[Resenha] O silêncio das montanhas

Autor: Khaled Hosseini
Páginas: 350
Editora: Globo livros
O Silêncio das Montanhas traz como protagonista os irmãos Pari e Abdullah, que moram em uma aldeia distante de Cabul, são órfãos de mãe e têm uma forte ligação desde pequenos. Assim como a fábula que abre o livro, as crianças são separadas, marcando o destino de vários personagens. Paralelamente à trama principal, Hosseini narra a história de diversas pessoas que, de alguma forma, se relacionam com os irmãos e sua família, sobre como cuidam uns dos outros e a forma como as escolhas que fazem ressoam através de gerações. Assim como em O Caçador de Pipas, o autor explora as maneiras como os membros sacrificam-se uns pelos outros, e muitas vezes são surpreendidos pelas ações de pessoas próximas nos momentos mais importantes. Segundo o próprio Hosseini, o novo título "fala não somente sobre a minha própria experiência como alguém que viveu no exílio, mas, também sobre a experiência de pessoas que eu conheci, especial os refugiados que voltaram ao Afeganistão e sobre cujas vidas tentei falar tanto como escritor quanto como representante da Organização das Nações Unidas. Espero que os leitores consigam amar os personagens de O Silêncio das Montanhas tanto quanto eu os amo". Seguindo os personagens, mediante suas escolhas e amores pelo mundo - de Cabul a Paris, de São Francisco à Grécia -, a história se expanda, tornando-se emocionante, complexa e poderosa. É um livro sobre vidas partidas, inocências perdidas e sobre o amor em uma família que tenta se reencontrar.

Essa é minha terceira experência com o autor Khaled Hosseini, então se eu tinha alguma dúvida, ela não existe mais: Khaked Hosseini escreve histórias dolorosas. Talvez se eu tivesse nascido e morado no Afeganistão, ler os livros desse autor não teriam me afetado de forma alguma, mas nascer em um país de diversas culturas em que você tem liberdade para fazer suas próprias escolhas, sendo você homem ou mulher, me faz sentir ressentimento pelos homens que criaram tal cultura. Além disso, o autor conta histórias de pessoas de diferentes classes sociais, mas em geral, seu foco são pessoas pobres, realmente pobres, ou seja, com um enredo mais triste e sofrido ainda.

Como o inicio da sinopse já informa, O silêncio das montanhas começa narrando a história da forte ligação de Pari e Abdullah, que são irmãos órfãos de mãe e separados ainda na infância, justamente pela pobreza que vivem em uma aldeia distante de Cabul e é essa triste separação que define o rumo dos demais personagens do livro. 

“Criar significa vandalizar a vida de outras pessoas, transformando-as em participantes involuntárias e inconscientes. Nós roubamos desejos alheios, seus sonhos, embolsamos seus defeitos. Pegamos o que não nos pertence. E fazemos isso conscientemente.”

Essa frase é dita por uma personagem poeta do livro, mas é exatamente assim que eu vejo o trabalho do autor que é representante das Nações Unidas e diz contar neste livro sua própria experiência vivendo em um exílio e de outros refugiados que conheceu. É claro que diferentemente de A Cidade do Sol, eu não chorei durante essa leitura, mas acho que a causa mais provável é o fato de serem diversos protagonistas ao invés de apenas duas. Mas certamente esta obra entra para a lista dos personagens profundos e infelizes.

“Era o tipo de amor que mais cedo ou mais tarde nos obriga a uma escolha: libertar-se à força ou ficar e resistir ao seu rigor, mesmo que nos reduza a algo menor do que nós mesmos.”

Então se você quer conhecer um pouco mais da cultura afegã e se acha forte o suficiente para aguentar tantas histórias tristes, vá em frente. Para mim chega de Khaled Hosseini, pelo menos por enquanto. Quem sabe quando ele lançar seu próximo livro eu esteja mais forte emocionalmente para lhe dar uma nova chance.