quinta-feira, 11 de abril de 2019

[Resenha] Garota em pedaços

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Autora: Kathleen Glasgow
Páginas: 384
Editora: Outro Planeta
Além de enfrentar anos de bullying na escola, Charlotte Davis perde o pai e a melhor amiga, precisando então lidar com essa dor e com as consequências do Transtorno do Controle do Impulso - um distúrbio que leva as pessoas a se automutilarem. "Viver não é fácil". Quando o plano de saúde de sua mãe suspende seu tratamento numa clínica psiquiátrica - para onde foi após se cortar até quase ficar sem vida -, Charlotte Davis troca a gelada Minneapolis pela ensolarada Tucson, no Arizona (EUA), na tentativa de superar seus medos e decepções. Apesar do esforço em acertar, nessa nova fase da vida ela acaba se envolvendo com uma série de tipos não muito inspiradores.
Cansada de se alimentar do sofrimento, a jovem se imbui de uma enorme força de vontade e decide viver e não mais sobreviver. Para fugir do círculo vicioso da dor, Charlotte usa seu talento para o desenho e foca em algo produtivo, embarcando de cabeça no mundo das artes. Esse é o caminho que ela traça em busca da cura para as feridas deixadas por suas perdas e os cortes profundos e reais que imprimiu em seu corpo.


Garota em pedaços, da Kathleen Glasgow, foi publicado pelo selo Outro planeta (da Editora Planeta), e foi um soco enorme no estômago. Eu estava procurando algum livro para ler no kindle e quando vi esse título resolvi iniciar a leitura sem nem saber muito sobre o enredo. E, no fim, acabei bastante surpreendida com a obra, que nos mostra algo que é quase um tabu: automutilação. Esse livro nos mostra a realidade de muitos jovens que sofrem calados, e usam a dor para continuar sobrevivendo. 

Essa leitura consegue nos fazer enxergar por um ângulo diferente esse tipo de situação, principalmente depois que sabemos que a própria autora já se mutilou. É muito fácil julgarmos quem se corta, eu mesma em algum momento da minha vida já pensei que as pessoas que faziam isso era para chamar a atenção, mas com o tempo - e graças a livros como esse -, fui percebendo que não é bem assim. Nós nunca vamos saber os conflitos e sentimentos que aquela pessoa está passando, a ponto de que se machucar seja algo que ajude.

Eu me corto porque não consigo lidar com as coisas. É simples assim. O mundo se torna um oceano, o oceano cai em cima de mim, o som da água é ensurdecedor, a água afoga meu coração, meu pânico fica do tamanho do mundo. Preciso de libertação, preciso me machucar mais do que o mundo pode me machucar. Só assim posso me reconfortar.

Charlotte é uma personagem quebrada, que sofreu perdas e tem um relacionamento conturbado com a mãe. Depois de se machucar muito e quase morrer ela vai parar em uma clínica de recuperação, com outras garotas que também se mutilam de alguma forma. Após um tempo neste lugar, seu plano de saúde não pode mais mantê-la na clínica, assim ela precisa recomeçar sua vida sozinha, pois sua mãe mais uma vez não quer estar presente.


A garota quer muito sair do buraco que se enfiou durante tanto tempo. Ela não quer mais essa escuridão e pensamentos negativos, porém, ela percebe que isso não é algo fácil. Principalmente quando você se sente sozinha no mundo, e poucas pessoas realmente querem ajudar. É totalmente angustiante acompanhar sua luta diária para conseguir colocar sua vida no eixo. Essa não é uma história feliz que mostra uma garota se reerguendo a cada dia, pelo contrário, Charlotte cai, desaba, levanta e começa tudo de novo.

Estou tão partida. Não sei onde todas as peças de mim estão, nem como montá-las, nem como fazê-las se grudarem. Nem se consigo.

Garota em pedaços nos mostra que o mundo é cruel, mas que não precisamos fazer parte disso. Podemos ajudar outras pessoas, até mesmo com uma palavra amigável, que poderá animar o dia de alguém. Essa leitura é extremamente necessária, e todos realmente deveriam ler. A autora traz de forma delicada, mas ao mesmo tempo profunda e impactante, algo que é realmente importante, e que deve ser levado a sério. 

9 comentários:

  1. Oieee.
    eu quero muito ler esse livro, pelo fato da aurora explorar esse mundo de mutilação, as pessoas julgam quem faz isso. Tenho uma amiga que por anos se cortava para tirar a dor da mente dela.
    Com certeza é um livro forte que todos deveríamos ler

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  2. Oi! Gostei e quero ler. Acho muito válido essa onda de escrever sobre esses problemas que estão sendo tão comuns entre nós. Nunca passei por isso, mas entender e conhecer um pouquinho sobre o assunto pode ajudar alguém, não é? Depressão é uma doença e as pessoas precisam tomar consciência disso. Só porque não dá pra ver sintomas físicos como uma gripe não significa que não esteja lá. A capa ficou bem honesta, né?

    Bjoxx ~ Aline ~ www.stalker-literaria.com ♥

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  3. Oi, Andressa
    Esse livro parece ser bem pesado mesmo. Não sabia desse lance da autora já ter se auto mutilado... muita barra.
    Beijos
    Balaio de Babados

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  4. Realmente o assunto tratado no livro é um tabu, então imagino o soco doido que foi essa leitura e deve ser justamente por entender Charlotte, o que faz com que queira muito ler esse livro. Realmente o mundo é cruel e por isso quero muito conhecer a história dessa personagem tão parecida com tantas de nós. Obrigada pela dica.

    Abraços.

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  5. Oi Andressa!
    A carga emocional desse livro deve ser bem pesada, gosto muito de ler sobre histórias assim, pois acho que aprendo várias coisas e sinto muito emotiva em elação a isso, apesar de que outros pensam isso é uma realidade onde muitos se escondem principalmente jovens. Parabéns pela resenha fiquei curiosa em saber mais da personagem Charlotte e sua luta diária em relação a essa doença. Bjs!

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  6. Oi, esse é um livro que tenho vontade de ler, acho muito bacana o fato de ele falar sobre um tema que é muito tabu e fazer com que o leitor entenda melhor o que ele realmente é.

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  7. Eu gosto bastante do gênero e esse livro tem uma premissa que me agrada bastante. Adorei ver a sua resenha e fiquei ainda mais curiosa com a leitura, espero poder ler em breve e estou com altas expectativas com ele.

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  8. Oi, Andressa! Nossa, nunca tinha lido a respeito desse livro. Bom saber que a autora soube tratar o assunto de forma não superficial e coerente, fiquei muito interessada. Nunca tinha parado realmente pra pensar sobre o motivo para as pessoas se mutilarem, embora já tenha conhecido algumas por breves momentos.
    Bjos
    Lucy - Por essas páginas

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  9. Olá, tudo bom?
    Já vi essa capa diversas vezes por aí, mas não sabia que a temática abordada eram as automutilações. Achei muito interessante a abordagem da autora, a forma como ela usa sua experiência pessoal para mostrar as motivações das pessoas que o fazem, seus receios, suas dores. Gostei muito da sua resenha e já anotei a dica para uma futura leitura.
    Beijos!

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