quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

[Resenha] Perdão, Leonard Peacock

|
Autor: Matthew Quick
Páginas: 224
Editora: Íntrinseca
Hoje é o aniversário de Leonard Peacock. Também é o dia em que ele saiu de casa com uma arma na mochila. Porque é hoje que ele vai matar o ex-melhor amigo e depois se suicidar com a P-38 que foi do avô, a pistola do Reich. Mas antes ele quer encontrar e se despedir das quatro pessoas mais importantes de sua vida: Walt, o vizinho obcecado por filmes de Humphrey Bogart; Baback, que estuda na mesma escola que ele e é um virtuose do violino; Lauren, a garota cristã de quem ele gosta, e Herr Silverman, o professor que está agora ensinando à turma sobre o Holocausto. Encontro após encontro, conversando com cada uma dessas pessoas, o jovem ao poucos revela seus segredos, mas o relógio não para: até o fim do dia Leonard estará morto. 



Perdão, Leonard Peacock, de Matthew Quick, foi uma leitura extremamente tocante e delicada. Esse é o primeiro livro que eu leio do autor, e foi uma experiência muito boa, apesar de ter temas tão pesados, porém, necessários. A escrita do Matthew é bastante realista, e nos faz pensar que há muitos Leonard Peacock no mundo, só esperando alguém para notá-los. Eu fiquei impactada com tudo o que encontrei no livro, sofri junto com o personagem, e a cada página a frustração só aumentava ao perceber que ninguém ao seu redor conseguia enxergar seu pedido de socorro. 

Leonard Peacock está fazendo aniversário, e esse é o dia em que ele vai matar seu ex-melhor amigo, e em seguida, se suicidar. Ele herdou do avô uma pistola nazista, e vai ser com ela que irá matar Asher. O plano já está todo elaborado na cabeça de Leonard, e até o fim do dia, ele estará morto. Antes, o garoto precisa dar um presente e se despedir de quatro pessoas que foram importantes para ele: Walt, seu vizinho idoso que adora assistir filmes antigos; Lauren, uma garota cristã que ele conheceu na plataforma de trem, e de quem ele gosta bastante, apesar de ela só querer convertê-lo e já ter um namorado; Baback, um garoto de sua escola que toca violino no intervalo. Os dois não são exatamente amigos, Leonard apenas gosta de ficar escutando, a música o acalma, mas eles não conversam, nunca; e Herr Silverman, seu professor de História, que no momento está dando aulas sobre o Holocausto, e é alguém que Leonard admira muito.

A narrativa é feita por Leonard em primeira pessoa, o que deixa o leitor muito próximo de seus sentimentos e angústias. Descobrimos que ele é um garoto depressivo e que constantemente sofre bullying. E é ignorado por quase todo mundo, inclusive a mãe que está sempre viajando a trabalho. Porém, além disso tudo, ele passou por alguma situação traumática, algo que foi um gatilho para sua depressão, e que posteriormente veio a ser o motivo para ele tomar uma decisão tão drástica.


Eu fiquei extremamente chateada com tantas pessoas não notando seu desespero. Leonard é um personagem sarcástico, e que consegue colocar uma máscara de serenidade, mas foi extremamente negligenciado pela primeira pessoa que deveria protegê-lo: sua mãe. É incrível, e assustador, o quanto os pais são importantes na vida de uma criança/adolescente. Talvez se a mãe de Leonard fosse mais presente, nada disso estaria acontecendo. A cada presente que Leonard entregava seu pensamento era "se alguém me desejar feliz aniversário eu não vou me matar", porém, ninguém sabia sobre seu aniversário, e muito menos sua mãe se lembrou. E quando você pensa que essas pessoas perceberam que tinha algo errado com Leonard, ninguém realmente se esforça para fazer algo. 

Perdão, Leonard Peacock é um livro que mexe com o nosso psicológico. Ao mesmo tempo que sabemos que o que Leonard quer fazer é errado, conseguimos entender seus motivos. O limite dele estourou, e só o que resta é a raiva e vontade de terminar com tudo. Essa é uma leitura que nos faz refletir bastante sobre como devemos tratar as pessoas ao nosso redor; e que até mesmo uma palavra gentil pode melhor o dia de quem precisa de ajuda. 

Esse é um livro que todos deveriam ler. Matthew trata de assuntos como bullying, suicídio e depressão de forma bastante delicada, e nos traz situações para refletir. Minha única ressalva é para o final que ficou totalmente em aberto. Eu achei o desfecho pouco construído em meio a tantos assuntos importantes, e eu realmente odeio ter que adivinhar o que acontece com o personagem nesse tipo de final. Mas, no geral é uma leitura muito boa, fluída, e com um personagem que dá vontade de colocar em um potinho e proteger. Recomendo!

4 comentários:

  1. Oi, tudo bem?
    Eu sempre tive vontade de ler esse livro, e sua resenha só me fez ter ainda mais desejo em realizar ainda mais rapido essa leitura. Adoro livros que abordam esse tipo de tema e sempre ouvi maravilhas tanto sobre este livro, quanto sobre a escrita do autor. Espero poder ler o livro em breve e adorar ele tanto quanto você...

    Bjos...

    ResponderExcluir
  2. Oi, Andressa!
    Ai esse livro! Também foi o meu primeiro contato com a forma de narrar do Matthew Quick e fiquei surpresa com a força da narrativa. Ele consegue mostrar de forma tão clara e sensível os temas que trata na trama que é praticamente impossível não sentir o que o personagem está sentindo. Foi, realmente, uma leitura impactante.
    Beijos!

    ResponderExcluir
  3. Ola Andress, após ler sua resenha e sentir como o livro aborda temas de suma importância e comove o leitor já coloquei o livro na lista de leitura. Existem temas que precisam ser debatidos para chegar a todos. Acredito que a indignação sua ao ninguém notar algo no protagonista é real a muitas pessoas. Ainda não conheço a escrita do autor e pretendo começar com este livro. beijos

    Joyce
    Livros Encantos

    ResponderExcluir
  4. Eu sou muito fã do Matthew Quick e acho que esse livro aqui é o meu favorito porque eu fiquei envolvida no enredo e ao mesmo tempo, morrendo de medo que o pior acontecesse. Adorei sua resenha e mega concordo com você sobre a necessidade de todo mundo ler essa história.
    Beijos

    ResponderExcluir