[Resenha] Eleanor Oliphant está muito bem

Autora: Gail Honeyman
Páginas: 352
Editora: Fábrica 231
Livro de estreia da escocesa Gail Honeyman, Eleanor Oliphant está muito bem foi revelado através de um concurso literário e, desde então, vem conquistando excelentes críticas e uma bela carreira internacional. Aos 30 anos, Eleanor Oliphant trabalha na área administrativa de uma empresa de design e leva uma vida solitária, mas feliz. Apesar de ser alvo de bullying no ambiente de trabalho por sua aparência e hábitos peculiares, ela não sente falta de nada e parece perfeitamente à vontade com sua falta de habilidades sociais. Mas tudo muda quando ela conhece Raymond, novo funcionário da área de TI da empresa, e os dois, por acaso, salvam a vida de um senhor que desmaia no meio da rua. Com sensibilidade e muito bom humor, a autora conta a história de uma amizade que muda para sempre a vida de três pessoas muito diferentes, que descobrem que a melhor maneira de sobreviver é abrindo o coração.

Eleanor Oliphant está muito bem é um livro que te conquista aos poucos. A trama é delicada e comovente, e a personagem é peculiar, o que a faz ser o grande destaque no enredo. A leitura foi um pouco difícil para mim, eu confesso, achei o ritmo um pouco arrastado, e demorou um pouco a engrenar. Porém, é aquele tipo de livro que ainda assim você não consegue desgrudar. E ainda bem que eu não fiz isso, pois foi incrível conhecer Eleanor Oliphant e seu pequeno mundinho. 

Eleanor tem trinta anos, mora sozinha, e trabalha em um escritório. Sua infância não foi muito boa, ela passou por diversos lares adotivos. Ela é uma mulher solitária, não tem amigos, namorado e nem família. Na verdade, a única pessoa em sua vida é sua mãe, que está presa e liga todas às quartas-feiras. No entanto, logo percebemos que o relacionamento das duas é bastante complicado, e todas as ligações terminam de forma dolorosa para Eleanor.

Certo dia Eleanor fica obcecada por um cantor e pensa que ele é a pessoa ideal para ela. Ela faz de tudo para tentar ficar agradável aos olhos dele, mesmo com sua cicatriz no rosto. Então esse é seu novo projeto. Se aproximar e fazer com que ele entenda que os dois combinam e precisam ficar juntos. Nesse meio tempo, ela conhece Raymond, o novo funcionário de TI do escritório, um sujeito desagradável de olhar e com hábitos horríveis. Os dois presenciam um acidente de um idoso, que bateu a cabeça e desmaiou, e o socorrem. O que ela não esperava é que os dois ainda iriam manter contato com esse senhor. Para alguém acostumada a viver sozinha, esse é um cenário novo e encorajador. 

Eleanor sempre foi motivo de chacota no trabalho, por sua aparência e modo de se comportar. Por conta de uma infância conturbada ela é um pouco ingênua, mas julga bastante as pessoas e tem a língua afiada. Ela fala tudo o que pensa, sem filtro nenhum. Isso foi algo que deixou a leitura bastante divertida, afinal, ela é uma personagem fora do comum. 

A autora nos mostra que devemos deixar de lado tudo aquilo que nos faz mal, tudo aquilo que nos puxa para baixo. E também, que a solidão nem sempre é algo bom. É muito comovente os pequenos momentos em que Eleanor recebe um toque ou uma atenção de outra pessoa, seja o mais pequeno possível, coisas que ela nunca teve, e fica feliz com aquilo. Suas lembranças são marcadas de dor, e nunca de carinho ou preocupação.

Conforme vamos descobrindo mais sobre o passado de Eleanor entendemos porque ela é daquela forma. Sua relação com Raymond, mesmo que no início à contragosto, foi quem deu mais cor em sua vida. Ele se mostrou alguém muito especial, gentil e amigo. Foi tão maravilhoso saber que Eleanor, afinal, não era uma pessoa que não tinham ninguém que se preocupasse com ela. Essa leitura foi linda, apesar do início meio arrastado, eu amei o livro. 

Esse é um livro emocionante, dramático e surpreendente. Volto a dizer que Eleanor é uma personagem espetacular e diferente de todas que você já conhece. Ela é única. Recomendo a leitura!