quarta-feira, 13 de setembro de 2017

[Resenha] Guerra do velho

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Autor: John Scalzi
Páginas: 368
Editora: Aleph
Série: Guerra do velho, 1
A humanidade finalmente chegou à era das viagens interestelares. A má notícia é que há poucos planetas habitáveis disponíveis – e muitos alienígenas lutando por eles. Para proteger a Terra e também conquistar novos territórios, a raça humana conta com tecnologias inovadoras e com a habilidade e a disposição das FCD - Forças Coloniais de Defesa. Mas, para se alistar, é necessário ter mais de 75 anos. John Perry vai aceitar esse desafio, e ele tem apenas uma vaga ideia do que pode esperar.






Uma aventura militar baseada na obra Tropas Estelares do Robert A. Heinlein, que segue o mesmo ritmo e possui uma dinâmica parecida, mas a diferença na obra do John Scalzi está na modernização da narrativa, na forma de contar história, que tem a ver mais com a época e realidade do autor, pois com um jeito direto e com maior profundidade nas relações humanas, o livro consegue entregar maior entrosamento e conexão humana, algo que faltou no livro do Heinlei. As obras ficam praticamente no mesmo nível de crítica social e apontamentos sobre a humanidade, mas ainda considero o livro do Heinlein superior nesse quesito, pois as explicações do motivo do alistamento e as aulas no treinamento têm maior destaque. 

Em Guerra do Velho o protagonista John Perry está de luto há 9 anos pela morte da esposa, mas juntos eles haviam se alistado nas Forças Coloniais de Defesa - uma ordem de soldados que ao completar 75 anos faz sua parte em defender o planeta Terra de povos de outros planetas e ajuda os humanos que não possuem vez aqui na Terra (geralmente países mais populosos, com alto nível de subdesenvolvimento) a colonizar outros planetas.

O problema foi que com a morte dela, ele precisou ir sozinho para o alistamento, e ele não tem ideia - assim como ninguém da Terra - de como é ser um soldado com 75 anos. Alguma coisa eles devem fazer, assim ele pensa, para recuperar a carcaça velha e assim ser útil para servir aos planos das Forças Coloniais de Defesa. E essa é a esperança da maioria que se alista, já pensando em ser jovem de novo e aproveitar alguns anos sendo útil de alguma forma.


O livro é divido em 3 partes: a primeira sendo o momento da decisão de John no alistamento; a descoberta das tecnologias e todo mistério que fica em suspense (na Terra nada é explicado como fica-se jovem de novo); a oportunidade de conhecer novas pessoas e criar vínculos de amizade que darão certo grau de pertencimento e união familiar, em que várias pessoas com 75 anos já haviam perdido. Já na segunda parte ao ser separado dos seus amigos, John é destacado para ser treinado por um cara muito durão, o que lembra muito e faz uma referência bem clara ao mesmo estereótipo de personagem que apareceu em Tropas Estelares (aliás, uma certa cena, foi praticamente idêntica). Seguindo ainda nessa segunda parte, John é treinado e tem todo seu conceito de inferioridade redefinido ao perceber o poder que ele tem ao se tornar um soldado e entender os motivos do alistamento (assim como aconteceu com Johnnie em Tropas Estelares), sendo que aqui ele tem algo além do ser humano, por conta das tecnologias ainda não explicadas na Terra. Terminado seu treinamento, ele começa efetivamente como um soldado das Forças Coloniais de Defesa, e logo no final da segunda parte, o autor joga aquela famosa reviravolta para prender o leitor e deixá-lo pronto para a última parte. E nessa terceira parte - pra mim a mais interessante - John Perry cresce e se transforma como personagem e mais detalhes do enredo são colocados em xeque.

Confesso que o livro não me fisgou por completo, mas foi uma aventura interestelar instigante de acompanhar, com a primeira parte sendo bem feita, com uma introdução plausível, apenas os diálogos por vezes não condiziam com a idade dos personagens; com 75 anos, as pessoas falam diferente, não usam tanta gíria, mas quando eles aproveitam seus novos corpos e novas vidas se iniciam a partir daí, tudo fica mais aceitável e eles voltam a ter a liberdade e vontades de jovens de 25 anos.

Já a segunda parte, cheia de lutas e aprendizados por parte do personagem principal, fica por vezes enfadonha ao acompanhar um personagem desmotivado por conta de não encontrar sentido em tudo que faz.

Chegando na terceira e última parte, o autor dá um foco maior na relação de humanidade e na busca do sentido que seres geneticamente modificados e prontos para luta buscam. É nessa parte que o autor dá mais atenção à antiga vida do John e faz ele e outros personagens se conectarem e se unirem em prol de um objetivo.

O segundo livro dessa série (que já possui mais de seis livros lançados lá fora), será lançado agora em setembro no Brasil, portanto uma boa oportunidade para ler Guerra do Velho, que se propõe a ser uma aventura militar cheia de lutas, questionamentos e no final até um sentimentalismo que eu não esperava (achei até fofinho, sabe? rs).

