[Resenha] Demônio ou anjo

Autora: Anne Holt
Páginas: 264
Editora: Fundamento
Série: Hanne Wilhelmsen, 3A chegada de Olav, um garoto de 12 anos, a um orfanato nos arredores de Oslo causa grande desconforto a todos que vivem lá. E mais ainda à rígida diretora da instituição, Agnes Vestavik, que vê algo aterrorizante no olhar do menino: puro ódio. Quando Agnes é encontrada morta com uma faca de cozinha cravada nas costas – e Olav desaparece –, o caso vai para a investigadora Hanne Wilhelmsen, recentemente promovida a inspetora chefe da Polícia de Oslo.
Uma criança pode ser um assassino? A polícia vasculha a cidade em busca de Olav, o principal suspeito. Mas Hanne, trabalhando com o desbocado detetive Billy T., quer saber mais sobre os funcionários do orfanato e sobre o passado de Agnes. Só que, apesar de ser uma brilhante detetive, Hanne está sendo uma negação como chefe: não consegue delegar tarefas, reunir informações ou compartilhar responsabilidades.
Será que Hanne aprenderá a confiar nos outros antes que tudo se torne confuso demais e isso acabe por tirá-la do rumo – no trabalho e na vida pessoal?

8. 1222

Demônio ou anjo é o terceiro livro da série Hanne Wilhelmsen, eu já resenhei aqui no blog o oitavo volume, 1222. Eu sou uma daquelas pessoas que odeia ler uma série fora de ordem, por mais que as histórias possam ser lidas de forma independente, mas resolvi em 2018 sair um pouco da zona de conforto, e ler os livros conforme eu me interesso pela trama. Que foi o que aconteceu neste caso, não tentei ler na ordem - depois que eu descobri que 1222 era o oitavo de uma série -, e resolvi solicitar Demônio ou anjo por conta da premissa que me intrigou bastante. Uma criança que pode ter assassinado uma mulher? Eu já adoro um bom suspense, mas ter uma criança envolvida deixa a leitura ainda mais interessante.

A mãe de Olav sempre achou o garoto diferente desde que nasceu. Ela tentou fazer com que outras pessoas enxergassem isso, até mesmo para ajudá-la, afinal, ela era uma mãe solteira, porém, nunca ninguém deu bola para suas considerações. Os anos passaram, e a impressão de que o filho era diferente foi se intensificando. Houve episódios em que ele se mostrou violento e incontrolável. Após alguns problemas na escola um assistente social resolve aparecer e, enfim, diagnosticam o menino com DCM (disfunção cerebral mínima). Depois de anos querendo alguma ajuda, eles finalmente chegam em um momento em que ela já não esperava mais. E concluem que ela não consegue criá-lo. Assim, Olav vai parar em um orfanato.

Esse orfanato abriga outras crianças problemáticas e que sofreram algum tipo de trauma. Olav chega no ambiente sem nenhum receio, sua rebeldia é totalmente contraditóriao com a forma polida com que ele conversa com os outros. Ele realmente é uma criança peculiar, e em um primeiro momento já tira do sério a diretora Agnes, assim como outros funcionários. A única pessoa que consegue acalmar um pouco Olav é Maren, que faz todas suas vontades. A rotina do orfanato é mudada radicalmente por conta do garoto e seu comportamento terrível.

Após um episódio em que Olav faz birra, Agnes decide que sua mãe não poderá visitá-lo por algumas semanas. Isso deixa o garoto ainda mais irritado, e ele quase consegue agredir a diretora, se Maren não estivesse por perto. A cena é muito assustadora. Agnes nunca viu uma criança com tanta raiva. Na mesma noite, a diretora é encontrada morta com uma faca. E Olav foge do orfanato.

Hanne, que foi promovida recentemente como inspetora chefe é quem fica responsável pelo caso. Ela precisa descobrir onde o garoto está, e se ele realmente é o assassino. Temos diversas indicações de quem matou Agnes, mas no decorrer da investigação, vamos tendo novas pistas, o que deixa nossas dúvidas ainda maiores. O que realmente pode ter acontecido naquele dia?

Demônio ou anjo possui um bom suspense, e a trama é muito envolvente. Acompanhamos tanto o desenrolar do assassinato quanto a narrativa da mãe de Olav, desde quando estava grávida, até os dias atuais. É muito comovente o quanto ela ama Olav, apesar dos episódios de violência, e os momentos em que ela sentiu medo do próprio filho. Porém, eu não consegui me apegar ao personagem, acredito que por conta do temperamento difícil, da teimosa e de aparentar ser muito mimado. No entanto, ele se mostra muito útil no desenvolvimento da história. E claro, fica a pergunta, ele matou a diretora?

Isso é algo que vamos descobrindo aos poucos, e quando chega perto do final, algumas coisas ficam óbvias, mas nem por isso menos empolgantes. Eu gostei muito da leitura, a trama é rápida de ler. A escrita da autora é muito envolvente. Estou bastante animada para ler mais obras da Anne Holt, eu estou bem interessada em conhecer melhor Hanne e seu passado, assim como desvendar novos casos com ela. Recomendo!