[Resenha] A faca sutil

Autor: Philip Pullman
Páginas: 288
Editora: Suma
Trilogia: Fronteiras do Universo, 2
Perdida em um mundo novo, Lyra Belacqua encontra Will Parry — um fugitivo que logo se torna um aliado mais que necessário. Pois este novo mundo é povoado por Espectros sugadores de alma, e no céu as feiticeiras disputam espaço com anjos. Will procura pelo pai, um explorador desaparecido há anos, e Lyra busca a origem do Pó. No entanto, o que os dois encontram é um segredo mortal e uma arma de poder absoluto, capaz de decidir o resultado na guerra que se forma ao redor deles. O que nenhum dos dois suspeita é do quanto suas vidas, seus objetivos e seus destinos estão conectados... até que precisam se separar. A faca sutil é a viciante sequência de A bússola de ouro, um clássico da fantasia considerado pela Entertainment Weekly “o melhor livro de todos os tempos”. A fantástica aventura de Lyra continua, levando o leitor a novos mundos, rumo a uma descoberta devastadora.

1. A bússola de ouro

A faca sutil é o segundo livro de Fronteiras do universo, do autor Philip Pullman. Eu reli e resenhei o volume anterior há pouco tempo aqui no blog, e eu preciso dizer que é muito bom pegar uma leitura de série tão próxima assim, pois eu estava com vários detalhes da trama ainda na memória. Essa continuação conseguiu ser ainda melhor que A bússola de ouro, enquanto no livro anterior tivemos uma boa introdução dos elementos (e poucas respostas à respeito do Pó, por exemplo), aqui a narrativa é mais dinâmica e dá desenvolvimento a tudo o que foi descrito anteriormente. Sim, ainda ficamos com algumas dúvidas, mas percebemos que tudo vai se encaminhando para um final de tirar o fôlego.

Nesse volume a presença de elementos religiosos é muito mais aparente. Há seres que são chamados de anjos, uma autoridade - que tudo indica ser Deus -, além da presença ativa da igreja. Pullman não tem medo de utilizar de críticas sociais e religiosas em seu enredo, e talvez isso incomode algumas pessoas. Essa é uma fantasia que usa e abusa de vários elementos, tornando a leitura ainda mais incrível. Eu volto a repetir o quanto essa história é original e envolvente. 

O final de A bússola de ouro deixa bem explícito o que podemos esperar de A faca sutil: neste volume somos apresentados a dois novos mundos. Em um deles conhecemos Will, um garoto de doze anos, que precisa fugir com sua mãe de alguns perseguidores. O pai de Will desapareceu há anos, e desde então sempre foram só ele e a mãe, que sempre apresentou ter alguma doença psicológica. O garoto sabe do que os perseguidores estão atrás, e assim decide deixar sua mãe na casa de uma professora, e ir atrás do pai. O inesperado acontece: Will encontra uma janela para outro mundo, um bem diferente do seu.

"Mas nos meses seguintes Will percebeu, aos poucos e contra a sua vontade, que aqueles inimigos da mãe não estavam no mundo lá fora, mas dentro da mente dela. Isso não os tornava menos reais, nem menos assustadores ou perigosos; significava apenas que ele teria que protegê-la ainda mais. E desde o instante no mercado em que ele percebeu que deveria fingir para que ela não ficasse preocupada, parte de sua mente estava sempre alerta à ansiedade dela. Will amava tanto a mãe que morreria para protegê-la."

Em um mundo paralelo, Cittàgazze é onde o garoto vai parar. Ele percebe que não há adultos em nenhuma parte, apenas crianças. Fora isso, parece um mundo fantasma: casas e estabelecimentos abandonados. É lá que se encontra também Lyra e seu Daemon. O encontro dos dois é difícil, nenhum deles entende que lugar é aquele, e para Lyra é ainda mais surpreendente que o garoto não tenha uma Daemon. Logo os dois percebem que vêm de mundos diferentes, mas que possuem objetivos parecidos, assim, os dois se unem em uma aventura cheia de perigos.

Lyra está muito mais madura nesse livro, ela perdeu um pouco da impulsividade e rebeldia, e acaba tomando decisões mais coerentes. Mas quem ganha destaque na leitura é Will, desde o início o garoto consegue roubar a cena. O autor desenvolve o personagem muito bem, e em pouco tempos conseguimos nos apegar a ele. Will desde pequeno precisou cuidar de si e da mãe, ele é um menino corajoso para a idade, e uma excelente companhia.

O enredo, é claro, não fica apenas nisso. Há muito mais acontecendo, e conseguimos acompanhar outros personagens dentro da história. Cada reviravolta faz você ficar ainda mais desesperado para saber o que vai acontecer. Explorar novos mundos é algo muito interessante, e toda essa ambientação foi bem descrita, deixando a leitura ainda mais emocionante. 

A faca sutil é uma excelente continuação, a leitura é dinâmica, os personagens são envolventes e o enredo começa a tomar um rumo clássico de o bem contra o mal: uma guerra está se iniciando, e na verdade você não sabe que lado é qual. Eu, pelo menos, não consegui definir quem está certo e quem está errado. Essa linha é muito tênue, quando achamos que é de uma forma, o autor vem e muda completamente nossa visão. Eu estou muito empolgada pelo último livro. Recomendo a leitura!