[Resenha] Eu sou a lenda

Autor: Richard Matheson
Páginas: 384
Editora: Aleph
Uma impiedosa praga assola o mundo, transformando cada homem, mulher e criança do planeta em algo digno dos pesadelos mais sombrios. Nesse cenário pós-apocalíptico, tomado por criaturas da noite sedentas de sangue, Robert Neville pode ser o último homem na Terra. Ele passa seus dias em busca de comida e suprimentos, lutando para manter-se vivo (e são). Mas os infectados espreitam pelas sombras, observando até o menor de seus movimentos, à espera de qualquer passo em falso... Eu sou a lenda, é considerado um dos maiores clássicos do horror e da ficção científica, tendo sido adaptado para o cinema três vezes.

Esse é um daqueles momentos em que você amou o filme, mas que depois de ler a obra, sabe que não teria gostado tanto assim se fosse ao contrário. Sim, o livro é muito melhor! Desde que a Aleph anunciou o lançamento de Eu sou a lenda eu estava louca para fazer a leitura. Na época em que assisti a adaptação de 2007, com Will Smith, eu não sabia sobre a obra, então quando eu descobri esse detalhe fiquei muito empolgada, pois eu curti bastante o filme, e sabia que a leitura não ia me decepcionar. Escrito em 1954, o autor nos mostra um mundo pós-apocalíptico diferente e original. É absurdamente incrível a trama criada por Richard Matheson, e quem disse que um livro escrito há tanto tempo, e com um tema que hoje em dia já está um pouco saturado (vampiros), ia continuar fazendo tanto sucesso? Podemos atribuir isso ao enredo proposto e a mensagem que a leitura passa. 

Robert Neville é o único sobrevivente de uma praga que assolou o mundo. Não sabemos o motivo, e sinceramente, isso dá algo a mais na narrativa. Começou aos poucos: pessoas ficando doentes, mortos tendo que serem queimados, até que tudo foi tomado por vampiros. Vampiros que já estão mortos e vampiros que estão vivos. Pode parecer contraditório, mas o autor faz tudo ser bem fácil de entender. Tirando, talvez, as partes mais científicas. Acompanhamos Robert sobrevivendo a cada dia. Ele precisa deixar a casa arrumada para quando a noite chega e os vampiros a cercam. Procurar comida também é algo fundamental. 

Apesar de ter assistido ao filme, sabia que não iria ser tudo igual. Por isso, fiquei pensando em quanto o tempo o autor iria continuar narrando a rotina e pensamentos de Robert, porque por mais que eu tenha gostado de conhecer melhor esse personagem tão marcante, não conseguiria aguentar por muito tempo. É então que somos surpreendidos com uma grande reviravolta. Algo para dar um clímax de tirar o fôlego. Algo que irá definir o resto dos acontecimentos e surpreender o leitor ainda mais com o final.

Olhou para trás e viu que eles o alcançavam, viu seus rostos branco-acinzentados se aproximando, e seus olhos negros estavam fixos em seu carro, fixos nele.

Eu sou a lenda possui uma leitura muito rápida, sério. Você simplesmente não vai conseguir largar o livro, pois é bem interessante o modo como o autor narra a história. Temos uma conexão muito grande com Robert. Eu achei muito engraçado ele falar consigo mesmo, em pensamento, mas ao mesmo tempo triste. Ele é solitário, e quase posso afirmar que o que ele mais deseja não é uma cura, e sim, uma companhia. É quase palpável sua carência por contato humano, e não digo nem fisicamente, até mesmo uma conversa o deixaria mais determinado a não desistir.

Descobri que o autor também escreveu Amor além da vida, que também possui adaptação. Eu já li essa obra, e sinceramente, se não tivesse associado o nome, nem teria imaginado isso. Essa obra é muito diferente de Eu sou a lenda, e fiquei muito surpresa quando descobri.

A edição da Aleph está fabulosa, o livro é em capa dura e com vários detalhes internos. Sério, muito lindo. É o tipo de livro que não sai da estante nem para empréstimo. Amei todo o cuidado que a editora teve. Definitivamente um clássico que merece ser lido. E não tenham medo, apesar de ter sido escrito há mais de 60 anos, a escrita é muito fácil de entender, e a leitura flui rapidamente. Recomendo!