Se você quer descobrir o que John Perry descobriu ao se alistar aos 75 anos de idade e viajar junto com ele através de saltos no tempo do universo, faça sua parte e aliste-se você também.

10 comentários:

  1. O que mais gosto nos livros é isso: a capacidade do autor em criar novos mundos.
    Fiquei espantada ao me deparar com um senhor de 75 anos se alistando, ao mesmo tempo isso foi o que mais me interessou para uma possível leitura (apesar de não ser meu gênero preferido); mas o fato dele ser geneticamente modificado me desanimou. Imaginava um senhor na guerra, lutando e mostrando que a idade não nos define. E na literatura tudo é possível né...
    Mas pra quem curte aventura, essa é uma ótima indicação; além de ser diferente de muitos livros por aí.

    Beijos

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  2. Olá,para ser bem franca,não sou muito ligada em livros ou filmes do gênero.
    Já tentei ler alguns, mas simplesmente não consigo.
    Achei legal os questionamentos sobre a sociedade e de como seria ter a vida transformada e o corpo jovem novamente... Mas mesmo assim sei que não conseguiria chegar ao fim do livro.
    E olha que sou bem curiosa!

    Bem,mas para quem curte ,é uma dica perfeita de leitura! ;)


    Bjs.

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  3. Desde quando lançou este livro eu estava curiosa para ler, mas vi resenhas positivas e negativas, o que me deixou com mais vontade de conferir a obra.
    O que me desanima um pouco é saber que está serie é longa e possui mais de seis livros.

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  4. Aventura militar com certeza não e meu gênero, não curto muito livros de guerra, sempre acabo ficando perdida no meio da narrativa e perco o interesse; a única coisa que me interessou nesse livro foi o fato das pessoas aos 75 anos se alistarem, fiquei curiosa para ver como será isso e o que eles fazem para conseguirem lutar.
    Beijos!

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  5. Oi, Dandra!
    É bem curiosa a premissa desse livro, mas justamente por isso deve resguardar um enredo bem interessante e instigante em alguns momentos por trás do gênero de ficção. Não é um tipo de livro que costuma me chamar a atenção, então ainda que fique curiosa com isso de ser convocado aos 75 anos e então voltando a ter um corpo jovem de 25 no processo, os detalhes que você citou sobre a segunda parte mais enfadonha (inclusive para o personagem, pensando bem, quem sabe não foi intencional? rsrs) e o fato do livro não ter conseguido te prender tanto já me fazem perceber que não iria passar das 50 páginas iniciais, então nem vou tentar - ainda mais com seis livros por vir, no total que já saiu da série lá fora, minha nossa, tenho stand-alones demais para ler já, rsrs -, mas valeu a dica mesmo assim. Resenha incrível, como sempre. ;)
    Beijos!

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  6. Dandra!
    Adoro ficção científica, ainda mais quando vem com outros planetas, porque mostra que não somos únicos nessa imensidão toda das galáxias.
    E confesso que fiquei bem intrigada por ver que as pessoas recrutadas tem mais de 75 anos. Como fazer uma guerra com pessoas idosas? Uma curiosidade imensa se formou na minha cabeça e quero ler para poder descobrir.
    Desejo um final de semana maravilhoso!!
    “O primeiro passo para a cura é saber qual é a doença.” (Provérbio Latino)
    Cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA DE SETEMBRO 3 livros, 3 ganhadores, participem.

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  7. Oi.
    Achei a premissa do livro bem interessante entretanto eu não sei se esse é um livro para mim, eu não curto muito essa vibe de ficção científica nem nada do gênero.
    Porém ainda assim bateu aquela curiosidade, achei uma pena que o livro não te fisgou por completo, mas fico feliz em saber que ainda assim pode desfrutar da obra, gostei dessa capa.
    Bjs.

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  8. Olá!
    Um gênero que não é muito meu forte, mas mostrou uma premissa muito boa. Gostei da trama do livro, o autor mostrou que adultos dessa idade também tem um desejo enorme de ser jovem novamente é isso e muito bom, ainda sim, me pego pensando em como alguém nessa idade tem coragem de enfrentar uma guerra né. Gostei muito e me deixou bem curiosa!

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  9. Oi Dandra,
    Não sou uma leitora voraz de livros desse gênero, mas gosto de como as histórias são criadas. Não tem como negar que o que mais chama atenção nesta trama são as idades de seus personagens, pois ter idosos sendo recrutados para guerra vai contra tudo o que estamos acostumados em nossa realidade, onde as pessoas mais velhas já não são vistas como capazes fisicamente em diversas áreas na sociedade e poder acompanhar isto do ponto de vista de um dos personagens ajuda a inserir o leitor na trama e compreender este universo criado. Guerra do velho é um livro que, com certeza, trás todos os elementos da ficção cientifica, mas com uma abordagem diferente, o autor não poupou esforços em criar uma história única e cheia de possibilidades!!

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  10. Não me interesso muito pelo livro depois de ler a sinopse e a resenha, mas achei interessante a ideia de criar uma personagem de 75 anos e alistar ele para a guerra.
    Pela resenha achei estranho o fato da personagem usar gírias o tempo todo.
    Não tenho planos de ler esse livro.

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