terça-feira, 30 de maio de 2017

[Resenha] Resistência

|
Autora: Affinity Konar
Páginas: 320
Editora: Fábrica 231
Auschwitz, 1944. As gêmeas Pearl e Stasha têm 12 anos quando desembarcam no campo de concentração nazista na Polônia. à medida que conhecem o horror e têm suas identidades fraturadas pela dor e sofrimento, tentam confortar uma à outra e criam códigos e jogos para se proteger e recuperar parte da infância deixada para trás. Mas quando Pearl desaparece sem deixar pistas, Stasha se recusa a acreditar que a irmã esteja morta e embarca numa jornada desesperada em busca de justiça, paz e de si mesma. Livro notável pelo The New York Times; Livro do Ano pela Amazon e pela Publishers Weekly; indicação de leitura dos principais veículos de imprensa norte-americanos, Resistência narra, com uma voz poderosa e única, a trajetória de duas irmãs lutando pela sobrevivência em um dos períodos mais devastadores da história contemporânea e mostra que há beleza e esperança até diante do caos.

Resistência tem uma capa que pode passar desapercebida, sem revelar tudo o que a trama propõe ao leitor. Porém, não se enganem com ela, essa é uma daquelas histórias que nos despedaça aos poucos, e quando menos percebemos, nossos caquinhos não podem mais ser colados da mesma forma. É uma história que nos muda, e ao mesmo tempo fortalece, para que possamos ser pessoas boas. Affinity Konar escreveu uma obra ambientada na Segunda Guerra Mundial, e como todos os livros com esse tema, independente de ser ficção ou baseado em uma história real, consegue chocar o leitor. Resistência é baseada na história de duas gêmeas que sobreviveram ao holocausto, fazendo com que o leitor encontre uma história delicada, emocionante e real demais. 

Eu gosto bastante desse tipo de leitura, mais real, e que nos apresenta um pouco da nossa História, mesmo que ela seja tão horrível. A obra é narrada por duas crianças, mas nem por isso espere uma leitura leve, sem violência ou algo do tipo. Nem as crianças naquela época foram poupadas, o que torna a leitura ainda mais angustiante. É triste ver a inocência sendo tirada delas. As torturas, psicológicas e físicas. A preocupação com entes queridos, e a dúvida se ainda irão se encontrar novamente.


Narrado em primeira pessoa, os capítulos são alternados entre as irmãs Pearl e Stasha. As duas são levadas para Auschwitz, um local que abriga várias crianças gêmeas e trigêmeas, anões e outras pessoas com alguma "diferença" genética que possa interessar Mengele, também conhecido como Anjo de Morte. As irmãs são idênticas, porém, possuem personalidades muito diferentes uma da outra. Pearl é mais centrada, talentosa, comunicativa e pé no chão, enquanto que Stasha é mais sonhadora, com uma imaginação fértil, e sempre quis ser como a irmã. Quando as duas vão para o "Zoológico", como é chamado o lugar, ambas mudam drasticamente. No decorrer dos meses, Stasha se mostra muito mais ativa, ao contrário de Pearl, que vai murchando.

Quando Stasha cria sua própria identidade, e para de ficar à sombra da irmã, a ligação que as duas tinham acaba diminuindo. Os terrores vivenciados as afastam um pouco. Tantas experiências, mortes e torturas fazem com que ambas criem um mundinho só seu, para onde podem escapar por alguns momentos. Porém, quando certo dia Pearl desaparece, Stasha faz de tudo para descobrir o que aconteceu. Ela não pode aceitar que a irmã tenha morrido. É quando seu desejo de vingança aumenta, e não conseguimos mais ver ela apenas como uma criança. 

"Fomos feitas de uma vez só. Minha irmã gêmea Pearl e eu. Ou, para ser mais precisa, Pearl se formou e eu me inspirei nela. Pearl se esculpiu no útero e eu copiei sua assinatura. Flutuamos oito meses na brancura amniótica, feito um par de luvas rosadas, no ventre da nossa mãe. Eu não era capaz de imaginar qualquer coisa mais grandiosa do que aquele útero que compartilhávamos, mas depois que se formaram os andaimes dos nossos cérebros, e nossos baços ficaram prontos, Pearl quis ver o mundo além de nós. Assim, com a determinação do nascituro, ela se projetou para fora da nossa mãe."

