segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

[Resenha] A Bela e a Fera

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Autoras: Madame de Beaumont e Madame de Volleneuve
Páginas: 240
Editora: Zahar
A versão original do clássico que inspirou o novo filme da Disney, estrelado por Emma Watson
Adaptado, filmado e encenado inúmeras vezes, o enredo de A Bela e a Fera vai muito além da jovem obrigada a casar com uma horrenda Fera que no final se revela um lindo príncipe preso sob um feitiço. Nessa edição bolso de luxo da coleção Clássicos Zahar você encontra reunidas duas variantes da história.
A versão clássica, escrita por Madame de Beaumont em 1756, vem embalando gerações e inspirou quase todos os filmes, peças, composições e adaptações que hoje conhecemos. A versão original, que Madame de Villeneuve publicara em 1740, é de uma riqueza espantosa, que entre outras coisas traz as histórias pregressas da Fera e da Bela e dá voz ao monstro para que ele mesmo narre seu destino.
Toda em cores e ilustrada, essa edição conta com ótima tradução do premiado André Telles, uma apresentação reveladora e instigante assinada por Rodrigo Lacerda e cronologia das autoras. A versão impressa apresenta ainda capa dura e acabamento de luxo.

A Bela e a Fera foi um desenho da Disney que marcou a minha infância. Na época, é claro, eu não sabia que existia um livro com a história original. Mas, finalmente consegui conhecer a verdadeira trama que inspirou o desenho com essa linda edição da Zahar, onde temos tanto a versão original quanto a clássica. A versão utilizada, e a mais conhecida, foi a de Madame de Beaumont. Porém, ainda assim é possível perceber que o desenho da Disney possui algumas diferenças em relação à obra, entre elas, o romance e a aura mais mágica e fantasiosa que não temos na escrita de Beaumont.

Bela é a filha mais nova de um comerciante muito rico. Tem alguns irmãos e irmãs, mas sempre foi a mais gentil e altruísta de todos os filhos. Seu pai teve alguns prejuízos com suas mercadorias que naufragaram ou foram roubadas. Quando recebe a notícia que um navio atracou, ele parte em viagem para tentar recuperar seus bens. Antes de partir, pergunta aos filhos se eles querem algo. As irmãs de Bela prontamente pedem presentes caros, enquanto ela própria diz não querer nada, apenas que seu pai volte logo. Isso provoca ainda mais inveja nas outras, e seu pai insiste que Bela peça algo. Então ela se decide por uma rosa.


No caminho de volta uma nevasca faz com que o pai de Bela precise se proteger em um castelo que encontra no caminho. Lá ele tem um ambiente quente, comidas deliciosas e uma cama confortável para passar a noite. Antes de voltar para casa lembra que precisa colher uma rosa para a filha. E não pensa duas vezes ao encontrar um lindo jardim. Porém, a Fera não gosta de tal ofensa, afinal, ele já não foi acolhedor o suficiente? É assim que Bela acaba ficando no lugar do pai, e passa a viver com a Fera. 

“Que maldade a minha”, disse consigo mesma, “fazer sofrer um animal tão generoso para mim! É culpa sua se é tão feio? E o que importa se carece de inteligência? Ele é bom, isso vale mais que todo o resto. Por que me recusei a me casar com ele? Eu seria muito mais feliz com ele do que minhas irmãs com seus maridos. Não é nem a beleza, nem a inteligência do marido que faz a mulher feliz, são a bondade do caráter e a virtude, e a Fera possui todas essas boas qualidades. Não sinto amor por ela, mas estima amizade e reconhecimento. Vamos, não posso faze-la infeliz! Eu me culparia a vida inteira pela minha ingratidão”.

Madame de Beaumont escreveu um conto mais curto, sem muitos detalhes, mas que tem a essência da história de Bela. Já Madame de Villeneuve narra a história com mais delicadeza, apresentando detalhes sobre o passado de Bela, como a Fera se transformou em um monstro, e também insere algo mais mágico no enredo, como a presença de fadas.


As duas versões conseguiram me chamar a atenção, porém, apesar de mais detalhada, eu achei a escrita de Villeneuve mais arrastada, enquanto que a história clássica é bem mais rápida de ler. Ambas, no entanto, possuem suas características marcantes e que podem encantar a todos. Eu realmente gostei muito de conhecer a história que inspirou o desenho, mas neste caso, prefiro muito mais a adaptação, tanto desenho quanto filme. 

A edição da Zahar está um luxo. Em capa dura, com cores fofas e ilustrações incríveis, este é um livro perfeito para colecionar. Apesar de uma linguagem mais rebuscada, a obra é de fácil entendimento, e nos transmite bem a mensagem de que a aparência não é importante, e que pequens gestos de gentileza mudam as pessoas.


A Bela e a Fera é um livro fantástico, porém, não possui tanto romantismo quanto nas histórias de hoje. Porém, ainda assim eu indico a leitura, é algo tão especial ler uma história de outra época, com outros costumes. A obra apresenta também um pouco da vida das duas autoras, o que tornou a leitura ainda mais encantadora e marcante.

5 comentários:

  1. Olá! Nossa fiquei encantada com esse livro, não conhecia, mas já quero na minha coleção. Amo demais a história da Bela e a Fera (é a minha favorita). Já assisti o filme e o desenho tantas vezes que já perdi a conta. E agora me vejo mais perto da história original, simplesmente demais (fiquei até sem palavras).

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  2. Olá!
    Eu já tinha escutado esse versão da A bela e a fera, mas ainda fico em dúvida em qual é a verdadeira. O livro é muito fofo e me deixou bem apaixonada e querendo ler!

    Meu blog:
    Tempos Literários

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  3. Oi Andressa!
    Adro o conto original de "A bela e a fera", mas claro que para mim o romance existente na história é essencial, apesar disso, adoraria saber mais sobre a Fera, e como ela se tornou esse monstro. O original talvez seja uma leitura mais rápida porque já o conhecemos... Achei essa edição muito bonita.
    Beijos

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  4. Andressa!
    São tantas adaptações da história original de A Bela e a Fera que por vezes fico meia perdida, mas como é o conto de fadas que mais gosto, quero poder ler todas que saem.
    Essa apesar de menos romântica e um tantinho mais arrastada, ainda assim como falou, indica para leitura e é o que farei.
    “Eu escolho um homem que não duvide de minha coragem, que não me acredite inocente, que tenha a coragem de me tratar como uma mulher.” (Anaïs Nin)
    cheirinhos
    Rudy

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  5. A bela e a fera sempre foi minha história preferida. E eu sempre amei a todas as versões, pois para mim sempre era uma novidade. Amo as ilustrações dos contos, e vejo que vou ler essa história mais uma vez.

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