[Resenha] Nossas noites

Autor: Kent Haruf
Páginas: 160
Editora: Companhia das Letras
Em Holt, no Colorado, Addie Moore faz uma visita inesperada a seu vizinho, Louis Waters. Viúvos e septuagenários, os dois lidam diariamente com noites solitárias em suas grandes casas vazias. Addie propõe a Louis que ele passe a fazer companhia a ela ao cair da tarde para ter alguém com quem conversar antes de dormir. Embora surpreso com a iniciativa, Louis aceita o convite. Os vizinhos, no entanto, estranham a movimentação da rua, e não demoram a surgir boatos maldosos pela cidade. Aos poucos, os dois percebem que manter essa relação peculiar talvez não seja tão simples quanto parecia. Neste aclamado romance, Kent Haruf retrata com ternura e delicadeza o envelhecimento, as segundas chances e a emoção de redescobrir os pequenos prazeres da vida — que pode surpreender e ganhar um novo sentido mesmo quando parece ser tarde demais.

A simplicidade sempre é uma forma muito bonita de contar uma história, e em Nossas Noites, o autor Kent Haruf faz uso dessa qualidade de narrativa para entrelaçar a vida de duas pessoas que no auge dos seus 70 anos, se sentem sozinhas depois de terem tido vidas sem grandes realizações ou muitos sonhos conquistados. Através de belos diálogos, conhecemos o dia a dia desses vizinhos que vão construir uma relação muito bonita de amizade, cumplicidade e amor.

Addie e Louis se conhecem desde muito tempo, são vizinhos de quarteirão, e cada um segue sua vida como algo automático e prático, sem grandes interferências de outras pessoas. Os dois passam pelas mesmas noites solitárias, assim como muitos amigos seus, e depois da iniciativa de um deles em desafiar esse padrão e procurar uma nova forma de passar essas noites, a vida que antes parecia seguir sem graça e definitiva, leva esses dois protagonistas a trilhar um caminho de pequenas mudanças que transformarão aquela chama de esperança quase extinta de seus peitos.

Um livro tão fininho, que em poucas páginas consegue te conquistar com a tranquilidade do dia a dia de pessoas que não veem muito o que esperar do futuro, mas a partir da coragem de não se importar com os outros, uma nova perspectiva se abre em suas vidas.

É como acompanhar algumas cenas na vida de alguém; o autor transmite uma leveza ao nos tornar cúmplices dos encontros desses amigos; e nos pequenos e singelos detalhes, florescia uma nova luz na vida de Addie e Louis, e nesses detalhes corriqueiros - aos outros olhos dispensáveis - tornavam as noites de conversas sobre o passado, família, perdas e arrependimentos, o melhor momento e o mais aguardado por ambos ao longo do dia, em que passavam a se conhecer verdadeiramente depois de anos de vizinhança.

No meio da beleza e da harmonia, sempre aparecem notas para desarranjar um belo caminho sendo trilhado. Isso me deixou angustiada com a situação deles, e por ser tão curto, o livro te faz ficar apegada para logo ter que se despedir, e essa é a única ressalva, pois bons livros sempre nos fazem querer mais páginas. Portanto, fica a dica: imagine como terminar (ou prolongar) essa história. Isso fará os momentos desses amigos seguir firme e forte, apesar do tempo.