma que faz o leitor só entender o que aconteceu no final.

Eu tive muito medo da gêmea que estava viva, se eu fosse a mãe dela já tinha saído correndo. Foi tudo muito estranho, o comportamento diferente dela, a teimosia em falar que era Lydia, e tudo o mais. Essa foi uma das partes mais tensas, e quando eu achei que tudo estava resolvido, mais segredos são revelados e todas as dúvidas recomeçam. O relacionamento de Angus e Sarah foi algo bastante conturbado, e a gente até pode entender, afinal, eles perderam uma filha, mas desde o inicio percebemos que há algo por trás disso. E mesmo tendo medo de Kirstie, ou Lydia?, também fiquei com muita pena dela. Imagino como é difícil perder uma irmã, ainda mais sendo ela sua gêmea. 

O final pode não agradar todos os leitores, e eu mesma não sei bem o que pensar dele ainda. Foi conclusivo, foi triste, foi diferente. Enfim, eu acho que combinou com todo o enredo, e não poderia ter sido diferente. Gostei do rumo que o autor deu para o desenvolvimento, iniciamos com algo fixo na cabeça e com o tempo a leitura acaba se intensificando e ficando mais envolvente ainda. Foi uma das melhores leituras que fiz em 2016. Recomendo!