[Resenha] A melodia feroz

Autora: Victoria Schwab
Páginas: 384
Editora: Seguinte
Série: Monstros da violência, 1
Kate Harker e August Flynn vivem em lados opostos de uma cidade dividida entre Norte e Sul, onde a violência começou a gerar monstros de verdade. Eles são filhos dos líderes desses territórios inimigos e seus objetivos não poderiam ser mais diferentes. Kate sonha em ser tão cruel e impiedosa quanto o pai, que deixa os monstros livres e vende proteção aos humanos. August também quer ser como seu pai: um homem bondoso que defende os inocentes. O problema é que ele é um dos monstros, capaz de roubar a alma das vítimas com apenas uma nota musical. Quando Kate volta à cidade depois de um longo período, August recebe a missão de ficar de olho nela, disfarçado de um garoto comum. Não vai ser fácil para ele esconder sua verdadeira identidade, ainda mais quando uma revolução entre os monstros está prestes a eclodir, obrigando os dois a se unir para conseguir sobreviver.

A melodia feroz é o primeiro livro da duologia Monstros da violência, da autora Victoria Schwab. A obra será lançada agora no início de junho, e eu recebi a prova antecipada da Seguinte para resenhar para vocês! Eu amo distopias, e quando soube que o livro tinha também uma pegada de fantasia fiquei ainda mais animada pela leitura. Convenhamos que a premissa é muito interessante: monstros que surgem da violência?! Como não querer ler essa história? Ainda mais quando ela se parece tanto com a vida real...

Em Veracidade cada ato de violência gera um monstro. São eles: corsais, que se alimentam de carne e não podem sair no sol; malchais, conseguem sobreviver no sol e se alimentam de sangue, além de serem mais racionais; e por último, o mais raro de todos: sunais, eles são idênticos aos humanos e se alimentam da alma de pecadores, a qual eles pegam através da música. A cidade é dividida entre Norte e Sul, onde o horror é tratado de forma diferente.

No Norte, Collum Harker utiliza os monstros a seu favor, dando as pessoas uma chance de se sentirem seguras - pagando caro, óbvio -, ao controlá-los. Sua única filha, Kate, sonha em seguir os passos do pai como um líder autoritário e que faz as pessoas o respeitarem e, também, temerem. Já no lado Sul, Henry Flynn tem as maiores armas: três sunais, mas que os quais chama de filhos. O homem busca paz, algo que foge dos desejos de Callum, fazendo com que a trégua estabelecida entre eles anos antes balance um pouco.

August é um sunai, um dos seres mais perigosos que a violência pode gerar, e por isso tão raro. Filho adotivo de Henry, até o momento ele era extremamente protegido, pois ninguém sabia quem era o terceiro sunai. Até que ele tem a missão de vigiar Kate em sua escola, para caso a trégua seja quebrada e eles precisem de uma moeda de troca. O garoto não quer ser um monstro, e percebemos o quanto ele luta contra isso. Porém, quando uma rebelião parece surgir, e o relacionamento entre os dois lados ameaça ruir, August e Kate se pegam ajudando um ao outro.

A melodia feroz não é um livro que possui grandes reviravoltas, na verdade o desenvolvimento é bem lento e calmo, a autora nos apresenta a história por etapas, e eu gostei bastante disso. Em um primeiro momento parece que a trama será bem juvenil, no entanto, da metade para o final, a ação realmente começa. É uma leitura eletrizante, e mesmo não tendo um ritmo tão rápido, tem uma leitura fluída. 

O que mais nos surpreende na obra é que os personagens são tanto bons quanto maus. Todos têm defeitos. E, aquele que é considerado e chamado de monstro, acaba que por ser melhor que muitos humanos. Em poucas páginas vemos o amadurecimento dos personagens. No início achei Kate extremamente mimada e chata, mas sua fachada de durona esconde sentimentos confusos em relação ao pai e no desejo de mostrar que pode ser igual a ele. Com o tempo ela acaba mostrando que é corajosa, e que não precisa se esconder na sombra do pai. 

O relacionamento de August e Kate não se transforma em algo romântico, apesar de ficar no ar, e eu agradeço por isso. Na maioria das vezes isso acaba estragando o enredo, e com uma premissa dessas, no momento um romance seria totalmente desnecessário, tendo tanto a explorar. Os acontecimentos finais não são tão surpreendentes, é até possível adivinhar alguns deles, mas nem por isso deixa de ser uma leitura incrível.

“Bem ou mal eram palavras frágeis. Os monstros não ligavam para intenções ou ideais.”

Eu adorei a ambientação, e consegui realmente imaginar lugares destruídos e tomados por monstros. Pessoas vivendo na ilusão da segurança. A calmaria que antecede a tempestade. A escrita da autora é maravilhosa, a narrativa é em terceira pessoa através do ponto de vista de Kate e August, permitindo ao leitor conseguir entender o fardo que cada um carrega.

Esse foi o primeiro livro que eu leio da autora, e eu gostei demais da história. Espero poder conferir outras obras, principalmente a continuação de A melodia feroz. Eu achei a capa linda, não sei como está a edição final ainda, mas imagino que esteja caprichada, como sempre. Se você gosta de distopia, fantasia e procura uma história original, esse é o livro que eu recomendo no momento!