terça-feira, 28 de novembro de 2017

[Resenha] A garota com a tribal nas costas

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Autora: Amy Schumer
Páginas: 336
Editora: Intrínseca
É como uma longa conversa entre uma mulher e a melhor amiga: ela confessa que é introvertida, embora tenha uma profissão que pareça exigir exatamente o contrário; já saiu com caras que foram um completo desastre, mas também já teve em mãos o equivalente humano de um príncipe da Disney e fez com ele só um sexozinho casual. Precisou de anos de terapia para entender que a mãe não é perfeita, mas que é possível amá-la mesmo assim, e de uma grande dose de coragem para admitir que já esteve num relacionamento abusivo. Mais de uma vez.Em A garota com a tribal nas costas, a atriz, roteirista, comediante vencedora do Emmy e estrela de um filme indicado ao Globo de Ouro Amy Schumer expõe seu passado em histórias sobre a adolescência, a família, relacionamentos e sexo, e divide as experiências que a tornaram quem ela é — uma mulher com a coragem de desnudar a própria alma e se colocar diante do que acredita, tudo isso enquanto faz as pessoas rirem.
Com a inteligência e o humor ácido que conquistaram o show business norte-americano, Amy Schumer prova, nessa reunião divertida e honesta de crônicas extremamente pessoais, ser uma pessoa destemida, dona de um coração generoso, e uma criativa contadora de histórias que vai levar o leitor a se identificar, rir alto ou chorar copiosamente, mas só porque o livro acabou.


Comprei o livro simplesmente porque estava em promoção, mas tenho que admitir que adoro o antigo especial de stand-up da autora no Netflix, ainda que não ache o programa de TV dela tão espetacular assim.

E apesar desse livro ser a maior parte do tempo exatamente o que se esperaria de uma obra escrita por uma comediante sem papas na língua – muitas histórias divertidas e malucas – o texto vai muito além disso. Logo no começo ela nos informa que o livro não se trata de uma autobiografia e que sua real autobiografia será lançada somente depois de completar 90 anos. Os capítulos são intercalados entre alguns textos deliciosamente divertidos – e por incrível que possa parecer – outros dolorosamente necessários.

Alguns trechos do livro são dedicados a contar situações engraçadas que viveu, como no capítulo chamado Minha única noite de sexo casual, em que ela descreve a vez em que estava com uma aparência terrível em um aeroporto, depois de uma noite de bebedeira, mas mesmo assim resolve fingir que tem medo de voar para dar em cima do cara sentado na poltrona ao lado dela no avião. 

O fato é que naquela manhã em particular, eu estava com uma aparência hedionda e cheirava a curry, e se alguém tivesse colocado um dólar na minha xícara de café pensando que eu era um sem-teto, eu teria pensado: Ok.

Já em outras partes, ela não deixa de lado – mesmo que com uma certa dose de humor – os momentos passados que devem servir de lição. Seja com relação ao relacionamento abusivo vivido por ela mesma e que frequentemente, mulheres que estão nesses relacionamentos não conseguem enxergar o quão prejudiciais são essas relações. Ou quando transcreve um dos trechos de um de seus diários, escrito quando tinha vinte anos, a forma como nós mulheres somos retratadas pela mídia em geral e como isso afeta cada uma de nós pessoalmente. Seja odiando nossos corpos ou até mesmo sofrendo distúrbios alimentares.

Nunca tive nenhum problema de verdade com o meu peso, mas vou ver Dan em três semanas e não aguento mais ser vista como a garota gorda. Quero sentir como é ser considerada um tesão. Detesto o fato de isso ser uma prioridade para mim. Mas agora é.

Como disse no início, o livro foi comprado sem muitas expectativas, mas acabou se provando sinceramente uma agradável surpresa. E essa obra é sobre uma mulher, e a autora relembra bastante esse fato ao longo do livro para que não nos esqueçamos, porque afinal, ser mulher quer dizer que você vai ter que batalhar muito mais para alcançar seus objetivos, ainda mais para aquelas que escolhem profissões predominantemente masculinas, como é o caso do Stand-up, por exemplo. Mas valeu cada centavo. Simplesmente recomendado!

6 comentários:

  1. Nossa... Eu imaginava um livro totalmente diferente.
    Já vi esse livro algumas vezes, e confesso que não curto muito essa capa; apesar de fazer todo o sentido com o título.
    Não sabia que era escrito por uma comediante, legal saber disso.

    Beijos

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  2. Olá!
    Eu já tinha visto esse livro mas não imaginava que teria assunto incriveis. Gostei muito, tem uma premissa muito boa e os trechos são ótimos e lindos.

    Meu blog:
    Tempos Literários

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  3. Oi Ana
    uau, pela capa e pelo nome eu jamais imaginaria o que sua resenha conta!
    Fiquei curiosa!

    Bjooos
    muitospedacinhosdemim.blogspot.com.br

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  4. nao sou muito de ler livros biograficos mas sinceramente esse livro parece ter sido obviamente escrito pra minha pessoa. E ou não é produção? Preciso ler logo esse livro

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  5. Oi Ana.
    Fico feliz em saber que esse foi uma leitura que te surpreendeu, livros assim normalmente não me chamam a atenção não, porém fiquei bastante curiosa para ler esse livro, adoro que a autora usa um pouco de humor nas suas obras e compartilha lições importantes vividas por ela com os leitores, enfim, eu quero ler com certeza.
    Bjs.

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  6. Eu não fazia ideia do que o livro se tratava, eu nunca tinha parado para pesquisar e ler a sinopse.
    Eu não conhecia a autora, mas imagino o quanto deve ser difícil para ela se destacar em sua profissão, devido ao fato de ser mulher em uma área predominantemente masculina.

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