Há vários personagens na trama que deixam a história ainda mais marcante. Tanto aqueles que de algum modo aumentam o sofrimento das irmãs quanto as que as ajudam de alguma forma. Mengele é um personagem bastante presente na trama, e por incrível que pareça, não consegui sentir nada por ele, nem mesmo ódio. Acabamos que por aceitar que existiu, e existe, pessoas maldosas, sem um pingo de compaixão, e só queremos torcer por um final feliz. 

Porém, Resistência não é um livro com um final feliz, independente do ângulo que você olhar. É um livro que te fará sofrer, ter esperanças em alguns momentos, porém, de alguma forma irá te despedaçar e deixar desesperançoso com as pessoas, com o mundo. A obra possui diversos momentos emocionantes, é até difícil escrever uma resenha que consiga efetivamente explicar tudo o que eu senti com a leitura. Que, aliás, é bastante arrastada por conta de toda dor que presenciamos. É difícil ler por muito tempo, é necessário um momento para respirar.

A edição da Rocco está muito bonita e delicada, combinando bastante com as duas protagonistas. Eu amei muito a leitura, mesmo sendo um pouco sofrido acompanhar os sentimentos e dores de cada uma, acho muito válido termos essa experiência através da literatura. Como eu disse antes, é uma história que nos fortalece. E eu recomendo para todos aqueles que gostam do tema, será uma leitura marcante. 

13 comentários:

  1. Oi, Dessa!
    Realmente essa capa não chama tanta atenção e não parece revelar tudo o que, após sua resenha, a leitura parece resguardar de tão intenso e marcante. Ao vê-la primeira vez, aliás, pensei que tratava-se de um autoajuda ou similar, só depois fui saber que era um romance mesmo, e ainda com um tema pesado e sofrido, mas igualmente importante também de se ler que é a Segunda Guerra. Só pela base que você falou sobre o enredo e a situação vivida pelas irmãs e crianças em geral já imagino mesmo que seja uma leitura muito densa e dolorosa, e foi uma ótima ressalva a sua sobre, não importa de que ângulo se olhe, continua sendo uma história triste, porque por mais que o final em si possa ser feliz para as protagonistas, é angustiante saber que, na vida real, tantos não tiveram a mesma sorte e que, de qualquer forma, com ou sem final feliz, os horrores vividos em Auschwitz continuam na história do mundo, na mente de quem passou e teve a chance de sobreviver àquilo. Ainda que eu goste de ler sobre o tema vez ou outra, é uma dica que irei deixar passar porque realmente não aguentaria uma carga dessas, ao menos não por enquanto, mas ainda assim a resenha está incrível, parabéns mais uma vez!
    Beijos!

    ♥ Sâmmy ♥
    ♥ SammySacional.blogspot.com.br ♥
    ♥ DandoUmadeEscritora.blogspot.com.br ♥

    ResponderExcluir
  2. Andressa!
    Não li ainda nenhum livro da época da segunda guerra que traga um final feliz.
    E aqui parece que as atrocidades do médico Mengele se amplificam, fazendo experimentos com gêmeos e trigêmeos.
    Gosto demais dos livros ambientados nessa época e confesso que minha curiosidade em poder acompanhar a caminhada das irmãs e depois o afastamento entre elas, entender o que faziam de experimentos nos campos de concentração e saber como tudo terminou, me deixou instigada para fazer a leitura.
    Desejo uma semana tranquila!
    “Uma pergunta prudente é metade da sabedoria.” (Francis Bacon)
    Cheirinhos
    Rudy

    ResponderExcluir
  3. Oi Andressa, tenho visto muitas resenhas desse livro, que tem uma capa até singela e bonita mas que trás uma história tão triste e terrível. Eu sei que é importante que existam e que possamos ler livros assim, pois fechar os olhos não vai fazer com que as pessoas maldosas deixem de ser maldosas e assim percebo a importância desse livro que trás personagens que realmente existiram, como o Dr. Menguele, e eu ao contrário de você só por ter lido um pouco sobre a história dele criei uma tremenda aversão e acho que não iria conseguir não sentir nada por ele durante a leitura. O livro é triste mas necessário e importante e a resenha tá muito boa.

