[Resenha] Interferências

Autora: Connie Willis
Páginas: 464
Editora: Suma
Combinando humor e romance, Connie Willis, ícone da ficção científica, entrega um livro envolvente sobre os perigos da tecnologia, do excesso nas redes sociais e... do amor. Em um futuro não muito distante, um simples procedimento cirúrgico é capaz de aumentar a empatia entre os casais, e ele está cada vez mais na moda. Por isso, Briddey Flannigan fica contente quando seu namorado, Trent, sugere que eles façam a cirurgia antes de se casarem — a ideia é que eles desfrutem de uma conexão emocional ainda maior, e que o relacionamento fique ainda mais completo. Bem, essa é a ideia. Mas as coisas acabam não acontecendo como o planejado: Briddey acaba se conectando com outra pessoa, totalmente inesperada. Conforme a situação vai saindo do controle, Briddey percebe que nem sempre muita informação é o melhor, e que o amor — e a comunicação — são bem mais complicados do que ela esperava. Mais complicado do que ela esperava.

A ficha catalográfica desse livro informa que se trata de uma ficção cientifica, e como a autora é uma mulher, resolvi pesquisar sobre outras autoras do gênero. Constatei que estou no caminho certo, nessa matéria que possui indicação de 7 livros de ficção científica escritos por mulheres, descobri que quatro das autoras já estão na minha lista de desejados ou futuras leituras e mais um foi adicionado por causa da matéria. A obra em questão, como informa a segunda orelha do livro, pertence a Connie Willis que faz parte do panteão de grandes autores de ficção cientifica e fantasia. E após mais uma pesquisa, desta vez sobre a autora, mais livros vão entrar para lista de desejados.

O romance em questão vai tratar sobre algo que eu particularmente não acredito que esteja tão longe da realidade devido a quantidade de estudos que se ouve falar a respeito do cérebro feitos por cientistas do mundo real. Nesse enredo através de uma cirurgia de baixíssimo risco é possível conectar emocionalmente os casais, e Briddey nossa protagonista aceita o pedido do namorado para passar pela cirurgia, mas como efeito colateral ela acaba sintonizando uma frequência diferente e se conectando com alguém que não deveria. Mas mais do que isso, ela descobre um poder que muitos adorariam ter, mas certamente seria tão assustador lidar com isso assim como é para Briddey.

Para que o romance funcione, a autora utiliza um clichê literário dos chick lits que me diverte imensamente. A protagonista resolve solucionar tudo por ela mesma e para isso inventa uma mentira sobre a outra para ganhar tempo e cada mentira dificulta mais a própria situação. Ou seja, enquanto tenta resolver o efeito colateral da cirurgia e não se atrapalhar nas mentiras, o enredo vai ficando mais interessante e deixando o leitor curioso pelo próximo paragrafo, pelo próximo capítulo, pelo desenredo do imbróglio dessa estória.

E a trama não decepciona, mas como eu disse acima sobre o clichê dos chick lits, na minha visão particular o livro enreda mais por esse caminho mesmo, do que propriamente pela ficção cientifica, deixando claro que minha opinião se baseia em quatro ou cinco livros desse gênero lidos por mim. Mas para quem curte esse tipo de estória, certamente não ficará decepcionado com as enrascadas em que a protagonista se mete.