sexta-feira, 7 de setembro de 2018

[Resenha] Homem-objeto e outras coisas sobre ser mulher

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Autora: Tati Bernardi
Páginas: 256
Editora: Companhia das Letras
Reunião das melhores cronicas de uma das mais irreverentes escritoras contemporâneas. Desde que começou a escrever semanalmente para a Folha de S.Paulo, em 2013, Tati Bernardi não parou de conquistar leitores. Com sua prosa hilariante de inteligencia frenética, ela se tornou uma das principais criticas dos costumes da classe media meio intelectual, meio de esquerda usando aqui a expressão cunhada por Antonio Prata, autor da mesma geração. Homem-objeto reúne seus melhores textos e traz uma cronica inédita, Meu marido joga videogame , que retrata um dos temas que se sobressaem no conjunto, não apenas pela recorrência, mas pela originalidade e destemor com que e tratado: a experiencia de ser mulher no mundo contemporâneo. Tati diverte como poucos autores, e são muitos os leitores que abaixam o jornal para que a gargalhada possa ecoar como deve. Como dizia um velho filosofo, nos rimos porque doí. Talvez o elemento comum entre suas cronicas sobre constipação, espermograma ou taquicardia seja que todas tratam de sentimentos íntimos e profundos. O resultado, esperado ou não, e uma surpreendente dose de poesia. Tati Bernardi consegue transformar suas idiossincrasias cotidianas em literatura, numa mistura hilariante de desespero e humanidade. Ela seria cômica, se não fosse trágica. 


Admito que escolhi esse livro com um certo receio, tenho um histórico de amor e ódio com alguns autores cronistas de jornal. Mas grata surpresa, a autora que para mim era totalmente desconhecida se tornou umas das mais queridas.

Uma das características divertidas do livro é o fato de que não dá pra imaginar para onde vai o texto se baseando no título. É na maioria das vezes uma surpresa e os assuntos são os mais variados possíveis, passa pelo seu medo de Endoscopia, a necessidade das pessoas de questionarem as escolhas alheias, do sexo casual, até a tentativa de superar a raiva com o marido que adora o vídeo-game, como exemplificado no trecho abaixo.

Mas, depois de quase cinco anos, que se dane Freud e a ioga: pelo amor de Deus, desliga essa merda ou vou te largar pelo bisavô de alguma amiga. Qualquer espécime masculino que esteja velho demais (ou com pouca visão e coordenação motora, sei lá) pra obter algum prazer nessa desgraça. 

E todas as situações familiares que certamente acontecem comigo e com você também são descritas aqui de forma engraçadíssima. É claro que não é possível concordar ou rir de tudo. Ter a mente aberta ajuda, como no texto chamado “Uma puladinha de cerca em vinte anos?” em que autora claramente não vê nada de mais no fato do marido da amiga ter cometido uma única traição em vinte anos de casamento.

Como ele pôde fazer isso COM ELE depois de tanto tempo. Uma puladinha de cerca em vite anos? Por Deus. Falemos a verdade! Primeiro: esse homem te ama. Segundo: o que meia horinha do desejo do outro tem a ver com a gente?

Nesse caso não achei graça, mesmo pessoalmente não mais confiando na instituição do casamento, minhas convicções pessoais ainda me fazem acreditar que casamento se trata de escolha e portanto deve ser respeitado. 

Mas obviamente não é necessário que minhas opiniões coincidam totalmente com todas as ideias da autora para que a leitura do seu livro seja tão prazerosa, e devo admitir que me diverti muito com essa leitura. Super indico!

9 comentários:

  1. Oi Ana!
    Nunca li nada da Tati Bernardi, mas acredito que esse seria um livro legal para ler naqueles momentos de ressaca literária e dar umas boas risadas. Não curti muito a capa, mas quem sabe, se surgir alguma oportunidade rsrs
    Beijo

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  2. O que mais gosto nestas cronitas cujo tema são os nossos costumes, é justamente esta veia comica de mostrar nossos problemas.
    Bjs Rose

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  3. Olá, tudo bem? Passo vendo textos e frases da Tati Bernardi na internet e sempre acho bacanas, mas ainda não conhecia este livro dela. Adorei tua resenha e fiquei com bastante vontade de ler o livro.

    Beijos,
    Duas Livreiras

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  4. Eu amo a Tati, conheci seus escritos ainda na adolescência e obviamente me encontrei naquele monte de textão sobre o amor, acho o modo como ela aborda essas temáticas, bacana demaaais, mas hoje em dia tenho um olhar mais critico, em certos momentos ela dá bola fora, como nesse caso sobre a traição. Não conhecia a obra mas já vou adicionar nos meus desejados.

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  5. Concordo com vc sobre respeitar a escolha do casamento! Acho que não leria o livro, de qualquer forma, não me interessou e não me dou muito bem com a escrita da Autora.

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  6. Olá, tudo bem? Nossa, muito tempo que não leio crônicas ou algo parecido. Não conhecia a autora, mas adorei a sua opinião sobre a traição no casamento. Concordo com você, não acho certo, mas enfim, espero que isso não atrapalhe minha leitura como um todo! Adorei <3
    Beijos,
    http://diariasleituras.blogspot.com.br

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  7. Olá Ana, não conhecia a autora e eu também tenho um pé atrás com antologia de autores cronistas de jornal, mas pelos seus comentários os textos da autora parecem bem divertidos e diversificados *-* Dica anotada.

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  8. 'Nesse caso não achei graça, mesmo pessoalmente não mais confiando na instituição do casamento, minhas convicções pessoais ainda me fazem acreditar que casamento se trata de escolha e portanto deve ser respeitado.' concordo com você, também não tenho boas referências sobre o casamento, mas respeito acima de tudo. De qualquer forma, vou tentar ler o livro.

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  9. Olá!
    Ainda não conhecia o livro, mas a leitura parece ser muito legal com tantos assuntos do cotidiano. Com certeza não dar para ri de tudo, mas sempre é bom trazer uma certa leveza há alguns assuntos.
    Bjim!
    Tammy

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