[Resenha] Matando borboletas

Autor: M. Anjelais
Páginas: 224
Editora: Verus
O primeiro amor, a inocência perdida, e a beleza que pode ser encontrada até nas circunstâncias mais perversas. Sphinx e Cadence — prometidos um ao outro na infância e envolvidos na adolescência. Sphinx é meiga, compassiva, comum. Cadence é brilhante, carismático — e doente. Na infância, ele deixou uma cicatriz nela com uma faca. Agora, conforme a doença de Cadence progride, ele se torna cada vez mais difícil. Ninguém sabe ainda, mas Cadence é incapaz de ter sentimentos. Sphinx quer continuar leal a ele, mas teme por sua vida. O relacionamento entre os dois vai passar por muitas reviravoltas, até chegar ao aterrorizante clímax que pode envolver o sacrifício supremo.

Não sei bem o que eu esperava de Matando borboletas quando li a sinopse, fiquei intrigada com a trama, porém ela acabou me surpreendendo mais do que eu achei possível. Mas sinceramente, ainda não sei se foi para o lado bom ou ruim, meus sentimentos ficaram um pouco confusos com relação a leitura. Sabe quando você não tem ideia se amou ou odiou o livro? Foi isso que o autor me fez sentir. A princípio a história tem tudo para chamar a atenção do leitor, mas em certos momentos ela dá uma esfriada, e o que tinha potencial para ser uma leitura incrível, acaba em algo que não sabemos o que pensar/sentir, como no meu caso. Na verdade, em boa parte da trama eu soube o que sentir: raiva. Raiva da protagonista, dos pais, de Cadence, de tudo.

Sphinx e Cadence são amigos desde que nasceram, suas mães eram pequenas quando também ficaram amigas, e sempre falaram que suas famílias iam ser próximas. De fato, o acordo entre elas é que uma ia ter um filho, e a outra uma filha, e quando os dois fossem mais velhos deveriam se casar e lhes dar netos. Um sonho de criança, que até certo momento se tornou realidade. Porém, quando Cadence corta Sphinx abaixo do olho, sua mãe resolve se mudar para a Inglaterra, e eles se separam. As duas mães continuam amigas, uma envia foto do filho para a outra, e assim, Sphinx vai vendo seu amigo de infância crescer e se tornar um adolescente.

Os olhos dele se fixaram nos meus, e pensei desesperadamente: Ele não está arrependido. Meu rosto cortado latejava.

Tantos anos separados nunca fez ela esquecer da marca deixada em seu rosto. Nem da amizade. Quando Cadence é diagnosticado com uma doença terminal, ela e a mãe vão para a Inglaterra para visitá-lo. O próprio Cadence é quem pede para ver Sphinx. Ela não tem como dizer não. Sua ida nos mostra que o garoto não mudou tanto. Continua frio, sem saber ter sentimentos, agressivo e manipulador, tudo o que ele foi desde criança. E isso tem uma explicação, ele é um sociopata.

Não, não importava se havia algo errado em Cadence; ele ainda era belo, ainda me afetava, ainda era importante para mim. 

Sabe aqueles filmes de terror que você fica falando "não vai aí, idiota", ou algo do tipo? Foi o que eu senti em toda a leitura. Sphinx é idiota a ponto de continuar querendo ficar perto de Cadence. E isso me fez ter muita raiva. Quem em sã consciência fica perto de alguém instável, e que já te machucou anteriormente? É como se ela gostasse de ser tratada daquele jeito. Ok, ele está morrendo, mas um 'oi' e um 'foi bom te ver' não bastavam? Ela precisava forçar tanto assim? Várias decisões dela me fizerem querer gritar de frustração.

Matando borboletas não é um livro romântico. Eu não fiquei torcendo por um amasso entre os dois ou algo do tipo, o autor só me fez ter uma curiosidade enorme sobre o que esperar desse relacionamento estranho entre eles. A trama nos mostra uma visão de alguém sociopata e como é sua relação com as pessoas ao redor. Mas, sinceramente não entendi tanto "amor" da parte de Sphinx, que não podia deixá-lo. É meio que uma obsessão, e me fez questionar se assim como Cadence, ela também não tinha algo "estragado", rs.

A leitura foi bem fluída, apesar de não ter algo tão empolgante assim, na maior parte fiquei com muita curiosidade de saber como tudo ia terminar. Eu esperei que o final fosse de um jeito, e aconteceu bem ao contrário, o que me decepcionou bastante, já que o meu final seria bem mais surpreendente. Enfim, não digo que o livro é de todo ruim, o autor consegue envolver o leitor. Acho que só lendo Matando borboletas para entender melhor. A mensagem que o autor passa é bem direta, um sociopata e suas relações, mas o desenvolvimento em si que me decepcionou um pouco. Além de ter uma personagem fraca demais. Sphinx é aquele tipo de garota que eu odeio: é tratada que nem um cachorro, mas sempre volta com o rabinho entre as pernas.

Leiam a obra, pode ser que ela funcione melhor para vocês. E o livro é bem curto, então não vai ser um tempo tão perdido assim se acabarem não gostando. Um suspense leve, intrigante e com alguns dramas, não é aquele enredo que te faz derramar lágrimas, mas as várias emoções que ele te faz sentir servem para continuar lendo. Só aviso que o final pode não ser tão empolgante assim.