    ResponderExcluir
  4. Tenho esse livro, e desde quando li a primeira resenha deste livro, e percebi que apesar de ter uma estória bem densa, por causa do sofrimento que as irmãs tende a enfrentar, e como isso e representado tão claramente no decorrer da trama, porém ainda sim consegue nos trazer uma experiência, e o que acaba nos marcando. Imagino que vou envolver e muito com essa leitura, até porque e uma estória triste, e pensar que quantas pessoas já passaram por essa situação, me deixa ainda mais chateada, mas ao mesmo tempo instigada a leitura.

    ResponderExcluir
  5. Olá,
    Quando vi esse livro pensei que seria uma história super linda e maravilhosa, pela capa ser tão delicada mas acabei me enganando. A história desse livro é muito forte, tem um mistério envolvendo nessa duas meninas. Eu realmente amei o livro e quero muito poder comprar para ler.

    ResponderExcluir
  6. Não gostei muito dessa capa, mas nunca devo julgar um livro pela capa. Gosto quando os capitulos são alternados, isso nos permite ver mais dos personagens. Os personagens parecem ótimos, e fiquei feliz em saber que tem momentos emocionantes, mas o que me deixou triste foi saber que não tem um final feliz :( Mesmo assim esse entra para a minha lista. Amei a resenha.

    ResponderExcluir
  7. Com certeza esse é um tema que mexe con qualquer leitor, lidar com as emoções dessa época é dureza. Lembrei do livro O Menino do pijama listrado, que traz crianças também e é tão triste.
    As crianças têm uma forma de contar que nos deixa mais fascinados ainda pela história, porque sabemos que ninguém merecia passar por essa barbárie, ainda mais seres tão inocentes.
    Eu gostei bastante de conhecer esse livro e saber mais um pouco sobre ele, deve ser uma leitura engrandecedora.
    Abraços

    ResponderExcluir
  8. Olá Andressa ;)
    Me interesso muito por livros e filmes com temática da segunda guerra mundial, e já tinham me indicado Resistência.
    Gosto de livro com narração dividida entre pontos de vistas diferentes, e pelo que você disse que é um livro que mistura muitos sentimentos, que nos faz sofrer. Mas as vezes é bom ver esse lado cru da história. Entender o que tantas pessoas passaram...
    Bjos
    PS: acho essa capa muito linda *-*

    ResponderExcluir
  9. Eu achei muito bonita a capa deste livro, e já li diversos comentários positivos referentes a história dele, mas eu não curto ler livros em histórias com a temática da segunda guerra mundial ou de guerras, então por este motivo não me interesso em ler este livro, pois não faz meu estilo de leituras.

    ResponderExcluir
  10. Oi Andressa,
    Resistência é mais que um livro sobre Guerra, acredito que a verdadeira batalha esta na luta de Pearl e Stasha (e de outras crianças) em sobreviver as atrocidades provocadas por Dr. Mengele. A realidade do livro está tanto na ambientação quanto na própria existência do Anjo da Morte, o qual eu não sabia quase nada sobre seus experimentos. Achei interessante a narrativa desta história e em como o leitor é conscientizado sobre tudo o que está acontecendo através de dois pontos de vista diferentes. Mesmo essa temática não sendo uma que estou acostumada, fiquei bem interessada neste livro.

    ResponderExcluir
  11. UAU! Parece ser uma história bem intensa, emocionante e surpreendente mesmo.
    Tudo voltado a Auschwitz me interessa e MUITO, por isso, fiquei super curiosa em relação a essa obra.
    E achei essa capa maravilhosa, chamou demais a minha atenção de leitora rs.
    Já vou colocar na minha listinha de leituras!
    Adorei sua opinião, me fez ter ainda mais vontade de conhecer, profundamente, essa história.
    Ainda mais por ser baseada em fatos reais!
    Beijos,
    Caroline Garcia

    ResponderExcluir
  12. Oi Andressa!
    Achei a capa linda, mas estou num momento de querer historias felizes!! rs
    Acabei de ler "Os 13 porquês" :'(
    Quem sabe mais pra frente dou uma chance pra esse!?
    Adorei a resenha...
    Bjs

    ResponderExcluir
  13. Infelizmente eu não tenho estômago forte. Acho que eu não conseguiria ler esse livro, nem consigo assistir novelas de época sem ficar louca de raiva com as injustiças que não são punidas porque o tempo permite, eu com certeza ficaria muito mal por dias se lesse esse livro, ainda mais por se tratar de uma época tão trágica e narrada pelos olhos de crianças. Enfim, não faz meu estilo de leitura, porém, posso dizer que amei a resenha. Beijos

    ResponderExcluir