[Resenha] O dom

Autor: Robert Ovies
Páginas: 336
Editora: Verus
Quando C. J. Walker, um garoto de nove anos, encosta no braço da amiga de sua mãe no velório e sussurra o desejo de que ela não estivesse morta, só está tentando fazer a coisa certa. Mas, no momento em que a mulher desperta, a tempestade que se segue não pode ser contida. Pessoas aterrorizadas, dentro e fora das fronteiras da cidade, exigem saber quantos de seus entes queridos podem ter sido enterrados vivos pelo mesmo agente funerário, ou por qualquer outro. Porém a prova de que C. J. Walker pode realmente despertar os mortos é filmada em segredo e então veiculada publicamente. Em uma única manhã, a mãe de C. J., Lynn, vê sua casa se tornar uma fortaleza e seu filho, um alvo. Indivíduos de luto, desesperados para que a morte abandone seus entes queridos; representantes da mídia e de organizações médicas e científicas; influentes líderes religiosos e poderosas agências governamentais, todos mexem seus pauzinhos para ganhar uma posição de vantagem e influência e obter o máximo controle sobre o dom mais poderoso de que já se teve notícia. Em meio à confusão, Lynn e seu ex-marido, Joe, lutam para encontrar uma maneira de escapar com C. J., para mantê-lo em segurança e de alguma forma tornar possível que ele tenha uma vida normal novamente. Mas para isso eles precisam agir rápido, antes que o garoto seja levado por algum dos vários interessados em seu poder. O DOM é um livro ágil e alucinante, que lida com questões sobre morte, vida, amor, ética e fé.

Um garoto que tem o dom de ressuscitar os mortos. Como não gostar de uma premissa dessas? Fiquei muito curiosa quando li a sinopse de O dom e quis ler o livro na mesma hora. Solicitei cheia de expectativas, mas imagina minha decepção quando a leitura foi totalmente diferente do que eu esperava? Sim, o garoto tem esse dom, mas isso fica quase em segundo plano, pois a trama foca em como as pessoas reagem com essa informação e como isso será usado, se é que vai. Me decepcionei ao encontrar uma narrativa lenta e detalhada demais. Eu esperava algum mistério, algo até mesmo sobrenatural, mas o autor foi totalmente para outro lado.

C.J vai com a mãe no funeral de uma senhora que morreu de câncer, e após sussurrar um "Fique bem...", e essa mulher voltar à vida, percebe que o culpado é ele. C.J tem apenas nove anos, e fica muito assustado com a situação. Ninguém sabe o que aconteceu. E após uma segunda tentativa de trazer outra pessoa à vida, isso acaba se espalhando e as pessoas ficam enlouquecidas querendo que o "menino Lázaro" cure ou traga de volta seus parentes. O governo e a Igreja também estão em cima, e Lynn, mãe do menino, está cada vez mais apavorada com a situação toda. Ela só queria que tudo voltasse ao normal. O pai de C.J me deu muita raiva. Sua maior preocupação era no dinheiro que eles poderiam ganhar, e não na segurança do filho.

- E pode lembrar a Deus que C.J  é apenas um garoto normal. Ele não vai ser transformado em algum tipo de aberração. Ele não é Jesus, e eu com certeza não sou a Virgem Maria!

A trama é boa, mas como eu estava esperando outra coisa, não consegui aproveitar o suficiente. Senti falta de uma ação maior, a leitura engrena lá pela página 100, e mesmo assim continua lenta. O dom não é ruim, mas faltou algo. Não me conquistei totalmente com a história, mas claro que eu me comovi em algumas partes, principalmente o final, e acredito que todos vão sentir o mesmo. Se eu soubesse que a história era voltada mais para a reação das pessoas, a questão da fé e tudo mais, teria tido outra opinião, mas como não foi assim, acabou sendo uma leitura massacrante. Eu ficava esperando algo de bom acontecer, e nada, só o final que salvou mesmo. A narrativa do autor é bem detalhada, e isso contribuiu para deixar a leitura lenta. 

Uma história dramática, afinal, imagina ter o poder de salvar as pessoas? Mas, saber que se você fizer isso, nunca vai ter fim? Para a mãe de C.J é algo difícil, ela sabe que vão querer tirá-lo dela. E eu entendi seus motivos de não querer que ele fizesse isso de novo, mas ao mesmo tempo senti pena das pessoas que sofriam com um filho doente. Uma situação complicada e angustiante. As pessoas não usam o bom senso quando querem algo, se tiver que usar de violência, não vão pensar duas vezes. O dom é um livro que é preciso ler sem pressa e sem muitas expectativas. Mas pode ser que outra pessoa não tenha a mesma opinião e acabe gostando mais do que eu.