[Resenha] Lembra aquela vez

Autor: Adam Silvera
Páginas: 336
Editora: Rocco Jovens Leitores
Aos 16 anos, Aaron carrega no pulso uma cicatriz que registra a dor pelo suicídio do pai, mas, com o apoio da mãe e da namorada, Genevieve, está determinado a seguir em frente. Quando a garota viaja para um acampamento, porém, Aaron se aproxima de Thomas, e acaba encontrando nele mais do que um melhor amigo. Confuso, Aaron considera recorrer ao LETEO, um instituto que realiza procedimentos científicos para apagar memórias indesejáveis, na tentativa de esquecer lembranças ruins e, principalmente, quem ele é. Mas será possível encontrar a felicidade fugindo de si mesmo? Com uma narrativa pungente e sincera, Adam Silvera fala sobre bullying, homofobia, medo, incertezas, ética, amizade, amor, aceitação e a procura pela felicidade.

Lembra aquela vez é um livro que te destrói aos pouquinhos, e quando você termina, te faz ficar pensando por horas em tudo o que leu. A estreia de Adam Silvera foi excelente, o autor escreveu uma história difícil de ler, com temas pesados, e rumos não tão felizes. Esse não é um livro com temática LGBT com final feliz ou momentos fofos e românticos. Tudo é desenvolvido de forma delicada, e é um soco no estômago do leitor a cada descoberta.

Aaron é um personagem que vai se descobrindo no decorrer da trama, tanto por si mesmo, quanto pela situação imposta. Ele vai te transformar a cada página. Todo o sofrimento não tem fim. E nós queremos muito que tenha. Mas, como eu disse, essa não é uma obra com final feliz. Você precisa estar preparado para juntar os caquinhos após a leitura. 

Aaron está se recuperando de dois eventos traumáticos em sua vida: o suicídio do pai e sua própria tentativa de suicídio. Guinevere, sua namorada, é uma das pessoas que está por perto para tornar mais suportável todos os seus problemas. Até o dia em que ela é aceita em um acampamento de artes, e passa alguns meses fora. Nesse mesmo período, Aaron conhece Thomas, um garoto que vive a vida de forma despreocupada, e que ainda não descobriu seus sonhos.

A obra fala sobre suicídio, preconceito, homofobia e depressão. Esses são apenas alguns temas abordados no enrendo, mas que junto com outras situações, tornaram a leitura delicada, emocionante e, ao mesmo tempo, inesquecível. Nós não podemos esquecer dessa história. E realmente, eu finalizei a leitura com um aperto no coração, e ela ainda está marcada em minha memória.

A narrativa é um pouco arrastada no início, e quando o autor vai nos jogando as bombas, já não temos mais estrutura emocional para aguentar. No entanto, também não conseguimos desgrudar do livro, até ter todas as respostas, até algo dar certo.

O conflito interno que o personagem sente é bastante comum nos jovens. E para Aaron, que já está com o psicológico abalado por conta da morte do pai e a decepção e preocupação que ele mesmo causou a sua mãe, essas dúvidas e angústias são ainda pior. Ele não sabe com quem pode se abrir. Junto a isso, o autor colocou outro elemento na trama, que nos deixa absurdamente chocados.

Lembra aquela vez é um livro triste, mas não daquele tipo que uma pessoa morre, você chora e ponto. Não, aqui é algo mais profundo e crescente. Começa com pequenas coisas, e quando percebemos, estamos atolados no sofrimento junto com o personagem principal. A trama é tocante, e nos faz ver o mundo de outra forma.

Eu amei a leitura, juro que não esperava que fosse gostar tanto, mas o autor conseguiu me envolver desde o início. Sua mensagem de que não devemos mudar aquilo que vivenciamos, aquilo que somos, vem como um tapa na cara. O livro é lindo, apesar de tudo, e eu recomendo muito a leitura!