[Resenha] Contos para uma noite fria

Autor: Bruno Anselmi Matangrano
Páginas: 120
Editora: Llyr
Ao abrir "Contos para uma Noite Fria", prepare-se para entrar em um universo de histórias fantásticas, de sobrenatural, absurdo e distopia, onde sonhos se tornam pesadelos e cenários misteriosos viram delírios apocalípticos. A inquietação e o medo (do estranho ou de nós mesmos), então, ganham vida, com vários estilos e temáticas. E, apesar da diversidade – que vai da melancolia do artista a possíveis futuros e devaneios em torno de si –, um tipo específico de linha costura todas as narrativas: uma grande perturbação. E, em vez de querer escapar, você se verá envolvido por este universo tão louco quanto um mundo de cabeça para baixo.

Contos para uma noite fria é um dos livros que solicitei no início da parceria com a Editora Vermelho Marinho, e não poderia ter iniciado de maneira melhor. Eu simplesmente adoro livros de contos, e essa obra foi uma leitura e tanto. Normalmente eu gosto da metade dos contos, mas o Bruno escreve tão bem, que eu gostei de praticamente todos. Com tramas com um toque sobrenatural, é impossível não ficar com gostinho de quero mais, e isso é a parte que eu odeio em contos.

Doze contos, alguns mais breves que outros, mas que conseguem cumprir bem o seu papel: surpreender o leitor e fazê-lo usar a imaginação. As tramas possuem um suspense leve, o que tornou a leitura incrível e rápida. Vou falar um pouco sobre os que mais gostei, pois não quero estragar a surpresa da obra para vocês, então vou apenas deixá-los um pouco na vontade, rs.

O viajante nos apresenta a história de um homem que após entrar em um casarão, aparentemente assombrado, percebe que quando sai de lá não está mais no mesmo ano. Tudo mudou. Eu achei esse conto intrigante, e fiquei muito chateada que acabou daquele jeito, mas o autor nos surpreende no final do livro ao dar uma continuação. 

O germe da imaginação tem como protagonista um professor, o governo baniu tudo que é considerado cultura: livros, filmes, séries, arte, música... tudo! Como essas pessoas sobrevivem à isso? Percebemos que não é fácil, a vida fica mais sem graça... Eu adorei a trama, me deixou pensando por horas em um mundo assim, e seria horrível. Mas eu seria que nem o professor, o germe da imaginação não morreria tão fácil.

Seu último refúgio encontrava-se em sua própria mente, onde florescia o temido germe da imaginação.

O futuro da humanidade mostra um mundo onde apenas uma pessoa sobreviveu. Todos morreram, ninguém sabe o motivo. E essa pessoa passa pelo dilema: será que foi ele o culpado? Ele não lembra de muita coisa anterior à isso, quando acordou, estava em um banco. 

Beco dos aflitos foi o conto que mais me deu medo. Espíritos assombram uma igreja, mas nosso protagonista não acredita em nada disso. Sua opinião mudará quando ele tiver que enfrentar o sobrenatural de frente. 

Queria poder falar de todos os contos, mas a resenha ficaria enorme, e eu quero que vocês fiquem curiosos para conferir a obra completa. Eu amei a leitura, espero poder ler outras obras do autor. E a edição da Llyr está linda demais. Há folhas pretas separando os contos, com desenhos e frases. Recomendo a leitura. E para os mais medrosos, podem ler sem receio, a narrativa é leve e agradável.