[Resenha] O caso Pedrinho

Autor: Renato Alves
Páginas: 304
Editora: Geração Editorial
O livro traz os detalhes do sequestro na maternidade de uma das crianças mais famosas do país, que ficou conhecido como O Caso Pedrinho. Mesmo passados 12 anos, a história não sai da cabeça do imaginário popular, basta lembrar do garoto e da sequestradora Vilma. O enredo parece de um filme mas o repórter Renato Alves, que acompanhou tudo de perto, revela e compartilha com o leitor os bastidores da investigação policial e da cobertura jornalística do caso Pedrinho, solucionado em 2002. Não era um filme mas teve um final feliz e surpreendentemente. Neste livro reportagem são exibidas em close as entranhas desta comovente história real de amor e perseverança, de falsidade e engano, de generosidade e egoísmo.

Essa foi minha primeira experiência com um livro jornalistico, porque este não é um romance, se é isso que você está buscando, procure outro livro. O caso Pedrinho é uma obra em forma de reportagem, por falta de termo melhor. O autor Renato Alves foi um dos inúmeros repórteres que cobriram todo o Caso Pedrinho, que dá titulo ao livro, quando o crime foi finalmente elucidado em 2002. Renato teve acesso aos bastidores da investigação policial e fez toda a cobertura jornalistica para o jornal Correio Braziliense.

Mas apesar de não ser um romance, o livro de sensibilidade ímpar me fez segurar muitas lagrimas. E mesmo para aqueles que não têm filhos, é impossível não se comover com todo o drama familiar vivido pela família de Pedrinho.

“ – Quando acontece algo desse tipo, a tendência é a família se desagregar. No nosso caso, isso quase ocorreu. Mas eu e a Lia viramos um para o outro e dissemos: “Se não tiver, um lar, o que fará com que esse menino volte para a gente?” Aí decidimos enfrentar tudo, cada vez mais unidos – destacou Jayro.”

A fé de Lia e Jayro, os pais, foi algo sem precedentes e uma lição de vida. Eu mesma me questionei em alguns momentos se conseguiria ter fé por 16 anos, que foi o tempo que eles levaram para encontrar o filho sequestrado com algumas horas de vida dos braços de Lia. A forma como eles lidaram com toda a situação sem pressionar o menino que foi criado com outro nome para que houvesse um encontro, ou até mesmo para a mudança do nome legalmente que aconteceu no tempo certo. Outra coisa que mexeu comigo foi a tentativa de não se animar enquanto a espera do resultado do DNA não foi divulgada. Pois em casos como esses, os pais passam por muitas decepções com informações falsas e telefonemas anônimos.

Para aqueles que assistiram a novela Senhora do Destino, há muitas semelhanças apesar de o autor, Aguinaldo Silva negar ter se baseado nessa história da vida real para escrever a novela. A história é que Lia é enganada por Vilma que se passa por assistente social e leva o filho dos braços da mãe, com a desculpa de fazer alguns exames no menino. Vilma põe a criança em uma sacola, o leva para Goiânia, mente para o amante que o filho é seu e cria o menino como se fosse mesmo seu, a 200 quilômetros, que é a distância entre Goiânia e Brasilia.

Apesar de ter 14 anos quando a policia finalmente descobriu o paradeiro do menino, eu me lembrava da história bem clara, pois me chocou na época, mas ler integralmente os fatos narrados pelo autor em ordem cronológica e com acesso aos detalhes, me deu outra perspectiva dos acontecimentos.

"Sempre duvidei das minhas virtudes como escritor. considero meu texto duro, nada literário. tenho plena consciência de que sou apenas um bom repórter, um jornalista."

E apesar do autor negar o talento no trecho do livro dedicado aos agradecimentos, eu discordo em parte. O texto foi bem narrativo, como uma reportagem deve ser, mas ele soube empregar o grau certo de emoção sem ser parcial, e na minha opinião, Renato Alves não é apenas um jornalista, mas também um escritor.