[Resenha] A filha do rei do pântano

Autora: Karen Dionne
Páginas: 288
Editora: Verus / Tag Inéditos
Helena tem um segredo: ela é o fruto de um sequestro. Sua mãe foi raptada quando ainda era adolescente e mantida em uma casa escondida no pântano de Michigan. Nascida dois anos depois do sequestro, Helena aprendeu a amar sua infância fora do comum - e aprendeu, até mesmo, a amar seu pai, um homem selvagem e brutal. Quando ele escapa da prisão, ela precisa encarar o passado que ocultou tão habilmente do marido e das filhas. Em uma caçada de tirar o fôlego, ela faz de tudo para encontrar seu pai enquanto reexamina os episódios da infância que moldaram seu futuro.

A filha do rei do pântano, da Karen Dionne, é o livro de outubro da Tag inéditos (que será publicado pela Verus). Logo que eu vi esse título e capa eu fiquei extremamente empolgada para ler, mesmo sem saber sobre o que se tratava a história. E, começar a leitura no escuro não foi nem um pouco decepcionante, me vi totalmente envolvida nessa trama, um thriller psicológico bastante sombrio e profundo. 

Coisas ruins acontecem. Aviões caem, trens descarrilam, pessoas morrem em enchentes, terremotos e tornados. Motos de neve se perdem. Cachorros levam tiros. E meninas são raptadas.

A mãe de Helena foi sequestrada quanto tinha apenas quinze anos, por um homem mais velho, que a levou para o pântano. Ela engravidou e teve Helena dois anos após o sequestro. A garota sempre amou o pai, que apesar de um pouco bruto, a ensinou coisas incríveis como pescar, caçar e sobreviver no pântano. Helena sempre soube aquilo que seu pai lhe contava, e outras coisas ela lia em revistas. Seu mundinho sempre foi minúsculo, sem outras pessoas por perto. Porém, a garota amava essa vida e sua relação com o pai. A mãe sempre foi distante dela, que nunca entendeu o motivo, mas ela tinha todo o amor que precisava do pai.

Até o dia em que ela descobre que seu pai não é um homem tão bom assim. Ela finalmente descobriu o que aconteceu com sua mãe. Helena consegue salvar as duas, e colocar o pai na prisão. Jogada na vida real, ela se vê desesperada por não saber como se comportar. Tudo o que ela sabe é destroçar uma caça, atirar e coisas que não são vistas com bons olhos pelos outros. Todas a vêem como uma menina selvagem. E no fundo ela sente falta da sua vida anterior.

Anos depois Helena consegue deixar seu passado para trás. Ela trocou de nome, está casada e tem duas filhas incríveis, mas que não sabem da sua história. Quando o pai dela foge da prisão está na hora de revelar a verdade ao marido. Ainda mais por ela desconfiar que o pai pode tentar encontrá-la. E, a única forma de manter a família segura é ir atrás do Rei do Pântano, como seu pai ficou conhecido. E, ela é a única que sabe como encontrá-lo. É iniciada uma caçada onde todas as lembranças de sua infância ressurgem.

A narrativa é feita por Helena, entre o passado e o presente, e é muito difícil suportar tudo o que ela passou. Sua mãe era agredida quando o pai não gostava de algo, e a menina mesmo teve que passar por alguns castigos de doer o coração, porém, como ela só conhecia esse mundinho, sempre achou normal e que era a forma do pai mostrar seu amor. E isso torna tudo muito pior. Uma criança ver tanta maldade e não dar bola. Sua admiração pelo pai sempre foi maior.

Helena é uma personagem forte, que apesar do ambiente em que cresceu conseguiu descobrir com o tempo o certo e o errado, e a partir disso fez suas próprias escolhas. Essa é uma leitura intensa e envolvente. Gostei bastante da história, que tem um clima de suspense na parte da caçada, porém, as cenas do sequestro e o que a mãe de Helena passou durante esse tempo são extremamente angustiantes. Recomendo a obra!