[Resenha] As sobreviventes

Autor: Riley Sager
Páginas: 336
Editora: Gutenberg
Há dez anos, a estudante universitária Quincy Carpenter viajou com seus melhores amigos e retornou sozinha, foi a única sobrevivente de um crime terrível. Num piscar de olhos, ela se viu pertencendo a um grupo do qual ninguém quer fazer parte: um grupo de garotas sobreviventes com histórias similares. Lisa, que perdeu nove amigas esfaqueadas na universidade; Sam, que enfrentou um assassino no hotel onde trabalhava; e agora Quincy, que correu sangrando pelos bosques para escapar do homem a quem ela se refere apenas como Ele. As três jovens se esforçam para afastar seus pesadelos, e, com isso, permanecem longe uma da outra; apesar das tentativas da mídia, elas nunca se encontraram.
Um bloqueio na memória de Quincy não permite que ela se lembre dos acontecimentos daquela noite, e por causa disso a jovem seguiu em frente: é uma blogueira culinária de sucesso, tem um namorado amoroso e mantém uma forte amizade com Coop, o policial que salvou sua vida naquela noite. Até que um dia, Lisa, a primeira sobrevivente, é encontrada morta na banheira de sua casa com os pulsos cortados; e Sam, a outra garota, surge na porta de Quincy determinada a fazê-la reviver o passado, o que provocará consequências cada vez mais assustadoras. O que Sam realmente procura na história de vida de Quincy? Quando novos detalhes sobre a morte de Lisa vem à tona, Quincy percebe que precisa se lembrar do que aconteceu naquela noite traumática se quiser as respostas para as verdades e mentiras de Sam, esquivar-se da polícia e dos repórteres insaciáveis. Mas recuperar a memória pode revelar muito mais do que ela gostaria.

Eu simplesmente amo thrillers psicológicos, então As sobreviventes me chamou a atenção desde que lançou. Tanto a sinopse quanto os comentários me deixaram bastante animada pela leitura. Mas, senhor! Que livro é esse? Fui totalmente surpreendida, e esse foi um dos melhor livros do gênero que eu li em 2017. Normalmente eu sempre erro nas minhas suspeitas, mas nessa leitura chegou a ser ridículo, me senti muito boba, pois Riley Sager traça um crime completamente difícil de adivinhar quem é o culpado. Tudo é muito óbvio, você tem certeza de quem está por trás de tudo, mas na verdade, não é tão simples assim. Duas revelações me fizeram perceber o quão distante da verdade eu estava.

Quincy e seus amigos da faculdade foram passar alguns dias em um chalé. O terrível crime que ocorreu no local, e em que ela foi a única sobrevivente, a fizeram ter uma perda de memória seletiva. Ela não lembra de nada do que ocorreu, apenas o momento em que fugiu e conseguiu encontrar um policial para ajudá-la. Anos se passaram e ela conseguiu reconstruir sua vida. Quincy ficou conhecida como uma garota remanescente, junto com outras duas que também passaram por crimes hediondos. Porém, ela nunca quis esse rótulo.

Sam e Lisa também são garotas remanescentes, sobreviventes de massacres que ocorreram há muitos anos. Dez anos após após o Massacre do Chalé Pine, Quincy tem a terrível notícia de que Lisa se suicidou. Talvez a vida dela não estivesse tão boa assim, e isso mexe com o psicológico de Quincy. Será que ela pode passar pela mesma coisa? Nesse meio tempo, Sam, que estava sumida para a mídia e familiares, reaparece. Ela diz querer estar perto de Quincy, para as duas se apoiarem nesse momento tão triste.

Sam tenta fazer com que Quincy lembre do seu próprio massacre, afinal, como ela pode ter esquecido? Todas essas questões e a dúvida se a garota realmente esqueceu o que aconteceu no chalé faz com que o leitor comece a duvidar de sua índole. Será que é possível que Quincy tenha feito algo terrível naquele dia? É angustiante não saber o motivo do bloqueio e detalhes daquele dia. 

Sam e Quincy estão ligadas por conta de crimes horríveis que aconteceram em suas vidas, mas nem mesmo isso faz com que Quincy confie totalmente na outra mulher, afina, qual o motivo dela realmente ter aparecido? Sam tem muito interesse nas lembranças de Quincy, e aparentemente, tem contado algumas mentiras, o que a torna pouco confiável.

O autor coloca vários dúvidas em nossa mente. E mesmo com algumas pistas sendo jogadas ao leitor, não conseguimos entender de fato o que está acontecendo. Consegui ter minhas suspeitas, mas como eu disse, quebrei totalmente a cara. Há um leve suspense na trama que faz com que a leitura fique ainda mais emocionante. Quincy tem um certo desequilíbrio, e Sam parece ter algo de estranho também. Eu fiquei a todo momento achando que Sam ia matar a outra dormindo ou algo do tipo, haha.

A narrativa vai sendo desenvolvida no presente e no passado. Vamos tendo alguns vislumbres do que ocorreu no chalé. Eu adoro esse tipo de narrativa, me permitiu entender o enredo como um todo e tudo o que afetou as personagens no presente. Foi uma excelente leitura. Ela demora a engrenar, no início ficamos muito presos a vida perfeita de Quincy, mas quando as peças do quebra cabeça vão aparecendo tudo fica mais empolgante, e é difícil largar o livro. Recomendo muito!